60 • Impulsividade

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Hope abriu bem os olhos, esticou os cantos da boca para cima e inspirou profundamente, ficando praticamente estática diante da porta.

- Que cara é essa?

Ashley passou por ela, franzindo o rosto ao ver a expressão da irmã. O sorriso forçado se desfez imediatamente.

- É a minha cara - Ela deu de ombros, olhando para baixo por um instante.

- Tá...

Os pais de Hope estavam finalmente chegando de viagem e ela se preparava para recepcioná-los. Não que fossem fazer daquilo um grande evento, mas Hope sabia que havia uma parcela de chance de que, ao ver seus pais, a culpa a preenchesse e a memória das últimas noites inebriasse sua mente.

Tudo por conta da conversa que teve com Luke depois de chegarem ao apartamento dele na noite de Sábado.

Hope vestiu seu pijama e esperou um tanto inquieta enquanto Luke se vestia para se juntar a ela na cama. Assim que o loiro, com uma calça de moletom, o fez, Hope se aconchegou debaixo dos lençóis e encostou o corpo no dele.

Eles trocaram algumas palavras amenas antes, mas Hope pôde perceber o quanto Luke ficou transtornado depois de sair de dentro do quarto do estoque, após Jack.

- Ele não gosta de mim, não é?

Ela aproveitou o momento para introduzir a conversa. Estava aflita por não saber o que se passava lá dentro.

Luke a olhou confuso.

- Quem?

- O Jack. - ela desviou o olhar. - Vi como ele olhou para mim hoje... e nos outros dias. E ele reclamou sobre alguma coisa com você, não foi?

Luke suspirou fortemente. Não esperava que Hope tivesse notado a movimentação no bar, mas é claro que não tinha passado despercebido pelos seus grandes olhos curiosos.

- Não é isso, Hope. É só que...

Hope o olhou, incentivando-o a continuar. Entretanto, Luke mudou sua abordagem.

- Seria impossível alguém não gostar de você.

- Bom, o Jack não gosta. - ela afirmou com convicção.

Luke balançou a cabeça em negação.

- Todo mundo ama você, Hope. Isso é bobagem.

Ela franziu o rosto e sua fisionomia mudou. Depois de um leve suspiro, Hope murmurou:

- Não é verdade. As pessoas gostam de como é fácil... lidar comigo, estar perto de mim. Mas não amam, não de verdade.

Luke arfou em parte estranhamento pelas palavras, parte em deboche.

- Você tem uma visão bem deturpada da coisa. - disse.

- É sério, Luke. - Hope se virou e endireitou o corpo para que ele pudesse ver bem seu rosto. - Acha que as pessoas iriam gostar, se eu fosse eu mesma o tempo todo perto delas? Se eu fosse quem sou quando... quando estou com você?

Luke abriu a boca para responder de imediato, mas se interrompeu em seguida. Ele não conseguia enxergar dessa maneira; Hope era tão doce, tão boa que não conseguia ver uma só pessoa que não se entregasse aos sorrisos dela, à voz suave e à maneira como ela fazia você se sentir confortável.

E então, se lembrou de quando ela não era tão simples assim. Quando se conheceram, a exemplo. Hope parecia ser uma garota irritante, com seus olhos curiosos se depositando vez ou outra em Luke, sentada na cadeira alta demais para suas pernas. Ou depois, com suas perguntas intermináveis e que se provavam mais profundas do que pareciam à primeira vista. É claro que, para Luke, aquelas coisas incomodavam somente uma pessoa como ele, o que não era algo tão frequente na vida de Hope; então não havia maneira de que outra pessoa não gostasse daquela garota.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora