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Sinto tudo ao meu redor me deixando mais e mais apreensiva e olho pela janela de vidro, me arrependo no segundo seguinte ao ver um ogro. "Não..." me dou conta que é o mesmo ogro que machuquei o nariz e ele parece saber onde estou. Me calo. Agradeço mentalmente por Raiden ter trancado a porta e ofego. Me sinto apreensiva e devo estar sonhando, ele me seguiu até aqui?! Não é possível. Ele ruge e me afasto da janela quando vejo ele correndo em direção a ela. Grito com o baque, vidro vai ao chão e noto a fragilidade, ofego. Ele bate com o braço dentro de casa e olho ao redor. Acho uma porta no chão e abro ela com dificuldade, desço as escadas e penso em me esconder dentro dela, acendo a luz e olho ao redor.

Engulo seco e mudo de ideia.

Tem machados, espadas, arcos e flecha, armaduras de guerra e tudo o que pode-se pensar sobre material de guerra. Abro a boca em choque e subo as escadas novamente, fecho a porta com dificuldade e olho ao redor da casa. "Ele não arrebentaria a porta, certo?!"

Olho para a cozinha e pego a vassoura escorada ao lado do armário de Raiden. Olho em direção a janela, o ogro tenta de qualquer forma pegar algo pela janela e rosno de raiva, bato com o cabo em seu braço e fico em uma posição engraçada enquanto cutuco ele com a vassoura.

- Me deixa! - gralho e ele tira o braço e aponta a cabeça. Vejo o olhar irado dele e engulo seco. Olho ao redor e me pergunto se estou sonhando. Ele se afasta da janela e olho em direção a porta. Silêncio total no lugar. Ele bate contra a porta e estremeço, por um momento sinto o terror de imaginar ele entrando e me partindo em dois, como em Shingeki no Kyojin! Ofego. Ele bate contra a porta e ela solta um pó, como se estivesse realmente afetado um pouco sua estabilidade. Sinto lágrimas nos olhos.

Me encolho do outro lado da sala em frente a porta e seguro a vassoura com tanta força que sinto o nó dos dedos ficando sem sangue, eles ficam esbranquiçados e olho para a porta com preocupação.

Outra trombada dele sobre a porta e me pergunto se essa casa vai aguentar, ela realmente parece forte, mas me pergunto se realmente pode suportar as investidas do ogro.

Levo um susto quando ele tromba novamente e me pego sentada encarando a porta sem parar. Meus olhos marejam e me pergunto onde Raiden está, ele deveria saber que isso podia acontecer e não me deixar aqui trancafiada! Poderia ter me levado com ele e não me deixado a mercê de uma morte solitária e assombrosa.

Acabo ficando horas parada no mesmo lugar e os baques cessam, adormeço.

***

Acordo com um baque estrondoso e estremeço. A porta ameaça cair e ouço um rugido. Arregalo os olhos e me pergunto por quanto tempo eu dormi e que horas são.

Me levanto e noto que está bem mais escuro, caminho cegamente pela casa escura e rezo para que a porta aguente, me dou conta do perigo que corro e talvez esses seres sejam noturnos e a força aumente durante a noite, isso explicaria muita coisa. Meu estômago ronca e acho a porta que leva ao porão cheio de ferramentas perigosas, abro a porta e entro, fecho ela de volta enquanto outro baque ecoa alto, ouço o som de madeira quebrando e agradeço por me esconder, desço as escadas cegamente e prefiro não acender a luz e chamar a atenção, fico sentada no último degrau e abraço meu corpo trêmulo e assustado. Meu cabelo brilha e começo a me sentir um vagalume. Engulo seco. Deve ser alguma reação a esse lado.

Suspiro.

"Calma Joyce..."

Ouço o barulho no piso e ele está caminhando para todos os lados, provavelmente me procurando.

Espero que ele seja burro o suficiente para não entender que a argola metálica sobre essa porta é para ser puxada, ou estarei morta, virarei picadinho para esse ogro faminto e perseguidor. Engulo seco.

Fecho os olhos e abro novamente. Seguro minha respiração ao sentir os passos dele sobre a porta e começo a pedir em súplica para que ele desista e vá embora.

Ele se afasta e respiro urgentemente enquanto o alívio me percorre, acabo tocando as escadas e me perguntando aonde Raiden se meteu até tão tarde, certamente foi morto em uma briga com um desses seres assustadores. Meu coração aperta. Ele não pode morrer. Isso me deixaria em migalhas e sequer entendo direito o que sinto por um cara que vi poucas vezes e tenho um amor platônico, pior... Um cara sádico que curte algo mais hardcore e eu toda santa e puritana, entre aspas, querendo embarcar nesse jogo maluco.

Céus. Coro. Sinto vontade rir de meus pensamentos e penso que de santa, nem minha unha do dedo mindinho do pé, mas convenhamos que, ai que homem...

Limpo a mente e foco em minha vida, ainda estou com raiva de ser trancada dentro de casa, mas por outro lado, agradeço a Raiden por isso, consegui viver um dia inteiro sem ser pega por um ogro maluco e faminto. Engulo seco. Meus cabelos brilham e fecho os olhos. Me sinto excitada e me odeio por pensar em Raiden em um momento como esse. Sou traída e minha mente vai até ele, engulo seco, lembro da noite passada e de suas palavras. Suspiro. Que mal tem aproveitar o momento trancafiada em um porão com um ogro me caçando, enquanto estou com fome e medo, para me satisfazer. Mal nenhum! O que poderia acontecer de pior?

Acabo realmente deixando meus pensamentos fluírem e pensar em Raiden realizando os desejos dele me faz corar. Respiro com mais dificuldade e abro a boca para respirar melhor.

"Raiden..."

Minha mente voa para ele e apoio a cabeça em um dos degraus enquanto me satisfaço.

"Faça isso enquanto eu estiver por perto delícia..."

A voz dele invade minha mente e paro. Controlo minha respiração e coro. Olho ao redor e realmente acho que posso me comunicar mentalmente com ele. Coro. "Céus..." se isso for possível, devo parecer uma pervertida aos seus olhos. Mordo o lábio.

Ouço passos no piso de cima novamente e as pisadas pesadas me fazem sair dos devaneios.

"Vai embora..." suplico mentalmente.

RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VIIOnde histórias criam vida. Descubra agora