RAIDEN - Saga "Pearl" - Livro VII

34

Alço voo e outro estrondo no céu me assusta, acabo voando baixo e volto a pegar altura.

- Joyce! - olho para Raiden. - Volte ao castelo. - nego, por mais que esteja assustada, não vou voltar.

- Estou logo atrás de você. - digo e baixamos na trilha, vários alados evacuam a trilha e vejo uma ninfa cuidando de suas flores, ela sequer se move e paro ao lado dela.

- Tem que sair daqui. - ela me olha de relance e nega.

- Não vou deixar esse lugar parecer sombrio novamente. - ela diz e meu coração aperta. Outro trovão alto e o chão estremece. Olho para ela e vejo medo em seus olhos.

- Vá para casa, trarei Ada de volta. - ela me olha.

- Como? - pisco vezes seguidas. Ainda não pensei nisso.

- Sou a alada protetora. - seu olhar clareia e ela deixa as flores e me olha com alegria.

- Prometa. - sorrio.

- Prometo trazer ela de volta. - digo e vejo ela se afastar e adentrar a floresta verde. Noto que os alados tem dificuldade para evacuar a trilha e meu olhar puxa em direção a Raiden quando uma das ninfas abraça ele de repente, ele ergue os braços e depois abraça ela de volta e afaga os cabelos dela, ele diz algo a ela e vejo ela assentir freneticamente. As palavras dele fazem sentido e eu definitivamente não gosto do jeito que ele trata a ninfa.

Cruzo os braços e Maiana passa por mim.

- Ajude a evacuar, eles estão assustados, algumas vezes nos abraçam. - Maiana diz e me tranquiliza. - Observe. - ela solta Raiden e alça voo para longe em seguida. Me sinto irritada por ver ele abraçando a ninfa do mesmo jeito.

- Ok. - digo a contragosto e Maiana ri. Olho ao redor e caminho para perto de um duende.  - Precisa ir. - ele suspira e parece assombrado.

- Vamos morrer? - nego.

- Sou a alada protetora e irei atrás de Ada. - digo e tento ignorar o amontoado que o vestido cria ao me abaixar. - Confie em mim. - ele assente e caminha para longe. Olho ao redor e vejo a trilha mais vazia.

Trovões soam e raios começam a riscar o céu, engulo seco, as coisas estão ficando assustadoramente perigosas ao redor.

Me levanto e começo a ajudar a evacuar como posso, estranhamente consigo facilmente simplesmente por dizer que sou a alada protetora e meu coração se aquece, olho em direção a Raiden e sorrio involuntariamente, sei que minha mãe biológica já sabia que ele iria entrar na minha vida.

Limpo os pensamentos e desvio o olhar dele assim que vejo outra ninfa abraçando ele, mordo o interior das bochechas e me viro na direção contrária, detesto sentir isso, mas me dá vontade separar a ninfa dele pelos cabelos e sei que estou agindo de forma feia, já que não devo me importar com isso, é o trabalho dele.

Sinto um pingo em minha bochecha e olho para cima. Outro pingo em meu rosto e olho ao redor. "Chuva..." sei que não vai demorar para comecar a chover e o pior, já está bem frio, já que parou de nevar a pouco tempo e agora essa chuva gélida ameaça cair.

Depois de um tempo, a trilha inteira é evacuada e Raiden pousa ao meu lado, vez ou outra, cai um pingo de água. Olho torto para ele e vejo o sorriso sinico crescer em seu rosto.

- Não me olhe assim delícia... - ele pede. - Saiba que minha função é acalmar esses seres e garantir que saíssem. - ele diz.

- Dormiria com uma das ninfas se ela pedisse?! Não duvido, aliás elas tem fartura em seios e bumbum. - ele me olha sério.

- Nunca mais fale assim. - ele diz e coro. - Eu te marquei Joyce... Pode não ter crescido aqui, mas entenda que isso é algo que não saímos fazendo e não... Eu não dormiria com nenhuma, não me interesso por outras mulheres. - ele diz e assinto.

- Ok... - digo disfarçando a vergonha. Olho ao redor e percebo que os alados estão se dispersando, olho para Raiden. - Vamos para sua casa ou para o castelo? - pergunto.

- Quer se preparar para ir atrás de Ada? É melhor colocar outra roupa, podemos passar em casa antes... Nossa casa. - ele corrige. Meu coração se aquece.

- Ok. - digo e sorrio. Trovões soam alto e estremeço.

- Tem medo de tempestades? - assinto.

- Elas me dão calafrios, não gosto de raios e trovões. - digo e ele assente.

- Está tudo bem... Não está sozinha. - ele diz e se afasta. Chuva começa a cair e a chuva fria me faz encolher as asas.  Raiden alça voo e sigo ele.

Baixamos em frente a nossa, "Ai, ai... Nossa casa em!" coro, enfim... Baixamos e caminho para a varanda, Raiden abre a porta e me abaixo quando um raio cai e o estalo é tão alto que me faz gritar, movo as asas e me coloco de cócoras colocando elas ao meu redor. Raiden se abaixa na minha frente e sinto lágrimas nos meus olhos. Ele segura meu rosto entre as mãos.

- Calma delícia... - tiro as asas do caminho e ele me ajuda a ficar de pé. Entramos e agarro o uniforme de Raiden. Sigo ele a todos os lugares na casa e vejo ele preparar um banho. Outro raio cai próximo e me sinto, realmente, um pouco apavorada. Subimos e Raiden testa a temperatura da água na banheira, ele segura minha mão e me faz soltar seu uniforme. - Primeiro preciso que se tranquilize, não precisa ficar assustada com os raios e nem os trovões, você é uma alada agora, pode voar entre eles. - ele continua falando enquanto tira meu vestido. - Pense neles como algo mais fraco que você, tenho certeza que pode vencê-los, aliás, você é forte. - ele me encara e vejo os olhos violetas, ele ignora meu corpo e me ajuda a entrar na água. Outro trovão soa e Raiden apoia a cabeça perto de minha tempora e acaricia uma asa, sua voz soa macia em meu ouvido. - Prometo que antes que algum raio te atinja, eu te salvo, então pode ficar tranquila, nada pode te machucar. - fecho os olhos ouvindo as palavras doces. - Fez um bom trabalho ajudando a evacuar a trilha... - ele diz e sinto sua outra mão esfregando meu corpo. - Se sente mais calma? - ele pergunta contra meu ouvido e a casa estremece ao cair outro raio, esse provavelmente atingiu a casa. Fico tensa. Abro os olhos e encaro Raiden, ele se afasta um pouco e continua me dando banho. - Pareço assustado? - nego. - Confia em mim... - ele pede e assinto. - Então encare esse medo ok? Não vou dizer que é bobo, apenas não dê importância a ele... - ele sorri com doçura e me puxa em pé. - Pense em Ada, ela precisa de você.

Assinto.

- Só não me deixe sozinha...