21 • Criar caso

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A semana não passou tão facilmente quanto Hope pensou.

Era terça-feira quando já estava de saco cheio, indo para a escola e esperando que algo realmente bom acontecesse. Conferiu seu celular, no mínimo, dez vezes só naquele dia e não passavam das onze da manhã.

- Srta. Frangipane? - sua professora de cálculo chamou a atenção quando a pegou pela segunda vez olhando furtivamente o aparelho. Só então Hope o enfiou dentro da mochila e não pegou de novo até o intervalo.

Pegou uma maçã e um suco para a hora do almoço, estava sem fome e isso era de se estranhar. Maggie olhou seu prato três vezes antes de Hope confirmar que estava tudo bem e pedir para que fossem se sentar no refeitório.

- Você já tem um par? - a amiga perguntou assim que se sentaram, olhando para os lados, onde alguns outros jovens conversavam.

- Para o trabalho de história? Você... - Hope a relembrou, franzindo a testa em confusão ao que sua amiga estava dizendo.

Era óbvio que Hope faria praticamente tudo naquele trabalho, sendo perfeccionista do jeito que era, em contraste com o modo desastroso e nada artístico que sua amiga fazia as coisas, mesmo que fosse esforçada.

- Não. - Maggie revirou os olhos. - Para o baile!

Hope pausou a maça entre sua boca e o prato, sem saber o que dizer. É claro que ela não tinha um par - Hope não se arriscaria a convidar ninguém e haviam muitas outras garotas que conversavam abertamente com os meninos, os quais se sentiriam mais seguros a convidá-las. Embora Hope tivesse muitas boas amizades com garotos no colégio, estava certa de que talvez sua relação estritamente amistosa seria um entrave para que qualquer um a convidasse. Bom, pelo menos parecia ter sido.

- Ainda não. - ela respondeu. - Você tem?

- Também não. - Maggie suspirou, pousando o queixo nas mãos. - Queria tanto que um dos meninos do futebol me chamasse...

- Isso não seria difícil. - Hope sorri para a amiga, mordendo um pedaço de sua maçã. Maggie era muito bonita e, com certeza, com sua prática de conversar com as pessoas, qualquer garoto se encantaria pela menina de cachos grossos.

- Acha que se eu não conseguir ninguém até lá, o Michael aceitaria ir comigo, sabe, só pra eu não ter que pagar esse mico de ir sozinha?

Hope fez uma careta.

- Não posso prometer nada, de repente eu mesma vou ter que chamar ele. - e então sorriu com humor para a amiga. - Sabe, eu tenho prioridade.

Hope brincava, mas estava rezando para que não precisasse pedir isso a Michael. Não seria humilhante, não com seu melhor amigo, mas também não queria ter que passar por isso. Sair da escola virgem era uma situação com a qual ela já estava bem; agora, sair da escola virgem e não ter sido convidada ao baile de formatura... isso já era demais.

Ela não tinha muita pressa e talvez fosse por isso que tenha esperado tanto. Conhecia inúmeras garotas que tinham ficado com o primeiro cara que quiseram ir para a cama com elas, o que resultou numa experiência horrível. Hope não esperava o príncipe encantado, com quem iria se casar e ter filhos, para tirar sua virgindade, mas também queria que fosse, pelo menos, alguém com quem compartilhasse afeto e paixão, coisa que não havia acontecido, até então.

Nos seus piores momentos, geralmente quando estava de TPM, Hope chegava a pensar que ficaria sozinha para sempre. Não teria gatos, porque preferia cachorros, mas ficaria sozinha da mesma forma. Ela simplesmente não sabia o que faltava, já que não conseguia sentir o que todo mundo descrevia como aquela paixão arrebatadora. Teve, sim, várias quedinhas, garotos que iria admirar toda vez que passavam, mas nada que tirasse seu fôlego, nada que a fizesse cair no sono sonhando com a pessoa.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora