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Entro na cela e tomo as chaves de Aigon, começo a destrancar as restrições de Raiden e ouço os três agonizando ao meu redor, Raiden me olha com olhos amarelos e sei que ele ainda tem medo de me ferir. Me sinto culpada. Não sei se ele me tocará novamente.

Drake entra na cela e me ajuda a livrar ele das restrições. Drake ri sem parar. Fuzilo ele com o olhar enquanto os outros três agozinam.

- Do que está rindo?! - pergunto e tiro a mordaça de ferro de Raiden, ele geme de dor e olha para minhas asas, meu coração se parte, tem raias de sangue em seus olhos e realmente odeio saber que fizeram isso com ele.

Olho em direção aos três.

- Sintam o dobro da dor que o causaram! - grito e ouço os gritos dentro da cela. Drake fica sério.

- Céus... Você realmente controla mentes... - ele conclui e parece encantado. Deixo apenas o colar de ferro em Raiden e meus olhos marejam.

- Vamos te levar ao curandeiro. - digo e Drake me ajuda a levantar ele. Apoio de um lado e Drake de outro, arrastamos ele e olho de relance para trás, estalo os dedos e eles ofegam. Começo a subir com Raiden apoiado e caminhamos pelo salão. Saímos e olho para o céu, ele se torna totalmente escuro e nuvens densas preenchem.

Caminhamos para o curandeiro e ouço os trovões.

- Não temos tempo. - Drake diz. Sei quem sou. Devo trazer Ada de volta.

Entramos no curandeiro e colocamos Raiden sobre uma das macas. Flora parece encantada comigo.

- Ajude ele. - peço e ela assente.

Começa a curar ele e vejo os olhos de Raiden irem ao violeta, olho para o colar de ferro em seu pescoço e seguro a corrente presa a ele. Olho para Raiden.

- Podemos brincar depois. - afirmo e seus olhos vão ao amarelo. Ele tenta falar e tosse sangue. Me afasto e olho para ele com angústia, estou tremendo e Drake apoia a mão sobre a minha e aperta ela.

- Flora vai deixar ele novinho em folha. - olho para Drake.

- Ainda querem matar ele? - pergunto e Drake ri.

- Não serei eu a tentar. - assinto.

- Não vão punir ele. Eu punirei. - digo e olho para Raiden, ele ouve as palavras e tenta sorrir, mas faz cara de dor. Drake começa a rir.

- Acho que deixou um certo alado contente com isso. - ele diz e assinto.

Depois do que parece uma eternidade para mim, Raiden se senta na maca e limpa o sangue ao redor da boca. Me aproximo e abraço ele, ele me envolve com as asas e encolho as minhas permitindo que ele forme um casulo ao meu redor. Soluço. Noto o quanto temi perdê-lo.

- Perdão. - ele pede e acaricia a base de minhas asas, isso faz com que ondas de prazer corram meu corpo e seguro os braços dele, afasto de minhas asas e ele sorri. - De verdade... - ele fica sério. - Me perdoe, eu achei que... - ele balança a cabeça. - Não importa, apenas me perdoe. - assinto e ele leva uma das mãos para o colar de ferro. - Por que não tirou esse? - olho para ele ainda com cara de choro.

- Vou te punir lembra? - ele assente e me abraça novamente.

- Eu sinto tanto... Realmente sinto muito. - ele diz e sinto seu corpo tenso, ele tira as asas que me envolvem e descansa elas sobre a maca.

- Tudo bem. - digo.

Ele afunda o rosto em meu pescoço e inspira.

- Eu te amo. - ele sussurra e sorrio. - Jamais te machucarei novamente. - rio.

- Não vai mesmo, agora quem vai te colocar nos eixos sou eu. - digo e me afasto. Ele assente. - Não pode mais ameaçar bater em ninguém, nem querer arrancar o pescoço de ninguém. - ele sai da maca e olho para a calça moletom repleta de manchas.

Gabriella entra no cômodo e me olha boquiaberta. Ela começa a sorrir.

- Eu sabia! - ela diz. Rio. Ela fuzila Raiden. - Gostaria de te chutar. - ela afirma e se aproxima dele, chuta sua canela e ele faz uma careta. Continuo rindo.

- Perdi o controle... - ele diz e ela assente.

- Péssimo Raiden! Péssimo! Agindo como um animal! - ela diz e ele se encolhe. Ela me encara. - Você também! Acha que não te conheço!? - coro.  Ela aponta Raiden. - Pelo amor de Deus Joyce! Tire esse negócio do pescoço dele e parem de agir assim, preciso que vocês dois sejam racionais no momento, Pearl está entrando em colapso. - assinto e olho para Raiden, Drake se aproxima e abre a fechadura do colar. Raiden acaricia o pescoço e me encara.

- O que quer fazer? - ele pergunta e suspiro. O medo de estar longe dele novamente, me toma e jogo os braços por cima de seus ombros.

- Apenas não se afaste. - ele beija minha testa.

- Ok delícia... - ele diz e segura minha cintura, me afastando com cuidado. - Ouço trovões... - Ele inicia e Drake faz uma careta.

- O tempo fechou, literalmente. - ele diz e bufa. - Faruk está desacordado queimando em febre, acho que ele está delirando, provavelmente não consegue mais controlar o próprio humor. - ele diz e me encara. - Contamos com você. - assinto e olho para Raiden.

- Teremos uma conversa em particular depois. - digo e ele assente.

Saímos do curandeiro e alço voo de forma descordenada, olho para baixo e bato as asas. Sorrio e admito estar impressionada por sentir as asas como uma extensão de meu corpo e controlá-las tão bem, olho para Raiden e ele gira no ar, dando uma cambalhota.

-  Vai se acostumar. - rio. Ele olha para o castelo e estremeço ao olhar para as nuvens densas e um trovão estrondoso me assustar, baixo no chão e Raiden baixa junto e me abraça. - Relaxa... São só trovões. - ele diz e ver o céu esmagador sobre nós me deixa realmente apreensiva. Téo, Aigon e Yven pousam perto de nós e encaro eles fechando as mãos em punho, Aigon ergue os braços.

- Não vamos punir ele... Calma. - ele diz. - Mas saiba que ele deveria morrer. - Tensiono, Raiden acaricia minha asa e relaxo.

- Nunca mais o machuquem. - digo e Aigon revira os olhos.

- Não será necessário, ele não pode te ferir mais. - ele diz e olho para Raiden, ele me oferece um olhar reconfortante.

- Está a ponto de chorar, não chore paixão... Não aguento mais ver suas lágrimas. - ele diz e assinto freneticamente, abraço ele e apoio a testa em seu peitoral.

- Amo seu cheiro. - digo e ele ri, o som faz o peito vibrar.

- Espero que não reaja como uma alada. - ele diz e me afasto um pouco.

- Por quê? - ele suspira. Gabi sai do curandeiro e Chris corre para os braços de Téo. Raiden finalmente responde.

- Escureceu, tenho que desocupar a trilha de pérolas negras, acabamos de entrar em estado de emergência. - ele diz e vejo Téo entrelaçar os dedos aos de Gabi enquanto segura Chris no outro braço, eles se afastam em direção ao castelo e ela me olha de forma preocupada.

- Venha conosco. - ela pede e olho para Raiden.

- Vamos entrar. - ele nega.

- Tenho seres místicos para evacuar. - olho para Gabi e aceno.

- Depois! - digo e olho para Raiden. - Vou junto.

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora