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Me sinto inutilizada. Raiden me pega nos braços e aconchego meu rosto em seu peitoral, bocejo. Ele sobe e me deixa na cama, ele se senta e sorri.

- Tudo bem? - assinto.

- Bem, satisfeita e cansada. - digo. Ele abre a fivela do cinto e afrouxa totalmente, tirando de perto do meu pescoço. Ele olha ao redor do meu pescoço.

- Não te deixei nenhuma marca ou hematoma. - ele diz e sorrio.

- Eu sei... Fica tranquilo. - ele me olha com emoção nos olhos prateados.

- Descanse... - ele pede e beija minha testa. Ele acaricia meu cabelo e fecho os olhos, seguro a mão que acaricia meu cabelo, entrelaço meus dedos e ele esfrega o polegar nas costas da minha mão. - Preciso ir agora ou vou querer abrir suas pernas e te lamber até que goze novamente só para que eu possa me enterrar de novo dentro de você. - rio.

- Você está sendo muito direto. - digo com os olhos fechados e solto sua mão. Me sinto cansada e satisfeita e me pergunto se estou sonhando.

Vejo ele se afastar.

- Vou descer e esfriar a cabeça, enquanto isso preparo seu banho. - assinto. Ele desce e suspiro, não sou capaz de satisfazer ele por completo e parte de mim entra naauele velho complexo.

Será que sou o suficiente?

Acho que todo mundo se pega nesse embate quando não sabe o que o outro pensa ou como ele se sente, mas a ânsia de continuar com Raiden é tão poderosa, mesmo que eu sinta que para uma primeira experiência, eu tenha me saído bem, porém não dado a ele o suficiente.

Engulo um nó na garganta e de repente me pergunto se permitir tentar foi uma má ideia e não poderei fazer ele se sentir completo, quer dizer, quero completar ele de alguma forma.

Tanto emocialmente quanto físico.

Me sento na cama me sentindo levemente dolorida, Raiden sobe e noto que colocou uma calça novamente, ele troca a água da banheira e observo suas asas se movendo lentamente pelo chão.

Sorrio e emoção me toma.

Sei que ele tem suas limitações e saber que ele tem medo que eu me afaste limpa algumas dúvidas da minha mente, ele olha em minha direção e caminha para perto, sou erguida em seus braços.

- Posso andar! - ele assente.

- Deixe-me cuidar de você. - sou colocada na banheira e ele se senta ao lado apoiando os braços na borda, começo a tomar meu banho e coro.

- Vai ficar me observando? - ele nega.

- Só até sentir que não suporto te ver sem te tocar, então sairei, não observarei a noite toda, por exemplo. - rio.

- Isso soa como um maníaco. É horripilante. - ele dá de ombros.

- Quero me certificar de que estará aqui e nada melhor do que olhando para você e... - ele belisca delicadamente minha bochecha. - vendo se não estou sonhando. - rio.

- Pare... - me sinto quente e vermelha de vergonha. - Estou ficando sem graça. - os olhos dele assumem a cor violeta.

- Tenho vontade entrar nessa banheira apenas para... - ele aperta a boca em uma linha fina e se levanta repentinamente.  - Acho melhor eu ir. - meu coração aperta, gostaria de ficar mais tempo com ele, mas farei as coisas funcionarem para nós dois.

- Tudo bem. - digo e ele me olha de relance e segue para o guarda-roupas, vejo ele se arrumar e sumir.

Me afundo na água e saio novamente, bocejo, me sinto realmente sonolenta, creio que a intensidade de Raiden é grande demais.

Termino meu banho e saio da banheira, ne seco e deito, acabo adormecendo sem sequer perceber.

Vejo Ada em uma sala caminhando de um lado a outro, ela se senta em uma cama e se levanta abruptamente ao ver alguém entrando, vejo uma mulher entrar na sala e se aproximar ela, Ada parece com raiva e discute com a mulher, as duas parecem brigar e a mulher deixa o local. Olho para Ada e vejo ela levantando as mãos e passando pelos cabelos avermelhados de forma nervosa, ela se senta na cama e chora, momentos depois ela olha ao redor e seus olhos ficam vermelhos, ela bate contra uma parede e parece gritar. Aos poucos identifico os sons e tudo sai do estado mudo.

Os socos contra a parede causam um barulho extremamente alto.

- Vocês vão fazer ele enlouquecer com essas merdas! - ela grita. - Parem de machucar meu povo! - acertam algo nela e vejo ela cair.

Ofego e abro os olhos. Olho ao redor e me encolho na imensa cama.

"Só um pesadelo..."

Foi só um pesadelo!

Algo dentro de mim diz que não é apenas um sonho ruim, mas que deveria me preocupar com isso.

Meu coração aperta e a angústia que já sinto frequentemente cresce un pouco dentro do meu peito, respiro vezes seguidas espantando a ansiedade e tentando evitar que esse pesadelo atrapalhe minha noite de sono, realmente seria melhor dormir abraçada a Raiden, mas sei que ele tem que trabalhar, não me sinto assustada desse lado mesmo com a escuridão da noite e tendo passado por tanta coisa, mas gostaria de ter a companhia dele agora.

Engulo o nó na garganta e tento me convencer de que está tudo bem e que eu deveria ficar tranquila e sorridente, pois foi apenas um sonho e eu não deveria estar alarmada em relação a segurança de Ada, já que não a conheço bem, mas sinto uma faísca crescente de alarde e é como se meu corpo inteiro pedisse para ir atrás dela e protegê-la, resgatá-la, como se eu soubesse exatamente como encontrar ela e devesse ir ajudar.

Suspiro.

Realmente devo estar com algum tipo de transtorno de estresse pós-traumático, já que passei por bastante coisa e Gabi já me disse que ela e Faruk são guardiões aqui.

Devo ter vinculado isso ao meu perigo e agora estou projetando perigo a outra pessoa. Balanço a cabeça.

Pare de pensar tanto e durma!

Me remexo na cama e tento focar no conforto dessa cama, penso no dia seguinte e sorrio.

Terei tempo para fazer coisas banais, como ir as compras com Raiden e foco nesse pensamento, apenas como duas pessoas se envolvendo normalmente, algo rotineiro.

Sorrio e coro com o pensamento.

"Durma Joyce! Esteja descansada!"

***

Acaba virando um tipo de rotina, passo o dia sozinha e acabo limpando a casa inteira todo santo dia para o tempo passar, Raiden e eu compartilhamos o jantar, conversamos e ele me deixa bem cansada antes de dormir.

Acabo aprendendo um pouco sobre ele, por exemplo, sei que ele ama crianças e que cresceu em um orfanato no vilarejo, meu coração apertou ao ouvir isso, parte de mim imaginou ele pequeno e sozinho.

Sei que ele ama comer humanoides e sinceramente não sei se quero saber o que são! Acabei perguntando o que era em uma das noites e ele disse que um dia faria para eu comer, mas que desejava não me espantar.

Aprendi que não devo provocar ele, já que com pouco, ele se torna realmente intenso e acho que ganhei na loteria, pois ele é realmente carinhoso sempre que pode.

Uma coisa que não devo fazer jamais, é brigar com ele, pois até mesmo broncas simples se tornam motivos para ele me fazer cócegas ou fazer olhos de gatinho e eu me arrepender de dizer qualquer coisa.

Enfim...

Acabo tendo dias mais que agradáveis e é notável que ele se segura, mesmo que a cada dia pareça mais preocupado.

"Farei funcionar!"

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora