A Sultana

XXXIX

Os dias, se transformam em semanas, semanas em meses, e, meses em anos. Kösem via não apenas Mehmed e Osman se tornarem homens, como suas filhas ficarem cada vez mais belas, e não era apenas isso, havia dado a luz a mais um príncipe, Mustafá, em homenagem ao irmão falecido de Ahmet. Era um menino muito travesso e inteligente, gostava de estar sempre com seus filhos, mesmo Selim que havia adotado em seu coração. Ele crescia rápido e a cada dia que passava ia se parecendo cada vez mais com seu pai, mas todas as vezes que Kösem olhavam em seus olhos era Saliha quem lhe vinha a mente. O menino tinha a mesma mirava da sultana esquecida no palácio das lágrimas, algumas vezes o levava para visistá-la, mas a cada vez ele parecia mais distante de Kösem e isso deixava a sultana preocupada.

E não era só no harém que as coisas estavam tensas, com a valide sultana e Safiye tentando a todo custo tirar o Kösem do lugar que havia conquistado como a favorita do sultão; além disso, agora tinha os janízaros revoltados querendo partir para uma nova conquista. Já havia sete anos desde que Ahmet saira para conquistar Rhodas, e agora eles estavam inquietos querendo mais.

— Ahmet, a cada dia que passa os janízaros fazem ainda mais estragos. — Kösem disse, Halil paxá estava ao seu lado, ambos tentavam convencer ao sultão de tomar alguma medida antes que piorasse ainda mais. — Reúna todos e lhes faça entender que você é o sultão, eles devem cumprir sua vontade, e não você a deles.

— Sultana, creio que não será assim tão fácil. Os janízaros são soldados, e a paz os deixa inquietos. — Kassim disse, e ele tinha razão.

Uma nova campanha seria o mais apropriado, mas os culpados por incitarem a um motim continuariam impune e a balança de poder iria mudar de lado. Eles poderiam deixar de ver Ahmet como a figura de poder ali.

— A sultana tem razão, Kassim paxá. — Halil disse, olhando para o mais novo membro do concelho. — Os janízaros devem ser lembrados de quem decide quando haverá uma batalha é nosso sultão.

Os três se olharam, e depois olharam para o sultão de pé com as mãos apoiadas no mármore, fitando a baía.

— Deixem-me sozinho.

Os três fizeram uma reverência para sair, mas Ahmet virou seu rosto um pouco.

— Você fica, Kösem.

Os demais saíram, e a sultana observou em silêncio as costas de Ahmet. Ela sabia que um turbilhão de pensamentos se passava em sua cabeça o que significava que ele precisava de um descanso.

Ele virou-se para ela e a encarou com seriedade. Kösem aproximou-se dele e tocou em seu rosto, passando os dedos por seus fios castanhos. Dava para ver que ele não estava nada bem, estava pálido demais.

— Ahmet, está passando algo? Está pálido, e com febre alta. — Kösem apalpou seu rosto preocupada. — Ahmet, o chamou, mas este caiu.

Ela tentou segurá-lo, mas Ahmet era pesado demais. Consegui apenas evitar que batesse sua cabeça.

— Ağas! Chamem a um médico, rápido! — gritou, e os guardas da porta entraram. — Rápido, chamem um médico.

As lágrimas começaram a descer pelas bochechas da sultana, que não parava de chamar seu nome. Kassim entrou rápido no lugar e ajudou a colocar o sultão na cama, não saiu do lado do sultão e nem mesmo Kösem o deixou. O médico o revisou, e este tinha uma expressão mórbida no rosto.

— O que tem nosso sultão? — Kösem perguntou, e o médico parecia procurar as melhores palavras.

— Sultana, creio que é melhor isolar sua majestade, ele esta com a praga.

As palavras atingiram em cheio o coração de Kösem que mirou o rosto de Ahmet. Kassim paxá a ajudou a sair do quarto, sabia que era perigoso, mas Kösem parou na porta, e voltou para perto de Ahmet.

— Não vou deixá-lo. Ficarei ao lado do meu sultão, ele vai melhorar. — disse com sorriso no rosto enquanto as lágrimas caiam. — Ahmet, tem que melhorar. Não quero perdê-lo.

___________¥Curiosidades¥___________

A Marinha Otomana foi a força naval do Império Otomano desde o século XIV até sua dissolução em 1923. Ela foi estabelecida em 1323 quando os otomanos expandiram-se para o mar com a captura da cidade de Karamürsel, que acabou se tornando o local do primeiro estaleiro otomano e o núcleo da marinha.
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