70 • Monstro

499 47 44
                                    

Casey arregalou os olhos e deu um passo para trás, se distanciando de Hope, virando o corpo na direção de Luke, cujos olhos vagavam atentamente entre Hope e o garoto.

- O que você tá fazendo aqui? - Hope perguntou em voz alta, se mantendo no mesmo lugar, os pés firmes, enquanto tentava processar o que acontecia bem diante de seus olhos.

Luke estreitou os olhos, confuso.

- Você disse que queria ir embora... - E então, balançou a cabeça, ele se voltou ao assunto primordial. - Isso não importa, o que vocês dois estão fazendo aí?

Casey se calou e baixou o olhar para os pés.

- Nada, Luke. - Hope revirou os olhos. - A gente só estava conversando.

Luke encarou o garoto, que praticamente se curvava sobre o próprio corpo. Otário. Era óbvio que não estavam só conversando, não para Casey, pelo menos.

- Escuta aqui, seu imbecil... - Luke avançou na direção do garoto, um dedo rigidamente apontado para ele. - Eu sei o que você tá tentando fazer. Ouviu?

- O que estou tentando fazer? - Casey deu um pequeno sorriso com o canto da boca, num tom desafiador.

- Casey, para. - Hope pediu com firmeza.

- Porra, moleque, se você não calar esse caralho dessa boca, eu vou...

Luke passou a mão pelos cabelos. Não. Era isso o que ele queria - provocar. Não estava acontecendo nada, Hope sequer olhava para aquele merdinha. Estava implorando, rastejando no chão para receber o mínimo de atenção dela, apenas isso.

Mas então porque eles estavam conversando sozinhos? O que ela estava dizendo? Por que o estava tocando?

- O que vocês estavam fazendo? - insistiu, mesmo sabendo que provavelmente soaria como um maníaco controlador. Aquilo não parecia estar certo.

Hope bufou e jogou as mãos para o alto.

- Nada, Luke, meu Deus do céu! A gente só estava conversando! - ela repetiu mais alto.

Luke queria acreditar nas palavras inocentes de Hope - e realmente acreditava -, mas não conseguia acreditar que Casey compartilhava da mesma inocência. Ele o encarava, como se o desafiasse. Era bastante claro para Luke que ele não ficou sozinho num cômodo com Hope sem intenção nenhuma.

- Sobre o que vocês estavam conversando? - Dessa vez, a voz de Luke não passava de um murmúrio intenso, baixo e que saía praticamente como um sibilar entre seus dentes.

Hope ficou em silêncio. Sabia que se dissesse a verdade, Luke enlouqueceria, e se dissesse a mentira, ele poderia facilmente perceber.

- Tudo bem, vamos embora. - Ela atravessou a cozinha na direção de Luke e agarrou um de seus braços. Seu esforço, entretanto, era inútil. Ele não moveu um só músculo e não deixou de encarar Casey. - Luke, por favor...

- Não. - Luke arrancou seu braço das mãos de Hope num solavanco. - O que tá acontecendo aqui, Hope? Por que você não fala?!

- Porque eu já disse que não era nada! - Hope exasperou, aumento seu tom em alguns oitavos à medida que a voz ficava mais aguda.

Casey cruzou os braços sobre o peito, observando a expressão angustiada do loiro com certo deleite.

- Eu estava dizendo que gosto dela. - Antes que pudesse calcular o impacto de suas palavras, Casey já as dizia. - Que eu sou apaixonado pela Hope, e ela merece saber que tem uma segunda opção.

Hope congelou. Uma de suas mãos - a que ainda tentava buscar pela de Luke - ficou suspensa no ar. Seu coração disparou no peito com a ansiedade e angústia. Quis amaldiçoar Casey, mandá-lo para o inferno, qualquer coisa por ter dito aquelas palavras. Ela sabia que não faziam a menor diferença - mas, para Luke, não era bem assim.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora