61 • James Blunt

652 58 55
                                    

Luke Hemmings era um completo fodido.

Ele podia ver claramente, enquanto inclinava sua caneca de café para bebericá-lo. Tolo, um idiota.

A criatura ainda o olhava, com uma língua grande demais para sua boca estirada para fora, respirando às bufadas e encarando Luke como se o loiro tivesse um brinquedo na mão.

- O que foi?

Ele se pegou conversando com a cadela pela segunda vez no dia. Não sabia por que o fazia, mas seus olhos eram tão vividos e compenetrados que ele se questionou se ela compreendia sua tentativa. Era quase como uma criança humana que não falava uma só palavra. Ou seja, duplamente irritante.

Por onde esteve com a cabeça? Luke sabia que tinha feito algo completamente irracional. Hope poderia nem gostar daquela bufante e gorda criatura que estava no meio de sua sala de estar agora. Como Luke iria manter uma coisa tão grande num apartamento tão pequeno?

Ela devia comer bastante, mais do que o normal para um cachorro. Comeu algumas pétalas de flores no caminho para casa, quando Luke se distraiu, olhou o celular, e a coisinha esticou a cabeça para abocanhar petunias de uma banquinha na calçada.

Os gastos com veterinário também seriam grandes. Já tinha ouvido histórias sobre todos os custos que envolviam um cachorro e, ainda assim, resolveu adotar um, quando tinha que trabalhar todos os dias para pagar o aluguel de um apartamento medíocre.

Mas o que poderia fazer? Depois de horas e horas pensando com afinco em todas as possibilidades, Luke não conseguiu encontrar nada que pudesse satisfazer Hope. Ele nem sequer sabia o que dar a uma garota como presente. Todas as lojas que frequentou de tais artigos vendiam apenas bonecas ou brinquedos para crianças de dois anos, como sua sobrinha Mary. E então, foi aí que ele se recordou da pequena conversa que teve com Hope.

Uma coisa que eu queria muito e que nunca tive. Quando eu era mais nova, queria ter um cachorro.

Parecia uma coisa muito singela, um cachorro para uma menininha de olhos grandes e pedintes, mas Hope não parecia ter sufocado os pais com insistência mesmo quando criança. Ela guardou sua vontade consigo, respeitando os limites da irmã mais velha, e não parecia justo para Luke que ela não pudesse ter seu pedido atendido nem mesmo aos dezenove.

- Por que você é tão grande?

A cadela continuava bufando, mas, talvez por cansaço, se deitou no chão, esticando as duas patas para frente e apoiando a cabeça sobre elas.

Luke suspirou e tomou o resto de seu café, voltando para a cozinha e colocando a caneca dentro da pia.

Seu celular tocou e ele não poderia estar mais descontente ao ver que era Michael quem o importunava tão cedo.

- Fala - ele atendeu, pondo a ligação no viva-voz e o aparelho sobre a mesa.

- Bom dia, Luke - Michael bufou com ironia, o que acabou por despertar um sorriso bem pequeno no rosto de Luke. - E aí, você tem tudo pronto?

- É. Foi o que eu disse ontem.

- Porque, sabe, se você acha que não tem nada planejado, ou se não conseguiu pensar numa coisa boa, eu fiz um plano B, só pra garantir...

- Michael - Luke o interrompeu, revirando os olhos enquanto lavava a louça do café-da-manhã. - Está tudo certo. Eu já disse.

- Tá legal... - disse o garoto, de má vontade. - Pode me dizer, então, o que você planejou?

- Não.

- Por quê?

- É uma surpresa - Lule deu de ombros, mesmo não sendo possível que o outro visse. Estava se divertindo com aquela conversa.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora