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Mal

Mexo meus dedos das mãos quando eu sinto a moleza em meu corpo começar a sair, em instantes eu já consigo movimentar a cabeça e logo em seguida minhas pálpebras.

- olá.

Pisco mais uma vez tentando assimilar a estranha criatura mágica desenhada a minha frente. Engulo em seco quando ela se vira para pegar alguma coisa e suas asas enormes ficam em evidência para mim.

- me chamo hortência, sou uma fada curandeira.

Me sento sem de fato prestar atenção nos cumprimentos da mulher sinistra, porém bonita, a minha frente e olho ao meu redor. Até me surpreendo por não ser um hospital, minha vida se resume em sempre acordar em um.

- aonde.. - tusso para aliviar a voz rouca e extremamente seca - estou?.

Me levanto sem a permissão da fada que me olha atenta pelo meu movimento. Fecho o máximo que consigo da minha jaqueta e me aproximo da janela enorme no canto da parede, lado oposto aonde eu estava deitada em uma espécie de sofá.

- no congresso das fadas.

Tento aliviar minha expressão de choque quando enfim chego em frente a janela; visualizando o mundo lá fora.

Me sinto como se estivesse olhando a vista de uma das janelas do palácio do conselho, localizado bem no centro da capital, lá em Auradon. Pessoas andando nas ruas seguindo a correria dos seus dias agitados, adolescentes em grupos caminhando em direção a algum parque próximo e mães agindo como mães, correndo atrás de seus filhos pequenos que beiram na pista onde veículos passam seguindo uma velocidade mínima.

Tudo isso com seres mágicos os acompanhando, agindo como pessoas e algumas fadas sobrevoando os céus.

Afinal, como cheguei aqui?. 

- qual a parte do "não durma" você não conseguiu compreender, garota?.

Me viro quando um tom de voz um tanto seco ecoa no lugar me deixando afoita. Dou de cara com a cópia_ talvez a original, não sei_ de Malévola me encarando nada cortez.

- a parte em que eu estava em uma floresta sombria ouvindo vozes em minha cabeça - rebato no mesmo nível a medida que me aproximo dela. A olho estranho quando ela sorri irônica e estende a mão para mim.

- Skay - se apresenta e eu toco sua mão gélida enquanto tento decifrar seu olhar.

- legal - me limito a dizer após uns bons segundos em silêncio com ela me encarando como se estivesse esperando eu dizer algo. Fico atenta quando sua risada invade o local.

- vocês em Auradon não sabem mais como se cumprimentar?- questiona induzindo a fada rir antes de sair do quarto. - enfim, bem-vinda a Alavon. Qual é o seu nome?.

Dessa vez sou eu quem ri sarcástica.

- você me atormentou em sonhos e não sabe nem meu nome?.- pergunto ignorando suas boas vindas a esse reino tenebroso.

- não recordava nem da existência de Auradon antes da premonição do cristal - diz significativa sem responder de fato minha pergunta e sai do lugar esperando que eu a acompanhe. - meses atrás todos nós ficamos extasiados quando descobrimos que o cristal concedeu poderes a uma criança. Não foi uma surpresa maior do que quando localizamos ela.

A sigo pelo extenso corredor até chegar em uma escadaria, onde tenho a visão de todo o local onde estamos. Me apoio no parapeito para olhar em direção a grande porta da entrada onde pessoas e fadas passam a todo momento.

- me conte sua história, ainda não consigo entender como a filha da Malévola concebeu uma criança em um ato de amor.

Me afasto da altura exorbitante de onde estou e a sigo no caminho direto para a outra direção, sem descer as escadas que dá acesso ao lado de fora.

Herdeiras Perdidas (Descendentes)Onde histórias criam vida. Descubra agora