28 | Paparazzi (Lady Gaga)

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Emmett e eu decidimos ir a um lugar que não fossem as salas e nem os corredores, então nos sentamos na arquibancada da quadra, longe dos olhares das outras pessoas. A revelação de Emmett não era tão secreta assim — não do tipo que precisaria ser mantida a sete chaves do mundo —, mas ainda assim eu queria privacidade.

Não pude esconder a perplexidade durante o seu pronunciamento.

— Era por isso que eu sabia que você era gay — ele explicava, bem calmo, querendo que eu processasse as palavras precisamente. — Eu tinha certeza sobre isso por causa dos sonhos. Neles, éramos namorados. Eu costumava... ser tão apaixonado por você. Ainda sou. — Ele exibiu um sorriso meio envergonhado. — Foi por isso que eu vim para cá, Hércules. Para este colégio. Eu queria ver você. Queria te ter de novo, mas agora no mundo real.

Não acredito... Eu estava morrendo de medo de me aproximar dele no começo, de uma hora acabar denunciando que eu já o conhecia e ele me achasse um louco. Antes de dirigir a palavra a ele pela primeira vez aqui no Álvaro, minha agonia tinha cambaleado em uma linha bamba, dividida por duas coisas: minha vontade de falar com Emmett e meu temor de que ele descobrisse o meu grande segredo (relacionado à minha sexualidade). Não queria que os CATS me expulsassem por eu ser gay... mas muito menos queria ficar longe de Emmett. Apesar do meu receio em chegar perto dele, eu sabia que precisaria de sua companhia.

E eu o queria tanto. Meu mundo entrava em uma entropia gigante quando eu ficava perto de Emmett, pois eu automaticamente me lembrava de todos os nossos momentos juntos. Era tão difícil olhar para seu rosto e não poder dizer a verdade, dizer que uma vez nos amamos muito. E agora ele estava aqui, me dizendo que sonhava comigo também.

— Os sonhos começaram no início de abril — Emmett prosseguiu, os olhos bem atentos aos meus. — Eles chegavam duas vezes por semana. No começo, não entendi o motivo disso, mas acabei me acostumando. Outra coisa que eu não conseguia entender era por que eu sonhava com você constantemente. Quer dizer, eu pensava que nunca tinha te visto. Agora que você me contou que estudamos juntos, tudo fez sentido.

Mecanicamente, assenti. Minha expressão estava dopada, todavia eu sabia que Emmett iria me compreender. O que ele não entenderia era que o motivo da minha paralisação era outro.

Pelo que ouvi, os sonhos dele foram inaugurados um mês antes dos meus. Talvez isso explicasse por que ele já sabia que eu era gay no primeiro dia em que sonhei com ele.

— Quando você sonhou comigo pela primeira vez... eu já te conhecia? — perguntei, a calma gritando na minha voz.

— Não. Éramos dois desconhecidos. Nós nos conhecemos aqui, no Álvaro. Nos sonhos, eu também estudava neste colégio.

Tornei a assentir lentamente. Ele continuou.

— Nossa aproximação foi devagar, embora eu tivesse gostado de você logo de cara. Você me parecia... chateado com alguma coisa no começo da nossa amizade, uma coisa que você não queria me dizer. Eu não insisti em saber do que se tratava, e você apreciou a minha paciência. Disse que eu era diferente dos seus outros amigos populares. — Emmett me mostrou uma feição dócil. — Depois de duas semanas, você me revelou que se sentia muito solitário dentro do grupo dos CATS, que eles te sufocavam. "Eles não me deixam ser quem realmente eu sou", você comentou comigo uma vez. — Ele inspirou fundo, mas o gesto foi demorado e calculado. — Foi com essa frase que deduzi que você era gay.

Relaxei meu corpo de uma forma bem notória.

— Devo ter sido bem retaliativo no começo, não é? — indaguei.

— Você foi bem persistente em dizer o contrário, isso é verdade — ele concordou. — Mas, aos poucos, você se sentiu à vontade para ser sincero sobre si mesmo. Nossa conexão foi bem... gradativa. Alguns dias depois, quando já estávamos mais íntimos, demos o nosso primeiro beijo. Foi incrível. — Seus olhos violetas ganharam um toque diferenciado. — E aí veio a paixão.

EU TE AMEI AMANHÃOnde histórias criam vida. Descubra agora