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Acordo com um rugido e estremesso. Um baque forte soa e algo cai fazendo um barulho horrível.

- Não deveria ter entrado aqui! - a voz de Raiden soa e meu cabelo irradia na cor castanha. Levanto e caminho pelas escadas, outro estrondo e abro a porta com dificuldade, vejo Raiden em cima do ogro e socando o rosto dele, abro a boca em choque. Raiden é grande, mas em comparação ao ogro, ele é tão pequeno, porém a força dos golpes me choca. Saio do porão e vejo ele olhar em minha direção. Ele sai de cima do ogro e aponta a porta. - Volte a floresta enganosa ou te mato. Te caçarei até lhe encontrar aqui dentro novamente e farei com que se arrependa de invadir minha casa. - as palavras de Raiden soam frias e estremeço ao ver o ogro se levantar e sair da casa. Olho para a mão trêmula de Raiden e noto que está melada com sangue, faço uma careta ao perceber que ele arrancou a pele da mão socando o ogro. Ele caminha em minha direção e me analisa de cima a baixo. - Está tudo bem? - ele pergunta e assinto. Meus olhos marejam e não me sinto mais alarmada, na verdade, ver ele me alivia. Caminho para perto e abraço Raiden. Fecho os olhos.

- Não me deixe sozinha outra vez, por favor... - peço. Ele não retribui o abraço e me afasto corando. Ele me encara e pela primeira vez vejo a cor prateada em seus olhos, um cinza que torna o olhar de Raiden realmente assombroso. Me aproximo e analiso seus olhos. - É... É lindo... - sussurro. Ele engole seco e seus olhos em segundos vão ao violeta. Pisco vezes seguidas e me afasto um pouco. Tento não encarar ele e decido perguntar. - Você pode falar comigo mentalmente? - ele caminha para a cozinha tirando a camiseta e a jaqueta, não consigo evitar de olhar para a bunda redonda e as coxas definidas. "Joyce!" olho para as asas e desejo tocar elas.

- Ouço tudo que você me transmite, principalmente quando quer ter um orgasmo, pelo jeito nunca mais deixei você chegar lá, já que parece parar sempre que respondo. - coro. Ele enche baldes de água e me pergunto o quão baixa eu sou. Abraço meu próprio corpo.

- Desculpe... - peço e vejo o olhar dele por cima dos ombros se tornar cruel.

- Deveria se desculpar com a própria libido. - coro. Ele sobe com os baldes grandes e saio do caminho. Me sinto estranha e mordo o lábio sem parar.

Me sinto estranha e insegura com meu próprio corpo ao perceber algo simples. Raiden é perfeito demais para existir e eu não tenho exatamente o que compensar com minha forma física. De repente me sinto depressiva e faço uma careta.

Engulo seco. Raiden aparece no topo da escada e me encara com certa frieza, seus olhos estão prateados, normais.

- Vem... Preparei seu banho. - ele diz e subo me sentindo estranhamente ferida por minha própria conclusão. Caminho para perto da água e olho para Raiden. Ele sai e me sinto aliviada, tiro a camisa e entro na água. Tomo um banho lento e desço, vejo comida sobre a mesa e ele me olha de cima em baixo, quando desço enrolada na toalha. - Pode usar meu guarda-roupa como se fosse seu, não precisa andar enrolada na toalha. - ele diz e assinto. Olho para a mesa e vejo comida. Tem cereais, carne, um copo de suco e uma sopa de legumes. Ele se levanta e caminha para o quarto e me pergunto se espero ele, abro a boca para falar, mas ele para no meio das escadas. - Pode comer, não ficarei. - assinto e forço um sorriso, noto que ele está me evitando e talvez a preocupação tenha acabado e ele tenha desistido de me querer, me sinto culpada, me pergunto se foi por causa do meu comportamento.

Como e vejo ele descer logo depois, ele arruma a porta e coloca uma tela na janela, observo tudo e recolho as coisas que sujei, começo a lavar a louça e sinto seus olhos sobre mim. Sinto-me incomodada e desejo voltar para casa. Me viro depois de secar a pia e não vejo ele mais. Deixo meus ombros caírem.

Ele se foi e nem pedi para ir para casa.

O dia passa e esquento a comida para jantar, como e me sinto solitária. Acabo adormecendo na cama enorme de Raiden.

***

O dia seguinte é longo, não vejo Raiden e acabo vasculhando seus armários, me sinto uma ladra comendo sem fazer nada, então acabo limpando a casa inteira e isso ajuda a fazer o dia parecer menos longo. Estou trancada dentro de casa e meio que não tenho curiosidade de sair depois que aquele ogro me seguiu até aqui. Acabo preparando meu banho e quase caio das escadas com o balde, depois de tomar banho e secar a banheira, fico deitada girando de um lado a outro e quando a noite cai, faço meu jantar, começo a andar no piso inferior enrolada ao cobertor e me arrisco a vestir um moletom enorme de Raiden, as pernas e bunda dele são realmente dignas de atenção, já que me sinto um graveto dentro da calça, uso uma das camisas e se eu não tinha nada a mostrar, dentro dessas roupas pareço uma criança.

Termino meu jantar e acabo dormindo cedo, não tem nada, absolutamente nada para fazer desse lado e entendo meus bisavós. Eu faria muitos filhos se vivesse nesse tédio, pelo menos teria umas crianças correndo pela casa e mantendo o dia agitado.

Suspiro.

Acordo no dia seguinte e escuto barulhos no piso de baixo, me sento na cama animada e desço rapidamente. Olho para a cozinha e vejo Raiden vasculhar ela, ele está com o braço pingando sangue. Olho a cena com certo assombro. Ele me olha de relance e fico parada observando ele resgatar faixas em uma das gavetas e começar a enrolar no braço. Me aproximo e estendo as mãos.

- Não! - ele ordena e recebo um olhar repreensivo. Me arrependo de querer ajudar. Meu coração aperta.

- Quero ir para a casa de Gabriella. - ele para abruptamente de enfaixar o braço e quero sair desse lugar, onde estou me tornando deprimente, me sinto um incômodo aqui.

- Não, aqui é seguro. - ele diz e fecho as mãos em punho.

- Quero ir embora Raiden. Agora!

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora