4.70- culpa-lá

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EU NÃO PODIA FAZER ISSO

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EU NÃO PODIA FAZER ISSO.

Eu não podia ver.

Eu não conseguia ouvir.

Porra eu recuei.

O tempo todo que nós tínhamos jogado pôquer, Marco tinha me observado.

Ele sabia o que isso faria comigo.

Ele sabia como eu iria lutar e ficar aleijado e potencialmente me desmascarar por completo.

Ele viria para o jogo com a mesma arma que ele tinha me ameaçado à dois meses atrás, a mesma arma enganchada na cintura, brilhando, despreocupadamente, prometendo morte se eu desobedecesse.

Ele tinha estado fodendo em sua tortura esperando o momento certo para rastejar mais perto, mas nada tinha sido comparado ao sair e deixar Sina com a minha família.

Eu odiei ter que sair.

Mas eu não tinha uma escolha.

Discutir o que iria acontecer era uma coisa.

Vê-la ser inteiramente fodida era outra.

Minha pele coçava.

Meu coração explodiu.

Meus pensamentos eram um naufrágio turvo.

Eu preciso de ajuda.

Eu não poderia viver comigo mesmo sabendo o que aconteceria com Sina.

Você poderia ter uma overdose.

Pegue um punhado de comprimidos e coma, então eu nunca teria de enfrentar as consequências do que essa dívida faria.

Eu alisei meu cabelo e chutei a parede.

O pequeno ato de violência chiou um pouco da minha raiva.

Chutei-a novamente.

A dor que eu costumava procurar, antes de engolir comprimidos, deflagrou a aparecer.

Eu chutei pela terceira vez.

Agonia martelou e apareceu nos dedos dos pés.

Ela me acalmou.

Me ajudou a focar no propósito maior, em vez das próximas horas.

Encontrar certa paz no meu furor foi desonesto.

Eu deixei as minhas paredes, para me transformar em uma besta.

Virando, abracei cada polegada de minha raiva, as peças que eu sempre quis que sofressem, as peças que eu mal reconhecia em tudo.

Eu mostrei a minha verdadeira insanidade.

Sina estava certa.

Eu sofria de uma loucura.

E ela me condenou eternamente sem cura.

Ela me odeia.

- Merda!

Andei pelo corredor e tirei uma caixa de música, que tinha sido da minha grande tia de uma mesa lateral.

Arremessando-a para o chão, senti uma satisfação doentia quando as molas saltaram livre para um emaranhado de música e serenata com notas quebradas.

- Merda!

Eu lancei os castiçais de ouro nas paredes cobertas com tapeçarias.

- Merda!

- Merda, merda, merda!

Ao longo da minha fúria, tudo que eu conseguia pensar era o que Josh faria.

E como Sina reagiria.

Tentando salvá-la, eu a tinha perdido para sempre.

Ela me odeia.

Ela me despreza.

Ela odeia tudo sobre mim.

E eu não poderia culpá-la.

INDEBTED (CONTINUAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora