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             Mal

- que inferno!- resmungo afastando os lençóis de cima de mim e me sento cabulosa para ver a hora do despertador no criado mudo.

00:48

- JÁ VAI, MERDA!- grito para o indivíduo que continua batendo na porta, o motivo de ter me acordado agora. Ando movimentando as pernas pela força do meu ódio e procuro minha chave no sofá onde larguei, acho e vou abrir a porta.

Me arrependo pela ação assim que o vento gélido da madrugada arrepia minha pele, coberta apenas por uma calcinha de algodão e um sutiã preto. Só caio na real do que estou fazendo quando a expressão de horror na cara do indivíduo a minha frente se materializa após meus olhos conseguirem focar nele.

- tá fazendo o que aqui, Florian?- questiono irritada mas o imbecil continua me olhando da cabeça aos pés totalmente chocado. O que ele quer afinal?.

- como você se presta a essa papel?- pergunta em um fio de voz após um tempo repetindo a ação lá de cima.

Pisco.

- tava se drogando?- questiono ainda grogue de sono - sabe que hora é essa?.

- sei, Mal. Claro que sei - diz me empurrando para entrar e fechar a porta enquanto olha em volta como se procurasse algo, ou alguém.

Acendo a luz para despertar e entender o que essa coisa quer aqui afinal. Nem Sofia está com ele.

- cadê ele?.

- seu cérebro? Já deve tá na fronteira do reino a um bom tempo - ironizo e esfrego meus olhos para tirar o sono.

- como você prefere deixar sua filha para fazer isso, Mal?.

E dormir agora é errado, gente?. Que Rei noiado é esse afinal?.

- deixei ela com o pai - digo por fim porém isso parece escandalizar mais ainda ele.

- não sente vergonha, Bertha? - exclama esbaforido.

Que merda é essa?

- Benjamin, isso é uma necessidade do nosso corpo, quer parar de me encher?.- repenso minhas palavras quando ele da um passo para trás e me olha com uma expressão de choque e frieza.

- no que você se transformou?.

Pisco de novo.

- ah, entendi - cruzo os braços - fumou maconha pela primeira vez né? É assim mesmo - me aproximo para tocar em seu ombro.

Dá um desconto, ele está sob efeito de alguma droga alucinante e eu sob efeito do sono. Duas coisas que param o funcionamento do cérebro.

- não, Mal. Eu estava com a nossa filha enquanto você curtia a noite.

Pisco pela terceira vez tentando disfarçar minha cara de demência a essa situação.

- isso não é diversão, é necessidade. - digo me referindo ao sono, ele está falando sobre isso também, né?.

Observo ele passar os olhos em meu corpo mais uma vez, quase me retraio por está quase nua em sua frente. Mas estou com tanto sono que só quero voltar a dormir.

- cadê ele?- volta a questionar e olha em volta.

pisco pela quarta vez. Bocejo e volto a encarar o monarca sem me importar em ser uma péssima anfitriã.

- vai embora, Florian - ordeno sem paciência porém ele me olha com descaso.

- eu só quero saber quem é, Mal.

Herdeiras Perdidas (Descendentes)Onde histórias criam vida. Descubra agora