6 | Caraca, velho!

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Nós cinco fomos mandados para a direção.

Logo após o ato imprudente de Ariana, o professor Abel, que daria a aula de Matemática para a turma do Emmett, apareceu. Ele havia chegado bem na hora em que o tapa aconteceu.

Como eu, da mesma forma que os outros CATS, estava por perto durante a cena, fui considerado cúmplice, por isso agora eu me encontrava na sala do diretor Eduardo, em pé, no canto, apoiado na parede. Os únicos sentados nas duas cadeiras eram Emmett e Ariana. Bernardo estava ao meu lado, os braços cruzados, ao passo que Deise, atrás da líder, se olhava novamente no espelho do seu pó compacto — momento ideal para isso, inclusive —, como se nada no mundo fosse mais importante do que manter seu cabelo arrumado.

— Então — Eduardo disse, unindo as mãos em cima da mesa desorganizada. Ele era baixinho, rechonchudo, careca e possuía uma barba bem-feita. Seus olhos azuis eram tão claros quanto os de Ariana, embora os do diretor trouxessem um ar mais humano. — Quem quer começar?

— Ele me irritou! — Ariana já exclamou, apontando o indicador para o garoto mais lindo da sala.

Emmett riu.

— E isso justifica o que você fez? — ele a desafiou, virando seu cenho para encará-la. Como eu estava a poucos metros atrás dele, eu podia ver parte de sua expressão provocadora. — Imagine só se eu decidisse dar um tapa em todo mundo que me estressasse. Estaria na cadeia. Além do mais, você invadiu meu espaço, idiota.

— Está vendo o jeito que ele fala comigo? — Ariana apelou para o diretor, indicando a si mesma. — Ninguém tem o direito de falar assim com uma pessoa tão importante como eu!

Emmett, com um sorriso caloroso, balançou a cabeça.

— Que playboyzinho otário, não acha? — Bernardo sussurrou para mim, os olhos intensamente verdes estreitos na direção de Emmett.

Tudo o que fiz foi mostrar um sorrisinho de quem não queria me meter nesse combo de impressões não aplicáveis que Bernardo estava tendo a respeito do garoto dos meus sonhos. Eu o conhecia mais do que essas suposições e sabia que Emmett não era otário. Era sarcástico, e isso era diferente.

— Está bem, não é para tanto — o diretor disse, erguendo as mãos. — Menos, Ariana. Você não é melhor do que os outros.

— Eu sou uma CAT. Isso automaticamente me torna melhor do que ele. — Ela apontou para Emmett. — E eu sou a líder, para completar. Isso me dá o dobro de poder. Ou seja, se Emmett valesse oito pontos, eu valeria quatorze!

Eduardo vincou a testa para a garota, enquanto que eu, envergonhado pelo cálculo errôneo dela, abaixei meu rosto para o chão. Matemática, bem como todas as outras matérias do colégio, não era o forte de Ariana.

— Em todo caso, Ariana — o diretor murmurou —, sua atitude foi impensável.

— Ele me humilhou! Ele disse que eu era fútil.

Pela maneira como Emmett virou a cabeça para o lado e comprimiu os lábios, pude constatar que queria muito rir. Ele, surpreendentemente falando, não disse nenhuma mentira sobre a líder, mas talvez o diretor já soubesse disso.

— Isso não é motivo para estapeá-lo — Eduardo insistiu, o tom um pouco mais sereno. — Deve desculpas a ele.

— Eu?! — Ariana levantou-se da cadeira. — Por quê?!

— Porque você conhece as regras.

— Mas nem pensar! — Ela apontou para Emmett. — Ele é quem me deve desculpas.

— Não foi ele quem te bateu.

Ariana balançou o rosto, firmando seu pé no chão.

— Não. Não vou me desculpar.

EU TE AMEI AMANHÃOnde histórias criam vida. Descubra agora