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Inspiro com força e abro os olhos. Ofego. A adrenalina entra em meu sangue de tal forma, que me coloco de pé rápidamente, olho ao redor e me vejo ainda dentro da floresta assombrada. Devo ter desmaiado de exaustão.

Começo a andar e me sinto realmente fria. Meu cabelo volta a brilhar.

"Joyce?"

A voz de Ada soa. Olho ao redor e não vejo ela. Estou delirando.

"Joyce!? Fale comigo... Basta falar comigo ok?"

Me desespero. Olho ao redor e mordo o lábio.

"Onde você está!? Me ajude, estou em uma floresta assustadora e não sei como sair, estou com frio, fome, sede e perdi sangue."

Caminho relutantemente em direção a luz e não importa o que aconteça, chegarei a ela. Viva ou morta.

"Ok Joyce... Se acalme, vai ficar tudo bem, está em Pearl... Me pergunto se você finalmente apareceu por mim, se for... Obrigada."

Não entendo o que Ada diz, apenas quero sair daqui. Me sinto entorpecida de sensações e acabo caminhando sem sequer me dar conta se estou indo rapidamente ou lentamente, apenas caminho. Devo parecer um zumbi caminhando, a voz de Ada soa novamente.

" Falamos disso depois, mas agora focaremos em você... Vê uma luz? Caminhe para ela, alguém vai te ajudar, chame por Faruk, peça ajuda a ele."

Ouço o que ela diz, já estou caminhando para a luz, apenas quero alcançar ela.

"Faruk! Me ajude! Estou perdida em uma floresta horrenda."

Peço e espero obter resposta. Continuo caminhando e começo a me sentir tonta novamente, mas dessa vez, algo me diz que se eu ceder, provavelmente vou morrer, então não posso simplesmente parar. Continuo caminhando e sinto que estou arrastando os pés e não dando passos firmes. Tropeço e caio. Tusso e olho ao redor, me levanto e volto a caminhar.

Faruk não parece ter me ouvido. "Como se fosse possível."

Acho que falar com Ada foi um mero delírio, aliás, ela não disse nada do que eu já não estivesse fazendo. Continuo a passos vacilantes e olho de relance para o lado, vejo uma sombra e esse vulto escuro passa por entre as árvores e some atrás de uma árvore, não tenho forças para encarar mais nada, apenas serei morta se algo acontecer.

O vulto volta a aparecer e vejo o que é, caio para trás e ouço o rosnando em cima da minha cara, o lobo me encara e sorrio, lágrimas rolam pelas laterais de meu rosto.

- Tenha um bom almoço lobinho... - digo e fecho os olhos. Ouço um ganido e o peso dele some de cima de mim, um homem de capuz aparece ao meu lado e olho em direção ao lobo, ele está estendido e estremece algumas vezes, antes de parar de se mover, tudo ao redor cheira a morte nesse lugar, os mais fortes tentando comer os mais fracos.

Olho para o homem de capuz e ele me pega nos braços. Me pergunto se ele vai me matar.

- Vai me matar? - solto a pergunta com a voz fraca. Não que eu me importe, já lutei o bastante, apenas queria continuar indo em direção a luz, mas até eu sei o momento de desistir. Ele me carrega e olho para seu rosto, olhos distantes e frios, como se a maldade morasse ali. Sorrio fracamente. - Que pergunta estúpida... Vai me matar, até agora tudo tem tentando me matar, não sou muito sortuda. - digo e ele permanece calado.

Sou levada até uma pedra estranha e olho em direção a luz, parece que quanto mais quero estar perto, mais distante ela fica. Sou colocada sobre a pedra e vejo o homem afiar uma adaga. Sou algum tipo de sacrifício para ele provavelmente, fecho os olhos, não estou surpresa por ele tentar me matar. Sinto minha jaqueta sendo aberta e a brisa fria toca meus seios. Tusso. Sinto mãos nos botões de minha calça e me sinto alarmada. Abro os olhos. "A não! Posso morrer, mas não vou perder minha dignidade!" saio da pedra e chuto o meio das pernas do homem, ele cai de joelhos e começo a correr. Cambaleio e pisco vezes seguidas tentando limpar minha visão, corro como se não houvesse amanhã e me pergunto quantos amanhã's terei que desistir.

Olho para trás e levo um baita susto ao ver o homem mudo e maluco voando em uma vassoura. "Céus! Esse lugar é pior que meus pesadelos!" preferia sonhar com o Chuck tentando me matar do que estar vivendo isso tudo.

Ele tenta me agarrar e me jogo na neve, sinto o frio bater contra meus seios, ele dá meia volta e me levanto, começo a correr novamente e grito. Sou perseguida por um homem voando em uma VASSOURA e me pergunto se estou sonhando. Trombo contra uma árvore e desvio do homem.

- Me deixa em paz! - grito e tento correr mais depressa, a tontura aumenta e tudo fica turvo, respiro mais depressa tentando fazer meu corpo responder e me choco contra uma árvore, caio sentada e olho para cima, vejo tudo meio escuro e o vulto dele passa perto de mim, sinto mãos em minha jaqueta e sou levantada no ar. Me debato e olho para o chão, vejo que estou flutuando e ofego. Olho ao redor e penso na queda. Tiro os braços de dentro da jaqueta e caio em queda livre contra o chão, bato na neve e solto um grunhido de dor. Minha cabeça dói que lateja. Tusso. Começo a andar mancando e olho para cima o tempo todo, vejo a vassoura e o homem maluco voando novamente em minha direção e desenrolo a blusa do ferimento, enquanto caminho mancando, visto a blusa ensanguentada tampando meus seios.

Ele tenta me pegar novamente e me abaixo, tudo escurece, tento me colocar de pé e não dou conta, meu corpo se nega a mover.

Sinto uma mão em minha cintura e no segundo seguinte não estou mais no chão. Sou levada pelo ar e o vento frio me faz estremecer, tento não desmaiar e vejo a pedra novamente, sou colocada sobre ela e olho para o homem. Ele volta a afiar a adaga e sorrio fracamente.

- Eu tentei... - digo e sinto ele rasgando minha blusa. Sinto suas mãos em minha calça e apago.

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora