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- Intrusa! - a árvore diz e franzo o cenho. Olho ao redor da trilha de pérolas negras.

- Do que está falando? - a árvore apenas repete.

- Intrusa! - bufo e olho ao redor. Não posso me distanciar tanto do caminho de pérolas negras, para isso o batalhão de Drake existe, para revisar a floresta enganosa quando coisas assim surgem.

- Não posso sair agora, estou ocupado, Maiana está dormindo e não temos tempo para ir revisar a floresta, percebe a bagunça? - a árvore se endireita e me encara com desdém.

- Espero que a intrusa cause caos em Pearl. - faço uma carranca.

- É do sexo feminino? - a árvore assente  e fica muda. Bufo. Sinceramente, não sinto a necessidade de ir verificar, verificaria se fosse homem, mas é mulher e isso não é da minha conta no momento, até porque a floresta enganosa é um lugar hostil e pode se livrar facilmente de intrusos, basta que tope com algum ogro, uma nuvem de diabretes, algum bruxo ou bruxa, ou qualquer ser das sombras.

Não me interessa.

Voo ao redor da trilha e vejo outro suspeito com capuz, baixo e paro em frente a ele.

- Identificação. - peço e ele tira o capuz. É um homem de meia idade, cabelos grisalhos e um olhar duro.

- Bruxo. - assinto. Ele sorri e estende a mão sinalizando ao redor. - Apenas de passagem, não vou causar danos. - arqueio uma sobrancelha.

- Tem alados por todo o caminho, tenha cuidado. - digo e soa mais como uma ameaça do que um advertimento. Ele sorri amplamente.

- Não vai precisar me ver novamente alado prateado. - sorrio.

- Espero que não. - digo com desdém e encaro ele de cima a baixo. Alguém toca minha asa e arqueio elas, me viro e dou de cara com uma ninfa de flores me olhando com acanhamento. Franzo o cenho.

- Tudo bem? - pergunto e observo o bruxo se afastar, suspiro e volto a encarar a ninfa.

- Trouxe água, deve estar com sede... - ela diz e estende a mão escondida, sobre ela paira uma bolha de água flutuante e ela aproxima do meu rosto. - Tome. - engulo seco e realmente quero poder tomar água em paz. Aproximo meu rosto da bolha e sinto quando a bolha toca meus lábios. Sinto o fluxo indo para minha língua e engulo quando passa por minha garganta. O prazer de tomar água sem que seja das frutas me deixa saciado e quando a bolha se desfaz, a ninfa abaixa a cabeça e me reverencia.

- Obrigado. - digo e estendo as asas ao redor dela quando ela se encolhe e parece sentir frio. - Deveria buscar roupas mais quentes. - digo e encaro o vestido dela.

- Irei... - ela diz e olha em direção as flores que cultiva. - Mas elas são frágeis e morrerão muitas até que eu retorne. - suspiro.

- Antes elas do que você. - digo e ela me encara por alguns segundos e desvia o olhar para minhas asas. Volta a me encarar e suas bochechas ficam ainda mais vermelhas.

- Cuide delas até que eu volte, prometo não demorar. - ela junta as mãos em súplica. Sorrio, ela se cala e abaixa a cabeça envergonhada.

- Não me deu água em troca de que eu cuide de suas flores, certo? - pergunto de forma divertida e ela nega veemente e me olha de relance.

- Foi porque quis, apenas. - assinto e olho para as flores perto da trilha. Tiro minhas asas de perto dela e ela leva as mãos para os braços e esfrega. Me abaixo sentando no chão e estendo uma das asas sobre as flores. Olho para a ninfa e ela sorri amplamente. - Obrigada alado prateado. - assinto e ela voa em direção a floresta verde. Olho para as flores e suspiro. Olho para o céu e estendo uma das mãos pegando um floco de neve.

Um vento gélido atravessa o ar e vejo Jake pousar perto de mim. Olho para ele e faço uma careta.

- O que é? - ele se senta ao meu lado.

- Estou cansado... - rio.

- Imagine minha exaustão. - digo e ele bufa.

- Tem muitos bruxos por aqui, isso não é normal. - assinto.

- Devem estar aproveitando a bagunça para tentar sequestrar uma ninfa. - digo e ele me encara com receio.

-Vou voltar a voar, não sinto-me seguro sabendo que uma delas pode morrer. - assinto. Ele aponta minha asa estendida e recolho a asa, estendo a outra e ele olha para as flores. - Não acredito que está tentando manter essas flores quentes. - ele ri. - Sabe que elas vão morrer em breve, certo? - nego.

- A ninfa que cuida delas foi vestir roupas quentes. - ele arqueia as sobrancelhas.

- O cavalheiro decidiu agradar a ninfa e cuidar das rosas. - faço uma careta.

- Isso faz eu parecer interessado nela? - ele assente.

- Obviamente. - balanço a cabeça e rio em descrença. A verdade é que a mulher que permeia minha mente não tem nada a ver com uma ninfa. Parece o oposto de uma, se veste completamente diferente de uma ninfa e tem cabelos castanhos, olhos castanhos e uma pele que eu adoraria tocar e sentir. Fecho os olhos momentaneamente tentando afastar o pensamento e sinto sangue sendo bombeado para meu pau. Abro os olhos e encaro Jake.

- Definitivamente ela não é de meu interesse. - digo e Jake franze o cenho.

- Olhos violetas... - ele diz e aponta meu rosto. Deixo meus ombros caírem.

- A criatura que me interesso está longe de meu alcance... É uma humana. - ele abre a boca em choque.

- Você não pode tocar humanas. - ele gralha e me sinto irritado.

- Você não ia voar e voltar a patrulhar?! - ele assente e se põe de pé.

- Trás ela então. - ele diz e gostaria que fosse tão simples. Meus olhos captam Téo saindo da floresta verde e vejo Gabriella e Chris em seus braços, antes que eu assimile, estou no céu e seguindo Téo. Ele entra na floresta enganosa e percebe minha presença, pousa e coloca Gabriella no chão, ela sorri gentilmente.

- Bom dia Raiden. - sorrio de volta.

- Bom dia. - digo e coloco as mãos nos bolsos nervosamente. - Estão indo ao lado humano? - Gabriella assente. Téo toma a palavra.

- Joyce quer ver ela e Chris, Kate veio a nossa casa ontem, pedir que eu levasse Gabi ao lado humano. - olho para as roupas dela e do pequeno Chris. Eles realmente estão bem agasalhados.

- Ela está bem? - pergunto e Gabi assente e se aproxima de mim, segura meu rosto com as mãos e me oferece um olhar carinhoso.

- Quer ver ela? Sempre pergunta isso quando sabe que vou ver ela... Sei que vai dizer não como sempre, mas... - nego e recuo.

- Não tem necessidade. - digo e olho para Téo. - Cuidado. - digo e ele assente.

- Obrigado por segurar as pontas enquanto cuido de Gabi e do meu filho. - sorrio.

- Aproveite. - ele assente e sorri de forma atrevida, seu olhar trava no bumbum de Gabi e seus olhos vão ao violeta.

- Estou aproveitando. - rio e Gabi olha em direção a Téo.

- Téo!
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As floreeeeees
Ele deixou as flores sozinhas!!!

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora