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Caminho pela trilha de pérolas negras e recebo olhares, meu corpo está coberto de sangue, onde não congelou e caiu, acabei com o rosto e uniforme coberto de sangue, apenas meu cabelo e asas estão limpos. Paro perto de Maiana cerca do horário do almoço, ela dorme e bato com a bota em sua perna levemente, ela abre os olhos lentamente e me encara. Ela ameaça rir.

- Não ouse. - peço e ela assente e se coloca de pé.

- Você precisa de um banho. - assinto e ela começa a rir. - O que fez enquanto eu dormia? - engulo seco.

- Matei um gigante, ajudei a carregar para o sul e patrulhei o caminho inteiro, deixei as flores de uma ninfa morrer e vi ela chorar durante minutos seguidos enquanto eu tentava me explicar e pedia desculpas. - ela não para de rir e cruzo os braços.

- Desculpe. - ela pede. - Vá para casa. - ela diz e assinto.

- Esperava essa frase. - digo e alço voo. Voo para a floresta verde e baixo perto de casa, acaba que é mais viável morar na floresta verde do que no vilarejo. Abro a porta de casa e entro, preparo meu banho e me sinto extremamente cansado, subo as escadas e tiro toda a roupa ensanguentada, entro na água e ela verte em vermelho, afundo na banheira e lavo meu corpo, esfrego cada centímetro até me sentir limpo, saio da água e me seco, caminho jogando a toalha na cama e sinto a cama me chamando, resisto a vontade de me jogar nela e dormir por dias seguidos. Visto roupas do batalhão limpas e calço outra bota.

Desço as escadas e caminho para fora, alço voo e sigo novamente para a trilha de pérolas negras, deixo o tempo passar e me sinto estranho. Uma sensação de angústia me toma e assim que baixo na trilha de pérolas negras desejo profundamente voltar para casa. Olho ao redor e a sensação de que algo ruim está acontecendo não me deixa. Tento não prestar atenção nisso e caminho para perto de Nana, ele me vê e sorri.

- Como está Raiden? Vi ninfas voando para o sul da trilha de pérolas negras. - sorrio e me sento. Ele inspira e sorri. - Raiden cheira bem. - assinto.

- É o mínimo depois de um banho longo. - digo e pego uma fruta, começo a comer e ele ri.

- Nana está guardando bem as frutas de Lyn para que não seja em vão seu cultivo. - assinto.

- Bom trabalho Nana. - digo e ele assente. A sensação não passa e respiro fundo.

- Algo preocupa Raiden? - assinto.

- Uma sensação de que algo está acontecendo, mas não sei o que é. - digo e olho em direção a floresta enganosa. Lembro da árvore alertando sobre uma intrusa e olho para uma delas. - Ei! Grande centenária! - grito e uma delas me olha com desprezo.

- Como ousa... - interrompo.

- O que houve com a intrusa? - ela se endireita e fico aguardando enquanto a mensagem ecoa dentro da floresta enganosa. Olho para Nana e resgato outra fruta da cesta.

Alguns minutos se passam e a árvore finalmente se curva em minha direção.

- Está quase morta ou já morreu... - sinto uma urgência grande em ir ao seu resgate.

- Me leve até ela. - a árvore se endireita e me coloco de pé, Maiana já está acordada e não pretendo demorar. Alço voo e sigo as árvores que fazem barulho, voo durante um tempo até ver alguém caído. Me abaixo e noto a cor vermelha ao redor da neve e no braço da mulher, me abaixo e tiro o cabelo de seu rosto. Congelo. Meu sangue parece parar de correr e engulo seco, de repente, sinto dificuldade em respirar e não consigo acreditar em meus olhos. Meus instintos protetores gritam para que eu faça alguma coisa, mas simplesmente continuo encarando o rosto pálido e sem entender o que fazer. Desespero me toma e minha mente fica em branco por algum motivo, perco a habilidade de saber o que fazer e olho ao redor. "Não é Joyce..." minhas mãos tremem e estendo ela em direção a Joyce. Droga. É Joyce. Mesmo que eu veja ela, não consigo acreditar, me coloco de pé e levo as mãos a cabeça. Simplesmente estou travado e não sei o que fazer, medo puro me toma e não consigo verificar seu pulso, tenho medo de comprovar que ela morreu. Culpa me corrói.

Alço voo a toda velocidade e saio na trilha de pérolas negras, simplesmente não consigo tocar ela e meu coração aperta, preciso de Flora.

Voo até onde lutei com o gigante e vejo ela curando uma ninfa que está desacordada. Agarro o braço de Flora e sem que eu note, dou um arranque em seu braço, puxo ela de pé e vejo o olhar espantado de Flora.

- O que está fazendo Raiden!? - ela gralha. Sinto minha boca seca e ela franze o cenho. - O que foi? - creio que meus olhos estão amarelos, ela faz cara de dor e noto que estou apertando seu pulso. As palavras não saem e ela apoia as mãos em meu rosto e tenta me acalmar. - Está tudo bem ok? Apenas se acalme e fale o que está havendo, preciso curar seres místicos agora, alguns vão morrer se eu não fizer nada, então preciso que volte a si e me diga a urgência... Pode fazer isso? - ela pergunta e sinto algo quente correr em minhas bochechas. Ela suspira e balança a cabeça. - Ei... Se acalme. - ela esfrega os polegares em meu rosto e aponto a floresta enganosa. As palavras não saem e não quero admitir que realmente vi Joyce aqui, desse lado, caída e... Ela não pode estar morta. Solto o ar com força e caio de joelhos, Flora se abaixa e parece realmente preocupada. Respiro com dificuldade. - Ok! Seja o que for, vou ajudar, me diga como, apenas me diga o que preciso fazer... - assinto.

- Acho que vi uma humana desse lado... Ela está... - Flora assente.

- Ok... Ela está morta? - as palavras saem com tanta facilidade para Flora que acabo negando vezes seguidas.

- Por favor... Se ela realmente estiver morta, ressuscite ela, mas traga ela de volta.

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Tadinho... Ele está desesperado :')

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora