Poder desfrutar de um bom banho era como estar nas nuvens, especialmente quando podia ter a chance de provacar a sultana que já estava começando a ter um ventre mais avantajado. Contudo, de uns dias para cá ia sendo incapaz de conseguir evitar o olhar de superioridade de sua principal rival naquele palácio, Yasemin ia com freqüência aos aposentos do sultão e sua incapacidade de ficar grávida começava a levantar rumores negativos a respeito dela. Por mais próxima que fosse da valide, ficar sem um filho em Topkapi era como dizer ao mundo que era estéril.
Yasemin nunca havia desejado tanto um filho como naqueles últimos dias, mas estava divagando sobre outra coisa mais delicada. Todas as esposas dos sultões eram mulheres que se converteram ao islã, e Yasemin não tinha certeza se poderia fazer algo tão significativo quanto aceitar uma religião completamente diferente da sua.
Talvez, se fizesse parte do mundo de Ahmet por completo, ela finalmente conseguisse tê-lo inteiramente para si.
O sultão não havia pedido a presença de Yasemin aquela noite, era quinta, um dia sagrado para a esposa principal estar com o sultão, e, mesmo sabendo disso Yasemin foi até os aposentos do sultão. Entrou no lugar e o viu atrás de uma mesa escrevendo algo, estava extremamente concentrado. Yasemin parou em frente a mesa e fez uma reverêcia.
— O que te trás aqui, Yasemin? — Ahmet perguntou sem tirar os olhos do papel.
— Estava me sentindo sozinha. E pensei que também estivesse... então vim vê-lo. Espero não estar incomodando.
Ahmet deixou o pincel sobre a mesa e levantou-se. Deu a volta para ficar diante de Yasemin, e segurou no rosto da jovem, sorrindo abertamente para ela.
— Minha Yasemin, você nunca me incomoda. Você é meu sol e lua. Sua presença só me dá paz. — disse alisando a bochecha dela com o polegar, enquanto a olhava com carinho.
— Majestade, eu tenho um pedido a fazer.
— Peça o que quiser. E irei realizar. — disse com um sorriso no rosto.
— Desejo me converter a sua religião. Quero fazer parte do seu mundo completamente. Enxergar o mundo do mesmo modo que você, Ahmet. Pode realizar este desejo?
Um sorriso largo surgiu no rosto do sultão, aquelas palavras havia agradado muito mais do que Yasemin esperava. Ahmet afastou-se de Yasemin para pegar um manto branco e a levou consigo até a varanda.
Os dois sentaram-se sobre algumas almofadas que sempre ficavam perto do divã. Ahmet a cobriu com o manto e lhe pediu para repetir as mesmas palavras que ele.
— Testifico que não outro deus que Alá. Testifico que Maomé é seu profeta e mensageiro.
Yasemin repetiu as palavras. Ahmet sorriu, e disse:
— Agora, precisa de um novo nome. Yasemin já não existe mais, seu nome agora é Kösem. — Ahmet inclinou-se para perto dela e sussurou em seu ouvido. — Seu nome é Kösem. Seu nome é Kösem.
Ele voltou a sentar-se com tranquilidade e fitou o rosto de sua amada.
— O que significa?
— "Guia", no dia em que esteve no calabouço fui guiado pela sua voz, e uma pomba surgiu em meu caminho. Desde aquele dia venho querendo mudar seu nome, e agora tive a oportunidade. — Ahmet tocou no rosto dela com delicadeza. — E também, significa "pele perfeita" como a sua.
Kösem.
Agora era definitivo, Yasemin já não existia mais, não só seu nome havia mudado como também seu destino. E com a lua de tesmunha fez uma promessa a si mesma. Governaria o mundo. Alcançaria o lugar mais alto, que nenhuma outra jamais foi capaz de fazer.___________¥Curiosidades¥___________
A sultana Handan foi esposa do sultão Mehmed III e mãe de Ahmed I. Ela teve muito influência sobre seu filho, sendo ela inclusive uma das responsáveis por convencer Ahmed a poupar a vida de seu meio-irmão Mustafá I, que estava condenada devido a lei do fratricídio.
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A Sultana
Historical FictionUm mundo perigoso, em um harém tudo que se respira é traição. Todas desejam a mesma coisa, ser a mãe de um príncipe e assim conseguir se estabelecer como uma sultana, mas ser apenas mãe dos filhos do sultão, não parecia ser o suficiente. Ela não qu...