28 • O equilíbrio perfeito

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Os lábios de Luke foram suaves, se acostumando à sensação de tê-los nos de Hope. Os dela, trêmulos ao constatar que estava beijando o garoto, eram macios como ele nunca sentira antes. A cautela com que movimentavam suas bocas se dissipou assim que Luke colocou sua língua em contato com a dela. Hope sentiu seu sangue ferver, inspirando um ar que ficou preso em sua garganta.

Embora a sensação de ter lábios nos seus não fosse nova, a experiência era totalmente diferente de tudo o que já tinha tido na vida. Há dois anos, quando deu seu primeiro beijo em um garoto por quem nutria uma queda boba, ela nunca pensou que o sentimento do beijo pudesse ser tão intenso. Ela queria sentir mais, mesmo sem saber o quê. Queria sincronizar sua língua com a de Luke, para poder se sentir mais conectada com ele. Podia ver a experiência com que o loiro se movimentava pela sua boca e, mesmo que já tivesse beijado antes, não havia nada comparável ao modo como Luke o fazia. Hope podia sentir a si mesma derretendo sob a palma do garoto, que segurava sua cabeça gentilmente, a ajudando na sincronia de seus movimentos.

Luke podia sentir aquilo também, aquela coisa que o fez perder o controle e dificultava sua mente em manter a concentração no fato de que tinha que ser lento com Hope, sem saber até onde poderia ir com a garota. Fazia sua veia pulsar, seu coração disparar no simples pensamento de que ela correspondia sem hesitação a cada vez que aprofundava a língua na sua boca.

Luke já tinha beijado diversas mulheres, das mais hábeis as menos experientes, mas nenhuma parecia segurar o desejo dele tanto quanto Hope fazia. Em geral, ele mal se demorava no beijo, sempre avançava para o que realmente queria para a noite, mas a forma como Hope levava suas mãos pequenas até seu pescoço, hesitante, o fazia querer pronlongar o momento.

Hope ficou na ponta dos pés, para tentar se aproximar ainda mais dele, que segurou o corpo da garota junto ao seu. Apertou o quadril dela, tentando se lembrar de manter o controle quando suas bocas iam se movimentando de uma forma mais intensa.

Mas, em algum momento entre pensar em mandar tudo à merda e levá-la à bancada da pia, e pensar mais racionalmente, os dois precisaram se afastar para respirar. Hope continuava com as mãos ao redor do pescoço dele, o peito ofegante, respiração entrecortada à medida em que ia tentando voltar à realidade. Luke, por sua vez, também continuava segurando a garota pelo quadril, sem sequer pensar em se mover. Tudo o que passava pela sua mente naquele instante girava em torno do que acabara de acontecer.

Ele tentou ver o rosto de Hope, que o mantinha baixo, ela estava tão perdida em seus pensamentos quanto ele. Tudo tinha mudado naquele tempo que os dois passaram agarrados um ao outro como se fosse a única coisa da qual dependessem. E os dois sabiam disso. Hope, que via o garoto como algo tão distante dela mesma, como alguém que a exergaria como uma menina mais nova e desinteressante, acabara de provar do beijo dele, de ser provada justamente o contrário. Luke, que por mais que já tivesse consciência de todo o desejo que sentia todas as vezes em que pensava na garota, agora tinha uma confirmação inigualável de como as coisas com Hope eram diferentes, como até mesmo seu beijo era algo pelo qual poderia fantasiar.

Mas nenhum dos dois ousou dizer uma palavra sequer. Não sabiam o que dizer. Luke ficou assustado por um momento, pensando no que aquilo poderia significar para Hope. Ele havia levado a garota para seu apartamento, beijado ela e, talvez na cabeça da menina, pudesse estar esperando alguma coisa a mais acontecer. As coisas que aquele simples beijo poderiam dar a entender, no caso de alguém como Luke...

Viu Hope escorregar seus braços e se soltar devagar do seu pescoço, dando um passo discreto para trás, mas que ele pôde perceber. Só então soltou o quadril dela, que olhou para ele finalmente.

Hope estava uma mistura de emoções naquele momento e se esforçou para se manter calma e não deixar tudo aquilo transparecer. Ela devia dizer alguma coisa? Devia beijá-lo de novo? Devia simplesmente sair da cozinha ou perguntar se aquilo significava alguma coisa? Para ela, era bem claro que aquilo significava muito mais do que significou para Luke. Ele, com toda certeza, assim como afirmou Ashton, tinha muito mais experiência e aquele beijo devia ser como uma brincadeira de criança, e não uma das experiências mais intensas que teve, como foi para Hope.

Bartender // l.h. auOnde histórias criam vida. Descubra agora