16 • Uma vida decente

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- Dá pra abaixar esse som?

Hope revirou os olhos, mas fez o que Ashley pediu. A menina loira tinha os olhos fechados enquanto enfiava uma colher de cereal na boca, pouco se importando se os cantos estavam ficando sujos com o leite.

Hope achou a cena bem cômica - Ashley comendo o café-da-manhã mais infantilizado possível, mas resmungando por estar de ressaca. A garota não parou de reclamar desde que acordou, tropeçando nos próprios pés e se horrorizando ao observar a bagunça que se instalou em sua casa depois da festa.

Ashton desceu momentos depois, o rosto retorcido em dor, como o de Ashley. Os dois tomaram uma grande xícara de café depois e mal falavam enquanto tentava se recuperar da dor infernal. Nesse meio tempo, Hope assistiu televisão e mandou algumas mensagens para seus dois amigos, sem conseguir parar de pensar em como sua noite anterior saiu.

Sua mente vagava para Luke sempre que podia. Imaginava sua figura alta, com roupas escuras, a excluir apenas sua camiseta branca, e a bota pesada. Luke parecia tão fora do lugar no quarto juvenil de Hope que era estranha a sensação de contradição que ela sentiu ao perceber que o momento era muito agradável. A energia que tinha com Luke era algo que não entendia muito bem, mas sempre que estava por perto daquele garoto podia sentir uma euforia crescendo no fundo da sua barriga.

Hope ficou tão contente com a noite anterior que teve que contar à Maggie.

Ai

Meu

Deus

Fora o que Maggie respondeu por mensagem, seguido de muitos emojis. Hope soltou uma risadinha baixa.

Vocês vão se encontrar de novo?

A pergunta de Maggie era a sua também. Hope o encontraria de novo? A probabilidade daquilo acontecer naturalmente era muito pequena. Hope não frequentava os mesmos lugares que Luke e mal sabia onde ele morava. Mesmo que soubesse, pensou, o que diria para ele? Com que desculpa apareceria em sua casa ou até mesmo no bar?

Não sei, ela respondeu à amiga. Espero que sim.

E ela esperou.

Os dias seguintes foram contados pela demora de reencontrá-lo. Hoje fazem dois dias que o vi... hoje fazem três... há quatro dias, quando vi o Luke... E, assim, sua semana passou. Quando já era sexta, ela se tocou, melancolicamente, de que aquela probabilidade só ia diminuindo.

Luke Hemmings estava um trapo.

E, dessa vez, não era por conta dos motivos óbvios e frequentes em sua vida. Ele não estava transando com uma garota depois de passar a noite bebendo, nem tinha trabalhado um turno a mais para ganhar um extra. Não.

Luke estava um trapo porque simplesmente não conseguia... dormir. Passou horas e horas da sua última noite se revirando na cama.

Seu pensamento estava tão distante quanto Hope. A imagem da garota aparecia em sua cabeça toda vez que fechava os olhos, toda vez que se virava para outro lado para tentar dormir. Por um momento, cansado de ficar acordado, Luke chegou a cogitar tentar entender o que estava acontecendo, mas a resposta o assustou e ele só forçou seu cérebro a desligar.

Luke tinha pensado que vê-la funcionaria, para apagar seus pensamentos completamente irracionais. Ele não via mais a garota em vestidos pretos ou sem eles, mas a visão que tinha de Hope em seu pijama, na sua cama, do jeito que ele sorria ou ria para ele vez ou outra, ainda o perturbava.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora