O céu estava estrelado aquela noite, e Kösem sentia-se feliz, o sultão havia lhe permitido ver Selim, mas não só isso havia repreendido a valide sultana por passar por cima de suas ordens. Saber que Ahmet estava ao seu lado lhe dava uma sensação de poder que enchia seu coração de alegria, queria que aquele momento fosse eterno, ele acariciando sua barriga que começava a dar sinais de sua gravidez.
— Queria permanecer aqui para sempre, com você e nosso filho. — disse enquanto se entregava ainda mais as caricias de Ahmet.
Ele beijou sua fronte, e abraçou ainda mais.
— O coração desde humilde servo anseia a cada dia pelo toque delicado da curva de teus lábios rosados e pela mirada das estrelas que são teus olhos. Sem ti, o inverno cruel toma conta deste pobre ser que só floresce com a presença de tuas flores tão raras. — Ahmet recitou aquele estrofe e Kösem o olhou com um sorriso no rosto.
— Escreveu para mim?
— Sim, sultana do meu coração, você é a luz que me guia na escuridão deste mundo. É meu único amor.
Kösem sorriu.
Os lábios de Ahmet selaram os dela com o calor de sua paixão, e a sultana se entregou aquele toque carinhoso, mas ela logo se afastou do sultão, com as batidas na porta e um ağa entrou.
— Majestade, a valide sultana está aqui. — o ağa disse e o semblante de Ahmet mudou, um que era cheio de paixão e fulgor, foi para algo mais severo e tenebroso.
Kösem franziu o cenho, queria saber o que estava se passando na mente do sultão, mas ela nem mesmo teve a oportunidade de ficar para descobri, pois ele a mandou de volta para seus aposentos.
O sultão ficou sozinho com sua mãe. A valide sultana tinha uma expressão tranquila no rosto, mas Ahmet continuava com um olhar severo. Este sentou-se em seu divã dentro de seu quarto e encarou sua mãe ficou em silêncio por alguns instantes, antes de lhe perguntar:
— Não quer me explicar nada, sultana? — Ahmet tinha uma voz fria, que normalmente usava ao falar com algum réu. Ele assentiu em silêncio diante da negação de sua mãe, e tirou um papel enrolado de dentro de uma caixa vermelha. Entregou a mulher que se fez de desentendida. — Quer que eu diga o que está escrito nesta carta?
A valide desenrolou o papel, e seu rosto ficou endurecido com uma expressão de medo. Até mesmo suas mãos tremeram um pouco, olhou para o sultão que continuava lhe olhando com aquele olhar de acusação.
— Quem pensa que é para se intrometer com os assuntos do império? Eu sou o sultão, é meu dever fazer isto. E quanto a você, sultana, sua única obrigação é cuidar do harém. Se eu souber que tornou a se envolver nesses assuntos, eu irei lhe dar a punição que merece.
— Ahmet...
Ele ergueu a mão para que ela se calasse.
— Agradece a Alá, porque sou seu filho e ainda lhe respeito como minha mãe, mas se eu souber que não só se envolveu com assuntos império, como também tentou machucar a Kösem, irei mandá-la para o velho palácio para sempre. Agora vá.
A valide respirou fundo, estava nitidamente com raiva, mas confrontar o sultão não seria uma das melhores opções. Antes que pudesse sair, parou perto da porta e olhou para seu filho.
— Está enfeitiçado por esta mulher. Que Alá proteja teu sultanato daquela serpente.
Ahmet levantou e a encarou furioso.
— Cuida bem do que fala, sultana.
— Igual que você, majestade. — Ela bateu na porta e os ağas abriram.
Ahmet sentou-se novamente, e apoiou a cabeça em suas mãos. Deslizou os dedos pela cabeça, e voltou sua atenção para Halil paxá que havia acabado de entrar.
— Espero não estar incomodando, majestade.
Ahmet assentiu em silêncio.
— Paxá, tenho um assunto muito sério a discutir com você. Espero que não esteja com muita pressa.
___________¥Curiosidades¥___________
Çandarlı Kara Halil Hayreddin Paxá foi o primeiro Grão-Vizir do sultanato de Murad I. Ele também foi tecnicamente o primeiro na história otomana a ocupar o título de " grão-vizir " (embora vários antes dele tivessem cargos equivalentes, mas com nomes diferentes), o primeiro a ter formação militar, e o primeiro membro da ilustre família Çandarlı a ocupar um cargo elevado. Sua família marcaria a ascensão do Império Otomano entre 1360 e 1450.
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A Sultana
Historical FictionUm mundo perigoso, em um harém tudo que se respira é traição. Todas desejam a mesma coisa, ser a mãe de um príncipe e assim conseguir se estabelecer como uma sultana, mas ser apenas mãe dos filhos do sultão, não parecia ser o suficiente. Ela não qu...