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Kösem estava tremendo, mas precisava manter a consciência. Seguiu até o pavilhão real, precisava chegar o mais perto de Ahmet possível. Deixou um rastro de gotas de sangue, enquanto se esforçava para chegar até lá, foi para a parte acessível da varanda que não precisava passar pelo quarto, viu Ahmet conversando com Kassim e Halil paxá. O paxá foi o primeiro a ver a sultana se aproximando deles, e ficou espantado ao ver mancha de sangue no vestido da sultana. Kassim e Ahmet se viram-na logo em seguida, pasmos com a imagem da sultana.

O sultão levantou-se na mesma hora e correu para tentar pegar Kösem antes que essa atingisse o chão. Segurou-a em seus braços, completamente desesperado com o que via. A sultana oscilava entre a escuridão e a consciência.

— Ahmet... — sussurrou.

— Kösem. Kösem. Quem fez isso com você? Kösem. Não feche os olhos, por Alá, não feche os olhos.

Com a mão ensanguentada tocou o rosto de Ahmet, seus olhos estavam cheios de lágrimas, era notável que ele estava desesperado e sem saber o que fazer.

— Chame um médico! Agora! — gritou para Kassim.

Este estava paralisado vendo a sultana frágil, mas logo voltou a si e saiu em busca do médico particular do sultão. Halil se aproximou da sultana e pressionou as mãos sobre o ferimentos junto com um pano.

— Segure, majestade, ela não pode perder mais sangue. — Halil disse, e Ahmet logo obedeceu. O paxá ajudou o sultão a levar Kösem para a cama. — Mantenha pressionado firmeza, majestade.

— Ahmet, eu...

— Não fale mais nada, por enquanto. O médico irá vir logo. Não se vá, minha Kösem. — pediu com a voz embargada.

— Só desejo que Alá, me permita renascer e em outra vida, desejo ser livre para ficar com você para o todo o sempre...

Nasül efendi havia tirado a sultana do perigo da morte, o que deixou o sultão mais tranquilo, mas Ahmet ainda queria saber quem foi capaz de fazer algo assim contra Kösem. Ordenou que Kassim investigasse o ocorrido, enquanto Ahmet se preocupava apenas com o bem estar da sultana.

Depois de algum tempo, ela finalmente abriu seus olhos, e mirou o rosto de Ahmet com um sorriso largo. Ela tocou em seu rosto, e deixou que as lágrimas descessem por seu rosto.

— Se isto é um sonho. Não quero acordar nunca. — sussurrou ainda com a voz fraca.

— Não, minha sultana, ainda está aqui. Nunca irei permitir que Alá a leve antes de mim. — sussurrou.

Ela começou a chorar de alegria, sentia-se feliz por ter Ahmet ao seu lado naquele momento, foi realmente aterrorizante, por alguns instantes pensou que não iria conseguir sobreviver, e decidiu que não iria mais fazer aquilo consigo.

Enquanto estava com o sultão, alguém bateu na porta, e logo um ağa entrou, ele disse algo sobre uma hatun querer lhe contar algo muito importante. Ele iria dispensar a menina, mas Kösem disse que não tinha problemas dele falar com ela.

Assim que a hatun entrou, Kösem a mirou com raiva. Reconheceu aquele rosto, e o nome dela veio direto a sua mente.

— Mahfiruz. — sussurrou, e a jovem sorriu fazendo uma reverência.

— Majestade, tenho boas notícias. — ela tinha um sorriso largo no rosto. — Estou grávida.

O mundo inteiro parou para Kösem naquele momento, ninguém havia lhe dito nada sobre alguém estar visitando os aposentos do sultão. Os olhos de Kösem não desgrudavam ds jovem que sorria sem parar, aparentemente ela sabia o que se passava pela mente de Kösem.

A única coisa que alegrou Kösem foi o modo como Ahmet reagiu. Ele simplesmente assentiu com a cabeça e sorriu.

— Pode ir agora.

O sorriso de Mahfiruz morreu naquele momento, e Kösem só sorriu diante da sua cara. Contudo, estava furiosa por dentro, queria estrangular aquela jovem. Mais uma serpente com a qual Kösem deveria lidar se viesse a dar a luz a um menino, não iria permitir de jeito nenhum que outra ocupasse seu lugar. Tinha que ser a úncia não importava como.

Passou o resto da noite com Ahmet, e enquanto ele dormia, Kösem deixou sua cama e caminhou até a varanda. Observou o céu estrelado enquanto apoiava suas mãos no mármore. Olhou para o mar e os barcos ancorados ali, notou uma presença ali, e caminhou até o outro lado da varanda, onde viu Kassim olhando o céu também.

— Kassim. — chamou e este virou-se para ela, fez una reverência e a olhou preocupado.

— Sultana, seu ferimento... Não deveria estar de pé.

— Isto irá melhorar. Já passei por coisas piores quando era mais jovem. — disse dando uma risada que a fez reclamar com a dor e se encolher.— Acho que tem razão, Kassim, devo descansar. Tenha uma boa noite, Kassim.

Deixou-o e retornou para dentro do quarto do sultão, olhou dormir com tranquilidade.

O jogo estava chegando ao seu final, pensou, enquanto se deitava ao lado do sultão para mergulhar no mundo dos sonhos.











___________¥Curiosidades¥___________

Durante seu governo, o Sultão Ibrahim tinha mais favoritas que o comum e fazia de tudo para vê-las cobertas de joias, peles, tecidos caros e presentes. Tamanho era o luxo que, em determinado momento, ele acabou endividando o Estado.
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A SultanaOnde histórias criam vida. Descubra agora