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Adormeço e acordo momentos depois, me sento e me sinto dolorida. Olho ao redor e me levanto relutante, sorrio.

Acabo sorrindo involuntariamente e mordo o lábio. Saio do quarto cantarolando e encho baldes de água. Subo e tomo um banho realmente agradável.

Faço o almoço com alegria e como realmente mais do que o normal, me sento na sala e fico encarando a estante, olho para os quadros novamente, Raiden tem quadros. Um deles tem Téo e ele suados, sujos, ensanguentados e em estado deplorável, mas com sorrisos realmente largos, eles estão apenas de calças e realmente é uma imagem que emana masculinidade, sinto vontade rir, até as fotos são intensas.

Outra delas, tem ele abaixado e de braços abertos, as asas cobrindo o chão logo atrás e Chris andando com as pequenas asinhas em direção a ele, o olhar bobo de Raiden realmente é notável e creio que é minha foto favorita.

Tem uma dele distraído e me pergunto quem tirou, a imagem lembra a cena desses filmes de ação, onde o cara é um homem parado olhando para o nada, com muita raiva e seriedade, enquanto segura uma arma, no caso de Raiden, ele segura uma espada de forma despojada, seus olhos estão vermelhos e ele parece realmente focar em alguém, seja quem for, não deu sorte nesse dia.

Olho para outra imagem, essa é outra favorita, ele está deitado e com asas abertas, seu sorriso é genuíno e o gramado ao redor é verdinho, uma das asas o sol reflete e a outra está na sombra da árvore, ele parece irreal de tão lindo que está na fotografia, olho para ela e meu coração aquece. Seja lá quem tirou ela, estava sobre uma árvore.

Suspiro.

A tarde demora a passar e quando a noite cai, subo e tomo um banho, troco a água da banheira e deixo água quente e limpa. Sorrio. Me sento na cama nua e me sinto ansiosa. Ouço barulho no andar debaixo e corro para as escadas. Sorrio. Travo no meio do caminho e encaro o olhar de Raiden e de Téo... Téo?! Coro. Olho para Raiden novamente e ele sobe as escadas tirando a jaqueta e joga por cima de mim e me gira, subo com meu rosto queimando de vergonha, ele apoia as mãos em minha cintura e chego ao andar de cima. Encaro ele com um olhar repreensivo.

- Achei que viria sozinho! O que foi isso!? - sussurro. Ele me olha com culpa.

- Perdão paixão... - ele pede e acho realmente fofo os apelidos. "Você está brava!" sim! Estou . Limpo minha mente.

- Eu acabei de passar a maior vergonha da minha vida. - digo e ele me olha com olhos de gatinho.

- Realmente não era minha intenção. - ele diz e me viro, me afasto dele e visto um dos moletons e uma camisa. Olho para ele e cruzo os braços. Ele me puxa para perto. - Não vai se repetir delícia... - assinto. "Não mesmo!" saio do abraço e caminho para o andar debaixo sentindo Raiden logo atrás. Téo está na sala. Me sento do lado contrário e Raiden se acomoda no tapete parecendo amuado. Olho para Téo com as bochechas queimando.

- Oi... - digo e ele me olha de cima em baixo. - Como Gabi está? Pretendo ir ver el...

- Quer ir hoje? - ele pergunta e Raiden move as asas no chão, ele me encara e olho para ele de relance, mas volto a olhar para Téo.

- É noite... Raiden vai trabalhar? Se for, adoraria ir dormir lá e volto para casa amanhã. - digo e meu coração aperta. Posso vir ver Raiden já que atravesso sem problemas, basta combinar o dia e a hora, Raiden tensiona e olho para ele, seus olhos brilham em amarelo e vejo lágrimas ali, franzo o cenho e olho para Téo.

- Quer ir para casa? - Téo pergunta. - Raiden te machucou? - olho para Téo estranhando.

- Não... Ele não me machucou... - digo. Sei que Raiden e Téo são próximos e sinto um aperto no peito, já que Téo lembra um irmão mais velho e ver o olhar assustado de Raiden me faz ficar confusa. - Eu quero ir para casa porque fico aqui sozinha, durante um ou dois dias seguidas, mas não porque ele me machucou. - digo e olho para Raiden, ele permanece com a cabeça baixa e noto a fragilidade dele, meu coração aperta e sinto vontade abraçar ele.

- Ele te assustou em algum momento Joyce? - penso e sim, mas não algo grave a ponto de me fazer querer ir embora por causa dele, gosto da presença dele. Pisco vezes seguidas e assinto.

- Mas não para me fazer querer ir embora. - digo.

- Vocês transaram certo? - fico descrente.

- Sou uma mulher adulta e não estou gostando desse interrogatório, qual seu problema? - pergunto irritada. - Raiden não me machucou, nem acredito que está ponderando algo a... - Téo cruza os braços.

- Ele te machucou? - ele pergunta uma vez mais e cerro os dentes. Olho em direção a Raiden e ele não me encara. Saio do sofá e me sento de frente com ele, seguro seu rosto e vejo olhos amarelo e preocupados, fecho os olhos e apoio minha testa na dele.

- Me ajude a entender o que Téo quer... - digo e ele me puxa para seu colo e afunda o rosto em meu pescoço, é como se estivesse se despedindo. Olho em direção a Téo por cima dos ombros. - Por que está me fazendo essas perguntas? - Raiden me aperta. Téo suspira.

- Raiden não pode ficar com humanas, nem humanas do seu lado e nem desse lado, também tem restrições quanto a ninfas, pode escolher bruxas, fadas, elfas dependendo a força delas ou alada. - ouço e não compreendo.

- Por quê? - pergunto e ele faz uma careta.

- É complicado... - ele diz e suspira. - Raiden não tem um botão que desliga os impulsos dele, não sei como se chama do lado humano, mas para um alado é como um defeito genético, então ele é um alado puro treinado pata matar e não amar... - ele suspira. - ele ama no entanto, é como um... - ele respira fundo. - Raiden era um alado prodígio quando pequeno, mas sua habilidade é muito arriscada e ligada ao defeito genético, o torna perigoso, então para ele ter uma companheira, a força deve ser maior que a dele ou ele a mataria. - sinto o gosto de bile em minha garganta e inspiro lentamente assimilando as palavras e tendo os braços ao meu redor. - Axe tem o mesmo defeito... - ele diz. - Enfim, Raiden não pode se envolver com você Joyce... Ele vai te matar sem perceber. - engulo seco e estou em choque.

- Me matar sem perceber... - repito com horror.

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora