Luke simplesmente não acreditava que estava fazendo aquilo pela segunda vez em tão pouco tempo.
Enquanto olhava para fora da janela de seu carro, se sentiu o homem mais idiota do mundo. O que esperava encontrar ali, algum tipo de ajuda? Se fosse sincero e realista, saberia que talvez fosse a última opção a recorrer.
Mas é claro que Luke estava sendo sincero com ele mesmo - não tinha amigos, ou nada próximo disso, então não tinha outras opções.
Saiu do carro batendo a porta silenciosamente, sem intenções de fazer escândalo na rua silenciosa. O carro de Ben não estava na entrada, o que já era um bom sinal.
Caminhou até a porta e deu três batidas firmes, esperando sem muita paciência do lado de fora. Patrice não demorou a atender, mas era visível em seu semblante que isso só se devia ao fato de estar esperando que fosse outra pessoa.
- O que está fazendo aqui? - ela perguntou de supetão.
- Quanta receptividade. - Luke revirou os olhos. Um disfarce para seu nervosismo, ele supôs. Da primeira vez, fora Patrice quem o convidou até ali, e agora ia por livre e espontânea vontade.
Ela cruzou os braços sobre o peito.
- Devo assumir que você fez alguma coisa de errado. Acertei? - Embora suas palavras fossem de acusação, seu tom era mais suave do que isso. Luke desviou o olhar e hesitou.
- Não, eu só queria conversar sobre uma coisa - mentiu.
Patrice podia notar que era mentira. Luke jamais a procuraria se não estivesse desesperado. De fato, nunca o fez, mas ela tinha noção o suficiente que aquela apreensão e necessidade de procurá-la se devia à garota, namorada de Luke.
Com um suspiro baixo, ela saiu da frente do caminho e abriu mais a porta para ele.
- Entra.
Luke hesitou por um breve instante antes de deixar que suas botas empoeiradas e desgastadas fossem de encontro ao piso polido da casa de tijolos vermelhos. Tudo estava... silencioso demais.
- Acabei de levar o Richard para a escola, e a Mary está dormindo. Então, por favor, não faça muito barulho - Patrice disse, como se lesse seus pensamentos. Só então ele reparou na expressão cansada da mulher, nas olheiras leves que carregava, ainda cobertas por uma fina camada de produtos de maquiagem.
Patrice se esforçava, disso ele sabia, mas logo se questionou se era assim com todas as mães. Obviamente, nem todas tentavam ser as mais belas, como a mulher a sua frente, sucumbindo somente à árdua maternidade, que já lhe demandavam energia suficiente. Patrice tinha um jeito diferente de lidar com as coisas. Porém, fora inevitável fazer a comparação entre ela e Hope.
A expressão fatigada de Patrice - quase que ironicamente - o remeteu ao motivo de estar ali. A postura corporal de uma mãe que acordou cedo naquele dia, preparou o café da manhã de seus dois filhos, os arrumou, levou um para a escola, enquanto se esforçava para colocar a outra para dormir. Parecia ser algo com o qual Patrice estava acostumada, dada a sua capacidade de ainda usar roupas nada casuais para todas essas tarefas, e ainda arranjar energia para deixar os cabelos penteados e colocar um batom suave.
Entretanto, a imagem que logo lhe veio à mente foi de como Hope parecia tão mais jovem que aquela mulher. Não só em idade, mas em vivência. Patrice enfrentou muita coisa sozinha em seus primeiros dezoito anos de vida, nem metade do que a namorada de Luke já tinha visto. Ela amava e cultivava aquela família como as únicas coisas que tinha na vida porque, de fato, eram as únicas. Patrice escolheu viver daquela maneira, escolheu ficar em casa e cuidar das crianças como ela nunca fora cuidada. Isso a fazia feliz e não parecia ter outras pretensões que senão ver seus filhos crescerem e reunir a família quando fossem mais velhos, sentar-se com Ben e observar os frutos que aquele casamento - que começou com um passado conturbado de ambos - lhes proporcionou.
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Bartender // l.h. au
FanfictionEra para ser apenas um encontro entre sua irmã e o namorado dela, mas Hope acabou esbarrando com o bartender. . . . (Atenção: linguagem explícita e violência).