77 • Proteger Hope Frangipane

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A porta da frente do carro rangeu ao abrir e se fechou com um baque não tão suave. Luke entrou e esticou o braço para alcançar o banco de trás.

- Aqui, sua mochila. - Ele sorriu brevemente. Hope retribuiu e voltou seu olhar para frente.

Ela estava quieta, quieta demais. Luke esperou alguns segundos em silêncio dentro do carro, ainda estacionado ao lado do prédio antigo. Hope cutucava os cantos dos dedos e suas mãos pareciam inquietas.

- Está tudo bem? - ele murmurou inseguro, virando o corpo para que pudesse vê-la melhor.

Hope suspirou e deixou que seus ombros caíssem um pouco. Encarou suas mãos e não se importou em olhar para Luke.

- Você me diz.

Luke franziu o cenho, confuso. E então, antes que pudesse concluir que aquele era um jogo ou qualquer outra coisa para que pudesse descobrir ele mesmo qual era o problema, Hope fechou os olhos momentaneamente e suspirou pela segunda vez.

- Droga, desculpa, é que... - Ela balançou a cabeça, fazendo os cabelos se espalharem na frente de seu rosto. - Você se afastou. Quer dizer, eu sei que a gente não precisava ir rápido depois daquilo, e que talvez eu tivesse que ser um pouco mais cuidadosa, mas é que depois de hoje... é como se nada tivesse realmente acontecido. - Ela virou o rosto para poder analisar o rosto de Luke. - Não é assim pra você?

Luke levou alguns poucos segundos para entender sobre o que Hope falava enquanto tropeçava em suas próprias palavras, e assim que o fez, se sentiu o homem mais idiota do mundo.

Minutos antes de descerem do prédio, quando Luke sentiu que o beijo rapidamente se transformaria em outra coisa, ele decidiu se afastar. Em sua cabeça, Hope ainda precisava de um tempo para pensar sobre o que tinha acontecido e talvez não fosse a melhor hora para que o sexo voltasse a ser uma coisa natural entre os dois, sem que ela lembrasse da última vez em que o deixou tocá-la.

Surpreso, ele recostou no banco e piscou duas vezes. Quis bater com a cabeça no volante, mas se conteve.

- Não, sou eu quem te deve desculpas - disse, pressionando os lábios numa linha fina. - Pensei que estivesse te pressionando a alguma coisa. Eu não quero que você pense que eu só queria fod... porra, que eu queria, você sabe.

Novamente surpreendendo o loiro, Hope não conseguiu segurar a risada baixa.

- O que foi? - Ele a olhou.

- Nada. - Hope mordeu o lábio e prendeu o cabelo caído à frente do rosto atrás de sua orelha. - É que ainda é engraçado ver você se esforçando pra ser menos... uh, você.

- Um babaca pervertido? - Luke debochou e revirou os olhos. Ela deu de ombros.

- Podemos reconsiderar a palavra 'babaca'. - Sorriu, e Luke a acompanhou.

- Certo. - Ele balançou a cabeça devagar. - Bom, não sou eu que fiquei chateado por não ter entrado debaixo dessa tua saia.

Hope arregalou os olhos e arqueou as sobrancelhas teatralmente, escancarando a boca como se estivesse horrorizada.

- Eu tenho certeza que você ficou chateado, sim. - Retrucou.

Luke franziu o nariz como quem não podia discordar.

- Mais do que tenho orgulho de admitir. - E então sorriu um pouco. - Desculpa ter feito você entender mal.

- Tudo bem. - Hope sorriu de volta. - Acho que, sei lá, foi um mês longo demais. Estou estressada.

- É. - Luke suspirou e olhou para a rua estreita, deserta e escura a sua frente. Não foi nenhuma surpresa para ele mesmo que sua mente tomasse o rumo mais sujo que poderia com aquela visão. O carro não tinha muita proteção das próprias janelas, bastava estar a poucos metros de distância e talvez semicerrar os olhos para ver quem estava dentro e o que estava fazendo.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora