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Olho para o teto e me debato. Flora parece em choque e o grito é tão agudo que vejo sangue descer pelos ouvidos de Flora e de Raiden. Ele parece sofrer e Flora se afasta.

- Sai de perto dela! - ele nega e Flora deixa a sala. Encaro Raiden e vejo ele fechar os olhos, ele me segura na maca e continuo gritando, a dor cortante é tamanha que sinto algo explodir dentro de minha mente e ofego. Raiden abre os olhos e pisca vezes seguidas tentando se localizar, ele me encara.

- Como se sente? - sinto mixtos de sensações. Raiva, medo, desejo. Raiden abre um sorriso enorme e de repente me beija. Alguém limpa a garganta e Raiden pausa o beijo e gargalha. Ele me abraça e me sinto confusa. Me sento na maca e encaro ele sem entender, olho para seus ouvidos e me entristeço, ele balança a cabeça. - Estou bem. - ele diz e se senta ao meu lado na maca, Flora entra finalmente limpando os ouvidos e averigua os ouvidos de Raiden. Ela termina e me encara. Raiden me encara. - Amanhã quero te foder na floresta enganosa, posso? - engasgo e ele ri. Coro e quero me esconder, mas não nego que seria interessante, ele segura meu queixo e vira em direção a Flora, desvio o olhar e ela sorri.

- Seja o que for que você disse a ela, ajudou. - Flora diz e olho para os dois confusa.

- Não entendi. - ela ri. Ele desce da maca e me pega nos braços, curvo as pernas ao seu redor. Ele me encara sorrindo.

- Estava te testando para Flora ver uma coisa. - ele diz e faço beicinho.

- Quase morri Raiden... - ele nega.

- Não... Apenas está despertando. - ele diz. - Sorte a minha. - ele diz e me coloca no chão, seu olhar vai a Flora e ele faz uma carranca. - Nunca mais pergunte se a rasguei, foi uma pergunta horrível. - ele diz e pelo menos em algo concordamos nesse lugar. Flora assente e olho para os olhos dele, vermelhos.

- Está com raiva? - ele assente.

- Não gosto que presumam que eu te machuco. - ele diz e olha para Flora. - Eu não machuco, apenas me deem um voto de confiança sobre ela. - Flora assente.

- Tem seu voto de confiança, aliás, ela logo não será uma preocupação. - ele assente.

- Ótimo. - ele pega as sacolas e olho para Flora. Aceno. Ela pisca.

- Eu até faria a piada de - ela faz aspas. - "Não deixe ele te rasgar..", mas ele tentaria me... - Raiden dá meia volta e seguro seu braço, ela se cala e puxo ele.

- Para com isso! - peço. Saímos do curandeiro. - Era brincadeira. - digo e ele parece tenso.

- Não é brincadeira, não tem graça para mim, tenho medo que aconteça, então para mim é grave. - ele diz e pisco vezes seguidas.

- Não tem como me machucar dessa forma. - digo.

- Tenho Joyce... Você não faz ideia do que passa na minha mente e por isso duvida, apenas quero te tocar sem restrições, mas ainda não posso e não quero perder a cabeça, não quero ninguém brincando com isso, entende? - assinto.

- Ok meu bem. - digo e apoio a mão em seu rosto. - Se acalma. - ele olha em direção ao castelo e depois para o céu, Raiden arregala os olhos. Olho para o céu. Ele começa sutilmente a se escurecer.

- Merda, merda, merda... - ele solta as sacolas e voa em direção ao castelo me deixando sozinha, quase o perco de vista de tão veloz. Pego as sacolas e suspiro. "O que é dessa vez!?" caminho para o castelo e subo as escadas, os guardas me encaram e parecem me analisar.

- Quem é você? - aponto a parte de dentro.

- Estou com Raiden. - eles abrem a boca em choque.

- Está de que forma? - pisco vezes seguidas e entendo a pergunta. Não quero colocar ele em problemas.

- Ele veio me acompanhar em algumas compras, sou amiga de Gabriella, a humana que está com Téo, apenas isso. - digo e eles se entreolham.

Suspiro.

Eles abrem a porta e entro, encaro o salão e sorrio. É enorme, olho em direção a duas crianças e alguns corpos. Solto as sacolas com o choque da cena. Pisco vezes seguidas. Tem brilho no ambiente, a mulher me encara e se aproxima de mim.

- Olá, sou Mary... - ela diz. - Está parado assim, pois Ada está longe, está tudo uma bagunça. - ela me encara e franze o cenho. - Quem é você?

- Joyce, amiga de Gabriella... - digo e aponto as crianças. - Aquilo são pessoas e bichos mortos?! - pergunto e a mulher parece entender.

- São seres místicos, eles estão encaminhando para o jardim e para o lago de almas perturbadas, que aliás, é o lago negro com uma ponte de ossos sobre ele. - fico estatica olhando ela, enquanto ela termina a explicação tranquilamente, como se falasse a receita de água com açúcar.

- Devo me preparar sempre que alguém abrir a boca por aqui. - ela pisca vezes seguidas.

- É algo positivo, vai ouvir muita loucura, aliás, já comeu humanoides? - nego. Ela ri. - Peça para Gabi fazer para você. - faço uma careta.

- Não estou na casa... - paro de falar. Raiden surge e pousa ao meu lado, ele segura meu braço e me puxa para trás de seu corpo e recuo sem entender. Mary olha para ele com curiosidade.

- Por que está escondendo ela? - ele não responde e Mary balança a cabeça. - Raiden... - ela cruza os braços. - Quer me dizer alguma coisa? - ele nega e tento olhar para Mary, mas sou enfiada atrás de Raiden. Mary suspira. - Continue o que veio fazer, estamos só conversando. - me desvencilho do toque de Raiden e paro ao lado dele.

- Estamos juntos, não tem nada de errado nisso, certo? - ela nega lentamente e encara Raiden.

- Aigon e Drake sabem? Faruk não está se importando muito, mas eles sabem?! Algo me diz que seu chefe sabe. - Raiden engole seco.

- Vou dizer a eles, não conte... Ela é minha. - ele diz e bufo.

- Não sou sua, apenas estamos juntos. - ele permanece com os olhos em Mary.

- Ela é minha Mary... - ele explica e parece suplicar. - Não vou machucar ela... - ele diz. Ela suspira e me encara.

- Ele te feriu? - nego.

- Nem uma vez. - ela assente.

- Vai tranquilo, não vou falar, pode parar de querer esconder ela de mim. - Ele relaxa e caminha novamente de onde tinha vindo e olho para Mary.

- Ele parece um bebê quando pede para não me tirarem dele. - digo e Mary ri. - É fofo. - concluo e ela gargalha.

- Ele te ama. - fico perplexa.

"A-a-ama!?"

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora