23°

764 32 30
                                    

Mal

- é só um pouquinho, Bertha.

Aperto mais forte o frasco de shampoo sob seu olhar desesperado ao ver o líquido viscoso de aroma adocicado se espalhar em minha mão, tudo isso antes de ter um fim em seus cabelos.

- você é Rei, nunca vi gente rica ter dó em gastar as coisas - murmuro ao jogar o frasco quase vazio no chão e colocar minhas duas mãos em seu cabelo, incitando a formação de mais espumas.

- é difícil encontrar shampoo de chocolate, sabia?.

Passo a espuma em sua cara o fazendo tossir, o que me motiva a rir de sua atitude exagerada já que esse shampoo é de criança portanto não arde os olhos.

- meus olhos!.

- é sem lágrimas, Florian - ironizo antes de ligar o registro e a água do chuveiro começar a tirar a espuma marrom da sua cabeça. - olha só, ao menos Bela não vai mais tentar me matar por trocar seu shampoo de chocolate pelo de morango. - sorrio para ele que me abraça para a água me molhar também. - já lavei meu cabelo, idiota!.

- quando? Semana passada?.

Antes que eu possa xingar ele, o abraço quando seus lábios tocam nos meus.

- eca! Tem gosto de shampoo - exclamo fazendo ele gargalhar pela minha constatação óbvia, não é só porque o cheiro é de chocolate que o gosto vai ser o mesmo. Enfim, a decepção. - já te chamei de imbecil hoje?- questiono quando ele bagunça meus cabelos ao jogar condicionador, produto esse que eu já tinha passado antes dele invadir o banheiro e se ajuntar a mim _ sem a minha permissão, óbvio.

- sua língua vai cair se me tratar com amor as vezes?- pergunta me abraçando por trás deixando a água do chuveiro nos tirar o resquício do produto condicionante. - apelidos carinhos são forma de demonstrar o amor que sentimos, sabia?.

- Benjamin, eu estou nua na sua frente, não espere uma demonstração de amor maior que essa - rebato deixando ele sem ar de tanto rir.

- você é demais, amor.

Sorrio contra seus lábios sem me importar com os gritos de Bela nos chamando lá no quarto.

👑👑👑

- e essa é a última.

Sorrio ao ver ele terminar de colar uma foto de Sofia na parede do mural em seu esconderijo secreto no castelo. Beijo a cabecinha de Sofia e a coloco de frente para suas fotos, não que faça alguma diferença já que ela só tem um mês de vida e não deve enxergar merda nenhuma.

- liga não, filha. Seu pai é meio manieco mesmo - sussurro para ela em um tom que dê para Benjamin ouvir.

- sou manieco por gostar de registrar os momentos?- questiona ao me abraçar por trás e apoiar seu queixo em meu ombro.

- isso é bizarro, Florian - digo fazendo ele rir - olha aquela foto minha - me aproximo da minha imagem completamente apagada na cama com uma cara péssima - minha nossa, Benjamin! Como eu não tinha percebido isso antes?. - olho abismada para ele pela foto em questão.

- graças a mim nós temos o primeiro registro de quando Eu descobri a existência de Sofia. Tá vendo filha? Você já existia aqui - aponta para a foto e olha para a bebê quase caindo de sono.

- Ben, ela tem um mês. Não deve nem conseguir diferenciar sua cara de um borrão.

- você sempre consegue quebrar meus momentos - reclama indo concertar uma foto torta e eu me viro para o lugar.

Herdeiras Perdidas (Descendentes)Onde histórias criam vida. Descubra agora