Bartender // l.h. au

40 • Que se dane!

Hope encarava aquela tela de celular com uma expressão difícil de se decifrar. Havia perplexidade, acima de tudo, mas algo passava em seus olhos, uma mistura de raiva, tristeza e medo.

Quando Maggie chegou com o aparelho em mãos, não sabia o que dizer, como explicar aquilo. Decidiu, então, mostrar a Hope, que agora segurava o celular há uns bons três minutos.

As mensagens no print de tela eram claras, tão claras quanto as intenções de seu remetente. Derek tinha o tom de garbo, como quem acabara de vencer alguma coisa. Pela falta de surpresa de todos os outros integrantes do grupo, aparentemente, ele já havia mencionado o nome de Hope em algum momento.

Chamei a Hope, um dizia. Derek.

E ela aceitou?, um garoto, cujo nome Hope não conseguia remeter à pessoa, perguntou em seguida.

Claro, Derek respondeu.

Nunca pensei que vc fosse conseguir... parabéns.

Algumas outras pessoas, pessoas que ela mal conhecia no colégio, riram.

Ela é gostosinha.

Se fosse eu, aproveitava a sorte.

Quando leu a última parte, a parte mais repugnante de todas, Hope retorceu seu rosto, colocando, finalmente, alguma expressão possível de distinguir. Nojo.

E vou. Depois do baile. Vou transar com aquela garota até ela dizer chega.

E quem disse que ela vai querer?, retrucava uma garota.

Claro que vai. Essa menina tá doida pra dar pra mim.

- Hope? - preocupada, Maggie chamou pela amiga, cujos olhos ainda estavam vidrados na imagem.

- De quando foi isso? - Hope perguntou, a voz baixa e distante, sem sequer levantar o olhar para Maggie. Ainda tentava organizar o caos de sentimentos que se agregavam nela, pensar com clareza, mas era quase impossível.

- De ontem, eu acho. Ou hoje. Eu não sei, foi uma colega de Espanhol que me enviou... - Maggie disse, mas deixou que as palavras se interrompessem por si só ao se perguntar se Hope realmente a ouvia.

- Eu devia saber. - Hope murmurou para si mesma. Devia saber, ela continuava pensando. Um garoto como Derek, popular como ele, não poderia ser uma pessoa como aquela, como o garoto que a convidou para o baile. Seu coração se apertou ao imaginar o que ele podia ter dito, além de tudo aquilo, às pessoas. - Meu Deus, eu sou muito burra!

Quando finalmente ouviu o transparecer de emoções que emergiam na voz de Hope, Maggie suspirou de alívio. Era mais fácil lidar com aquilo.

- Você sabe que não é verdade, né? - de repente, Hope largou o celular e olhou para a amiga, olhos arregalados com o pavor de que as pessoas pensassem que Derek não estava mentindo. - Eu nunca disse que sim, e nunca iria, se soubesse que era isso o que ele queria... Eu juro, Maggie, eu nunca...

- Ei, calma, Hope! - Maggie segurou os braços da amiga, que agora tremia ligeiramente. - Eu sei, é claro que eu sei.

Hope respirou fundo três vezes, tentando pensar no que fazer. Àquela altura, ela não conseguia nem imaginar quantas pessoas já não tinham lido aquilo, pensado que era verdade. Ninguém duvidaria do que Derek dizia, ainda mais quando o assunto era sobre uma garota que queria ficar com ele. Hope passou a mão na testa. Não conseguia pensar em nada além do quão frustrada estava.

- Olha, de repente isso ficou só entre eles. - Maggie se pronunciou, vendo a aflição nos olhos da garota. - A menina que me mandou disse que é um grupo pequeno da atlética.