30 • É tão bonito quanto você diz

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Com o carro parado no estacionamento, Luke parou por um instante, segurando o volante firmemente enquanto tentava se preparar para entrar naquele maldito bar. Jack, sem sombra de dúvidas, ia infernizar seu dia com perguntas e falas para tentá-lo convencer a respeito da conversa da noite anterior. Com uma última respiração profunda, ele desligou o motor e tirou a chave da ignição, saindo do carro em seguida.

O bar estava vazio, contando apenas com dois homens velhos no canto, cujas barbas brancas, na visão de Luke, deveriam ser o suficiente para que os babacas se dessem conta de que havia coisa mais útil a se fazer do que passar a tarde bebendo. Jack passava um pano no balcão quando Luke chegou. Seus olhos logo se espantaram com a presença do irmão mais novo.

- Achei que você não ia vir hoje. - ele disse assim que Luke passou direto pelo balcão, em direção aos fundos, para o espaço dos funcionários e do depósito de bebidas. Jack o seguiu.

Decido a ignorar o irmão mais velho, Luke foi até a pia para lavar suas mãos. Estava de saco cheio e o cara só tinha dito uma frase ate agora.

- Então é isso? Vai me ignorar? - Jack arfou com indignação, jogando seus braços ao ar. - Olha, tudo bem você ficar puto com essa história, eu já esperava por isso, mas...

Luke se virou mais uma vez, secou suas mãos e, a passos largos e determinados, saiu do depósito, voltando ao salão.

- Isso nem foi ideia minha, tá legal?! - Jack insistiu, vendo o irmão organizar o balcão como sempre fazia todos os dias. - Nenhum de nós, aliás, queria que isso acontecesse. Mas ele voltou e, adivinha, eu também tenho que lidar com isso!

Luke agarrava a beirada da madeira com força. De costas para Jack, ele podia sentir sua raiva crescer. Tinha que se controlar antes que aproveitasse o vazio do bar para liberar aquela frustração.

- Você tá lidando com isso porque quer. - Luke falou secamente, a voz dura e fria como se sufocasse a própria garganta para não falar mais alto. - Podia simplesmente mandar aquele desgraçado ir pra puta que pariu. Que, a propósito, é a única coisa que ele merece.

- O mundo não gira em torno de você, Luke. - Jack suspirou fortemente. Levava uma mão à cintura e a outra ao cabelo. - Você acha que eu faço só o que é importante pra mim? Já se perguntou o que o Ben quer disso?

Luke se virou bruscamente, a expressão de indignação explicará em seu rosto.

- Eu me perguntei sobre o que ele deveria querer. Porra, Jack, ele estava lá! - o loiro cerrou os punhos, sentindo-os tremer ligeiramente. - Ele é quem deveria querer ver esse puto longe da gente!

Jack passou o antebraço na testa, frustrado.

- O Ben não quer brincar de casinha com ele, Luke. Não quer se reaproximar nem nada. Mas é justamente por ter estado lá, por saber como tudo aconteceu... Ele só quer saber o porquê.

Luke deu de ombros bruscamente.

- Todo mundo sabe. Ele achou uma vadia qualquer e foi embora. Fim da história. - falou com impetuosidade.

Jack semicerrou os olhos, balançou a cabeça e, abaixando seus braços, ele percebeu que Luke estava irredutível e que não estava pronto para aquela conversa. Não sem um dos dois sair com um olho machucado.

- Foda-se. Eu tentei. - Jack resmungou, contornando o balcão. Seguiu em direção aos dois homens do bar, que pareciam prestes a apagar antes de debitar sua conta.

Mas antes de chegar ao meio do salão, virou uma última vez para seu irmão.

- Não foi só você quem se fodeu com essa história. Só porque eu escolhi seguir em frente, não significa que não lembro dessa merda todos os dias.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora