XXV

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O tempo voava como nenhum outro, e Kösem estava nas nuvens com a chegada de outro príncipe. Estava exausta do parto, mas não conseguia segurar as lágrimas diante da emoção de ter seu pequeno şehzade em seus braços, ela era robusto, e tinha muita força, puxava o cabelo de Kösem enquanto ela o ninava em seus braços. Muitas pessoas estavam no quarto, a valide sultana estava emocionada com a chegada de um novo şehzade.

— É muito afortunada, Kösem. É um lindo şehzade. Que Alá o proteja de toda inveja e mal-olhado. — Râbi'a disse com um enorme sorriso no rosto.

Kösem sorriu, ter seu filho nos braços, o parto lhe fazia esquecer de qualquer problema que pudesse ter com a valide. Naquele momento, só lhe importava ter aquela dádiva de Alá.

Quando Ahmet entrou, o sorriso em seu rosto era largo e quase não cabia em seu rosto. Seus olhos estavam um tanto marejados pela emoção de poder ter mais um filho. Pegou o bebê e o ninou em seus braços.

— Seu nome é Osman. Osman. Osman. Seu nome é Osman. Osman. Osman. Seu nome é Osman. Osman. Osman. — sussurrou para o bebê que riu, fazendo Ahmet se emocionar.

Sentou-se ao lado de Kösem, e a olhou feliz pelo presente que recebia. Entregou o bebê para ela, e os observou.



Os dias após o parto passaram rápido, Kösem dedicava-se a seus filhos, e também aos seus planos para tirar Râbi'a de seu caminho, havia conseguido colocar o sultão contra ela, mas não era o suficiente. O harém estava estabilizado, de alguma maneira a sultana havia conseguido dinheiro para pagar as jovens, atrasando parte de seus planos, e não era apenas isso, mulheres visitavam os aposentos do sultão todas as noites, felizmente ele as rejeitava.

— Sultana, estas são as novas escravas que trouxeram para o harém. — Nurhan disse olhando para as meninas que estavam enfileiradas ao lado da porta do harém.

Afife e Nilüfer escolhiam as garotas mais bonitas, e isso deixou Kösem com uma certa pulga atrás da orelha, as duas era servas leais a valide e mesmo que fosse o trabalho delas escolher as escravas do harém, elas também selecionavam as mais belas para que fossem aos aposentos do sultão por ordem da valide sultana.

Kösem respirou fundo. E encarou a uma menina de cabelos castanhos e lábios carnudos. Diferente das outras aquela estava limpa e bem vestida, e pelo seu olhar estava ali por escolha, o que deixou a sultana apreensiva.

— Quem é a jovem de cabelos castanhos? A que está bem vestida. — não desviou o olhar dela nem por um segundo, Kösem podia enxergar a serpente que aquela jovem era e que de uma certa maneira, até se parecia consigo mesma.

— Seu nome é Mahfiruz, é um presente de Ibrahim paxá. Dizem que ela foi treinada pela própria esposa de Ibrahim paxá. — Gül ağa respondeu, e Kösem olhou em sua direção censurando-o com o olhar pelo modo entusiasmado como havia falado. — Desculpe, sultana.

Ela suspirou, e virou-se para caminhar, desceu as escadas até a entrada do harém, e olhou para as jovens.

— Atenção, a sultana Kösem está aqui! — Gül ağa gritou, alertando todo o harém.

Todos se ajeitaram e fizeram uma reverência. Kösem parou perto de Afife, e olhou para as jovens com um sorriso de falsa gentileza no rosto, por ela, todas as meninas estaria expulsas do palácio, mas não tinha poder o suficiente para fazer isso. Juntou as mãos em frente ao corpo e olhou uma por uma.

— Sultana. — Afife disse enquanto fazia uma reverência. — Algum problema, sultana?

Kösem deu de ombros.

— Nenhum, Afife hatun, só estou vendo as jovens. São todas muito... muito bonitas. Cuide bem delas, agora são responsabilidade do harém, não é mesmo? — olhou para Afife com um sorriso. — Sei que a senhora é a única capaz de manter este harém em uma ordem tão impecável.

— Ah, sultana, suas palavras são muito gentis. — a mulher disse com um sorriso no rosto, orgulhosa de ser reconhecida.

— Continue seu trabalho, Afife. Não quero ser a pessoa que vá lhe atrapalhar neste trabalho. — o tom amável disfarçou a ameaça para as demais, mas Afife entendeu bem o que a sultana queria dizer.

Kösem continuou a caminhar, não queria chegar atrasada até o sultão. Ele havia pedido sua presença no jardim, e ela foi, junto com Mehmed. Meleksima segurava o menino que estava ficando maior conforme os meses passavam.

Uma tenda havia sido posta, no jardim, e debaixo dela estava Ahmet, sentado em seu trono enquanto observava Selim treinar com Kassim sua esgrima.

— Majestade. — Kösem disse fazendo uma reverência, e logo sorriu para o sultão que a olhou contente.

Esta sentou-se em um banco menor ao lado do trono, Ahmet voltou sua atenção para os dois e gritou algo sobre a postura de Selim. A sultana observou também aquele duelo, por um instante sentiu inveja de Selim, por ele poder treinar com espadas, mas logo afastou esses pensamentos ao ver o sultão pegar Mehmed e o colocar sentado ao seu lado no trono.

— Meu querido filho. — disse com um sorriso.

Era reconfortante ver o amor que Ahmet tinha pelo seu filho. Mehmed era sem duvidas o favorito do sultão, e isso a deixava feliz de muitas formas. Não desejava ver seus filhos mortos, e era nesta parte em que tinha uma certa desconfiança de Selim, talvez um dia, visse seu irmão como uma ameaça.







___________¥Curiosidades¥___________

As regras de sucessão no Império Otomano não era claramente definida. Quando atingiam a idade minima, os şehzades eram enviados a províncias com a mesma distância da capital, aquele que chegasse primeiro seria o novo sultão. Com rebeliões acontecendo, devido a insatisfação de outros şehzades apoiados por alguns vizires, Mehmed II, o Conquistador, estabeleceu a lei do fratricídio que diz que um sultão, pode ordenar a execução de seus irmãos com uma corda de seda, ao nascer seu primeiro filho varão.
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