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Minhas pernas tremem e sou sustentada em pé por Raiden. Ouço sussurros e burburinhos ao redor e Gabi saltita perto de mim, Raiden me solta e Gabi me abraça.

- Que bom! - ela diz e se afasta. Assimilo a notícia e olho para Raiden. Ele parece observar cada movimento dentro da sala e morde o lábio. Gabi segura o rosto de Raiden. - Te darei uma surra se não cuidar bem dela. - ela ameaça e ele parece segurar a emoção. Ele me olha de relance e creio que nós dois estamos em choque. Téo se aproxima dele e cruza os braços.

- Reaja Alado! - Ele brinca e Raiden me olha de relance novamente. Olho para ele do mesmo modo e respiro descompassadamente. Ele encara Téo e um sorriso tímido surge em seu rosto. Téo soca o estômago dele. - Sei que está abalado, mas não a proíba de tomar decisões e nem tente ser um filho da puta agora. - Raiden morde o lábio freneticamente e permanece mudo, sou agarrada novamente pela mão e caminho atrás dele para fora da sala, mentalmente agradeço por estar sendo retirada dessa sala. Cruzamos o salão e ele caminha comigo por um corredor que desce em rampa, chegamos a uma cozinha e ele me senta na cadeira. Um monte de cozinheiras nos encaram e ele se abaixa na minha frente e apoia as mãos em minhas coxas. Suas asas cobrem o chão logo atrás dele.

- Quer água? - ele pergunta com um olhar preocupado e assinto. Ele sequer se move. - Me diz o que quer mais? - ele pergunta e balanço a cabeça.

- Ainda estou em choque. - sussurro. Ele assente e uma mulher me entrega um copo de água, pego e tomo rápidamente, deixo o copo na mesa e volto a olhar para ele, ele sorri de forma sexy e vejo um brilho diferente em seu olhar.

- Respire. - ele pede e acaricia minhas mãos, começa a passar as palmas em meus braços para cima e para baixo de forma carinhosa. - Não vou deixar que nada de ruim aconteça. - assinto.

- É uma menina. - sussurro e ele sorri de forma realmente alegre.

- Seus olhos estão amarelos delícia... Relaxe. - ele pede e foco em Raiden.

- Estou... - engulo seco. Assustada. Completamente assustada. Acabo de descobrir que serei mãe.

- Precisamos ir atrás de Ada, mas quero que antes se sinta confortável. - ele diz e vejo a alegria em seus traços. - Desculpe... - ele pede e começa a rir. Olho para ele sentindo vontade rir.

- Do que está rindo? - ele gargalha e se recompõe aos poucos.

- Eu sinto muito. - ele diz ainda rindo. - Céus! - ele se põe de pé e olho para ele menos assustada. A reação dele me deixa mais relaxada e sorrio.

- Por que está rindo e pedindo desculpas? - ele dá de ombros e me ajuda a levantar.

- Porque sou um idiota Joyce. - ele afirma sorrindo. - Estava planejando parecer alguém sério e responsável, ainda serei responsável, mas não consigo ficar sério, quer dizer, na primeira vez que te marco, depois de todas as vezes que dormirmos, acabo te deixando grávida. - ele ri. Ele fica pálido novamente e me gira, se senta aonde eu estava. - Céus! Acho que vou desmaiar. - começo a rir da reação dele.

- Estava tentando me acalmar até agora e parece estar pirando. - uma das mulheres coloca um copo de água na mesa.

- Beba Raiden. É água com açúcar. - ela diz e ele pega o copo e vira. Ele me olha e lambe os lábios.

- Então é isso. - ele afirma e respira fundo. Volto a rir. - O que Nox disse?

- Ele me agradeceu por gerar ela. - digo e seu olhar se torna sombrio.

- Nossa filha está terminantemente proibida de ficar sozinha com Nox até completar vinte e um anos! Ou melhor, trinta! - começo a gargalhar.

- Raiden! - repreendo. - Você está me deixando confusa. Uma hora reage de uma forma, outra hora de outra. - ele se coloca de pé.

- Ela é minha e sua entende... Se ela tiver os genes danificados como os meus, será uma menina bem propensa a sentir tudo com mais afinco, então não quero ninguém tirando sua inocência logo cedo. - rio.

- Pense nisso daqui uns anos, minha barriga nem existe ainda. - digo. Ele assente e parece nervoso.

- Será que você precisa de mais alguma coisa? - ele pergunta. Ele faz uma careta e leva as mãos a cabeça bagunçando os cabelos. - Serei realmente protetor com essa gravidez. - ele afirma. - Desculpe delícia... - ele diz. - Não consigo evitar.  - rio.

- Ok... Temos que ir lembra? - ele assente.

- Não queria que pegasse chuva. - lembro dele sobrevoando sobre mim para evitar que a possibilidade de um raio me atingindo se tornasse real.

- Depois tomarei um banho quente e ganharei uma massagem... - pisco. - É uma ótima recompensa. - ele assente.

- Prometo te mimar bastante. - ele diz. - Em troca, seja uma boa menina. - quase engasgo, sei o que ele quer dizer com a frase. Ele segura minha mão e beija as costas dela, volta a andar em direção ao salão e sorrio. Olho para minha barriga. "Ouviu? Você nem existe direito e já está proibida de arrumar um namorado até os trinta anos!" rio sozinha e balanço a cabeça.

Paramos em frente a porta do salão, Kate, Aigon e dois alados que não conheço estão com roupas casuais e bolsas. Kate sorri.

- Aqui tem roupas para você, minhas calças ficariam curtas, já que você é maior, mas tenho saias, shorts e vestidos. Assinto. Meu coração aperta e solto a mão de Raiden.

- Quero ver Faruk antes de ir. - ele assente e segura minha cintura, sou levada em direção a uma porta escura e entramos em um corredor mais estreito e mal iluminado, ele abre a porta de um quarto e vejo ele deitado. Encaro Faruk por um tempo e me sento na cama ao seu lado, seguro sua mão. - Oi... - digo. Ele não parece me ouvir. - Sou Joyce... - digo. - Vou trazê-la de volta. - meus olhos marejam. - Ela ainda é uma completa estranha para mim, mas eu me sinto responsável por seu bem estar, então... Ela importa muito para mim, ouviu? Meu coração dói e sofro simplesmente por saber que ela corre perigo. - digo com a voz trêmula. - Prometo te trazer luz novamente, sei que um alado sofre sem a pessoa que ama... Sei como dói. Não deixarei que sua esperança e alegria seja levada assim. - aperto a mão dele e encaro a imagem de um Faruk debilitado. - Não morra e nem destrua tudo antes do meu retorno. - digo e me curvo, beijo sua testa. - Vou buscar nossa Ada. - sussurro e Raiden apoia as mãos em meus ombros, olho para ele e recebo um olhar carinhoso.

- Obrigado Joyce... - ele diz com emoção no olhar e sorrio.

Olho para Faruk uma vez mais.

"Aguente."

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora