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Bocejo. Meu celular despertou faz pouco tempo. Não dormi nada essa noite, digamos que peguei estrada de madrugada, acabei vindo de táxi até Norfolk e cheguei super cedo, acabei adormecendo em frente ao portão de Tessa, mas meu celular despertou as seis.

Vejo Kate se aproximando da casa de Tessa e ela sorri ao me ver.

- Madrugou aqui? - ela pergunta e sorrio.

- Mais ou menos... - digo e olho para ela com um olhar questionador. - Estou preocupada com Ada... - ela me olha com um olhar alarmante.

- Como sabe? - pisco vezes seguidas.

- Sei? - pergunto e ela sorri nervosamente.

- Ada sumiu tem dois dias. - abro a boca em choque. Fazem dois dias que estou angustiada.

- Jura?! - ela assente. "Ok... Isso é extremamente estranho! Bizarro!"

- Não disse a Tessa ainda, vou contar a ela agora, quer vir? - assinto e Kate abre o portão de Tessa, entramos e Kate toca na porta, não demora para Tessa abrir a porta.

- Bom dia. - ela diz e me encara. - Gabi não veio... - Assinto.

- Talvez eu possa vê-la logo. - digo. Entramos e Kate olha para Tessa com pesar.

- Ada está desaparecida. - Tessa sorri com amargura.

- Imaginei... - os olhos de Tessa marejam. - Pelo menos sabem se ela está bem? - Kate nega.

- Não temos nem uma pista do que aconteceu, ela evaporou. - Tessa assente e parece segurar o choro. Olho para a situação me sentindo super angustiada.

- Ela vai aparecer... Tenho certeza. - digo e olho para Kate. - Pode avisar a Gabriella que gostaria de ver ela e Chris, estou realmente aflita e queria muito ver eles. - digo e Kate assente.

- Ok... Pode ser amanhã? Duvido que eu consiga retornar agora para Pearl e tenho que trabalhar. - assinto. - Ótimo. - ela diz e olho para Tessa.

- Venho amanhã. - ela assente. Saio da casa de Tessa e me sinto com o coração na mão, realmente espero que as coisas fiquem bem.

Acabo me hospedando em um motel e passo o dia assistindo TV e comendo batatas fritas. Quem não ama batatas fritas? Adormeço rapidamente ao fim da tarde e acordo apenas no dia seguinte as quatro da manhã. Olho no celular e resmungo, detesto acordar cedo e saber que podia dormir mais, porém não tenho sono, já que dormi muito cedo no dia anterior.

Me sento na cama e bocejo. Sigo para o banheiro e tomo um banho agradável, fuço a pequena mochila que acabei trazendo e pego um par de roupas. Calça jeans surrada, uma blusa de alcinhas bem velhinha e uma jaqueta de couro. Calço meus All'Stars e saio do motel carregando a pequena mochila. Sigo para a casa de Tessa antes do sol nascer, mas como são cinco e pouco da manhã, logo Kate aparecerá.

Acabo caminhando e passo pela casa de Tessa, olho em direção a floresta e sinto uma necessidade estranha de continuar caminhando. Suspiro.

Avanço em direção a floresta meio escura e acabo me surpreendendo por não me assustar em adentrar ela, caminho até a pedra que me reflete e paro. Olho para minha imagem refletida e me pergunto o que estou fazendo. De repente, desejo poder atravessar para o outro lado, mas sei que não posso. Suspiro e toco a minha imagem na pedra. Grito. Acabo perdendo o equilíbrio e caindo em algo gelado, olho para a rasura e... "Ó meu Deus... Eu atravessei uma PEDRA!?" . Me arrepio. Olho ao redor e me dou conta que estou sobre neve. Me coloco de pé apressadamente e ofego. Engulo seco e acho que estou em um pesadelo.

- Ok... Respire. - me ordeno e olho ao redor. Imensas árvores se erguem e arregalo os olhos quando uma delas se curva. Grito. Ela solta um grito mais alto, grosso, assustador, potente e sinto o vento quente de seu bafo bater contra meu corpo. Estremeço e me abaixo protegendo os ouvidos e sentindo a confusão me tomar.

"Socorro! É só um sonho! É só um sonho!"

O grito pesado cessa e olho para cima sentindo meu corpo estremecer.

- Quem es vós?! - a árvore pergunta e engulo seco. "O que a gente responde nessas horas?!" me belisco e a dor do beliscão não me desperta. Encaro o rosto da árvore e ela move um dos galhos, baixando em minha direção. Me levanto e caminho recuando pela neve.

- Não encosta em mim! - peço com a voz trêmula. Ela se endireita.

- Quem é você intrusa?! - olho para a árvore e me sinto em um pesadelo cheio de horror. "Gabriella vive aqui?!" acho que desci para as profundezas do submundo. "Eu morri!?" olho para a imensa árvore.

Será que bati a cabeça na pedra e morri? Agora estou no inferno? Fiz só coisas ruins durante a vida? Achei que tinha sido uma boa pessoa.

- Eu juro que fiz caridade! Fui bondosa e sempre tratei todos bem! Onde pego a senha para ir para o céu? - pergunto e tomo coragem. - Exijo uma revisão da minha vida! Eu fui uma excelente pessoa! - a árvore parece confusa e de repente ouço a risada estrondosa dela. Outras árvores riem e levo a mão aos ouvidos. Sinto frio. Esse lado é gelado.

Elas não param de rir e me sinto assombrada. É horripilante. Ela para de rir abruptamente e tenta me alcançar. Grito e desvio. Corro para longe dela e me sinto uma formiga. Piso na neve e corro de forma desajeitada. Ofego. Outras árvores tentam me alcançar e sinto a adrenalina aumentando. Corro pela floresta tenebrosa e desvio os galhos que tentam me alcançar. Me sinto apavorada e confusa.

- Eu exijo uma revisão! - grito enquanto continuo correndo e desviando das árvores. Corro durante um tempo e me abaixo perto de uma das raízes depois que elas se cansam de tentar me alcançar. Silêncio reina e olho ao redor da floresta escura, meus olhos marejam e penso em Gabriella, Chris, Hugo, meus pais... Sinto lágrimas nos olhos.

" O que está acontecendo!?"

Realmente não posso acreditar que estou do outro lado, mas também não consigo acreditar que morri.

Não sei o que está acontecendo e me sinto confusa. De uma coisa eu sei, deveria simplesmente ter entrado naquele buraco negro que lembrava um portal, mas estava com medo.

"Quero ir para casa."

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora