O harém em dias normais era bem tranquilo, Nilüfer kalfa mantia as moças sempre ocupadas com algum trabalho. Era a mão direita de Afife no harém, uma das servidoras leais da valide sultana.
— A sultana Saliha pediu que eu viesse chamá-la. Está lhe esperando para falar de algo muito sério. — Meleksima disse com a cabeça baixa.
Nilüfer assentiu, todos aqueles mais próximos da valide sabiam do trabalho de espiã que a garota fazia. Meleksima levou Nilüfer por uma passagem secreta no harém, saíram em uma sala onde viu a sultana de costas, olhando para algo em suas mãos.
— Sulta... — as últimas silabas desapareceram em sua garganta, ao ver o rosto de outra pessoa.
O olhar no rosto de Kösem era cheio de maldade, não era nada humano. O anjo que comumente estava em seu rosto havia dado lugar a um ser feito plenamente de escuridão e maldade, com um sorriso largo. Ela sentou-se no divã como um sultão faria, e fez um gesto com a mão.
Dois ağas seguraram a mulher e a colocaram de joelhos, um deles forçou-a a abrir a boca para despejar um liquido transparente. Nilüfer sabia o que aquilo significava, estava sendo envenenada, ela olhou para Meleksima que parou ao lado da sultana.
— Posso acabar com a dor que vai sentir, isso se me contar algo sobre a valide que realmente valha a pena. — Kösem mantinha um olhar sério no rosto, apenas esperando que ela começasse a falar.
Os efeitos do veneno estavam começando a fazer efeito, e Nilüfer agonizava enquanto lágrimas escorriam por seu rosto e os agas continuavam a segurá-la.
— A sultana... envenenou o antigo sultão. Ela o matou.
Kösem franziu o cenho, era algo muito grave o que ela dizia.
— Está tudo... tudo no diário particular dela. Incluindo os nomes de quem a ajudou...
Nilüfer estava começando a sufocar, ela implorava com o olhar para que Kösem lhe desse o antidoto.
Um sorriso surgiu no rosto da sultana, e esta se levantou.
— Você foi muito útil, Nilüfer. Irei pedir que Alá a leve ao paraíso.
Kösem fez um gesto com as mãos, e os ağas colocaram uma corda em seu pescoço. Nilüfer ficou suspensa no ar enquanto sufocava e a sultana apenas lhe sorria.
Virou-se para sair daquela sala, acompanhada por Meleksima. Tudo estava indo de acordo com seu plano, mas poderia ficar ainda melhor. Caminhou pelo corredor com Meleksima lhe acompanhando.
— A valide e Saliha estão acreditando em você? — Kösem perguntou com um sorriso no rosto, sabia que o rostinho de Meleksima era angelical demais e capaz de enganar as serpentes mais convencidas.
— Sim, sultana. Tudo o que diz para mim, informo a ela como ordenou. — Meleksima disse orgulhosa de si mesma.
Kösem virou-se para ela, e acariciou o rosto da menina com o polegar.
— Sua lealdade a mim, será recompensada no futuro. — Kösem sorriu.
Elas já estavam bem longe do lugar onde Nilüfer estava enforcada, e se afastou de Meleksima, deu as costas para a menina e respirou fundo.
— Seja rápida.
Kösem deu mais alguns passos, e Meleksima avançou para cima dela, cravando a adaga na cintura da sultana. Ela gritou. Meleksima retornou ao lugar onde Nilüfer estaria, deixou a adaga suja de sangue no lugar e fugiu pelo caminho secreto, enquanto kösem sangrava no corredor.
___________¥Curiosidades¥___________
Ainda que o filho homem do sultão realmente morasse no harém com sua família, junto de sua mãe, quando ele atingia a idade necessária (entre 14 a 16 anos), ele era enviado para outras províncias. A ideia era fazer com que o jovem governasse o local. Nesse sentido, como passou a ser um pequeno sultão, o garoto poderia ter seu próprio harém. Era comum que os jovens levassem algumas das mulheres do harém de seu pai, para que pudessem começar o próprio, sempre acompanhados de suas mães.
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A Sultana
Historical FictionUm mundo perigoso, em um harém tudo que se respira é traição. Todas desejam a mesma coisa, ser a mãe de um príncipe e assim conseguir se estabelecer como uma sultana, mas ser apenas mãe dos filhos do sultão, não parecia ser o suficiente. Ela não qu...