17 | Sou a pessoa mais burra do mundo

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Ah, não, Jesus. Não acredito que ela nos achou.

— Deise — murmurei, olhando ao redor. Esperava que nenhum outro CAT estivesse nos vendo. — Não é o que está pensando...

Ela cruzou os braços.

— É claro que é. — Sua testa franziu. Ao apontar para Emmett, inseriu: — Você saiu de perto da gente para se encontrar com ele!

Emmett estreitou o olhar na direção dela.

— Eu já estava aqui, se quiser saber — ele mentiu. — Nos encontramos por um acaso.

— Eu vi vocês dois saindo da montanha-russa — Deise afirmou, balançando o rosto. — Está me chamando de burra?

— Se a carapuça serviu...

— Tá bom, você está certa — falei, sabendo que a verdade não pioraria a situação tanto quanto se eu escolhesse continuar com a mentira. — Fui eu quem o chamou para cá.

Deise ficou chocada.

— Por quê? — ela indagou, estranhamente irritada. Sua exasperação considerável era esquisita porque a situação não lhe dizia respeito. O que mudava para ela o fato de eu ter saído com Emmett?

— Porque eu queria conhecê-lo melhor — respondi, tentando não permitir que nossa conversa saísse do controle. — Deise, ele é... uma pessoa legal...

— Mas você sabe que Ariana não gosta dele, Hércules!

— Ah, Deise, qual é! — Abri os braços. — Até parece que você nunca quebrou uma das regras dos CATS! Todos nós já fizemos isso ao menos uma vez, né?

— Não, eu não — ela disse. — Eu nunca trairia a confiança de Ariana.

Semicerrei o olhar.

— Naquela festa de Páscoa que teve no colégio no ano passado, te vi comendo um ovo da Cacau Show, sendo que Ariana tinha nos proibido de fazer isso. Nunca contei para ninguém, nem mesmo para Bernardo ou Catarina — comentei, estudando o jeito como Deise ficava surpresa por eu ter revelado a história. — Será que você não pode me retribuir o favor?

Ela afastou a cabeça de nós dois, parecendo ter recebido um pane mental. Durante o silêncio que se formou, decidi olhar Emmett por um segundo. Ele pressionava os dentes repetidas vezes para a minha amiga, formando uma musculatura enrugada na mandíbula. Ele deveria estar irritado, embora não exatamente por causa de Deise. Talvez fosse porque a nossa alegria havia sido cortada abruptamente.

— Sinto muito, Hércules, mas eu não posso — a ruiva disse, quase que se desculpando.

— Ele te deu uma chance, garota, repense a sua atitude — Emmett disse, encarando-a firmemente. — Você só continua no grupo dos CATS por causa dele.

— Eu não estou falando com você, okay? — Deise disse para ele. — Além do mais, são situações diferentes. Essa comparação é desnecessária. Não acho que eu iria ser expulsa dos CATS se comesse um pedacinho de chocolate.

— Você sabe muito bem que iria — murmurei, o blefe indetectável na voz. — Ela não pensaria duas vezes em te excluir. Ou você se esqueceu de que ela tirou Catarina sem nenhuma piedade?

Deise penteou seu cabelo em um gesto de desdém.

— Mas Catarina era uma tola — ela disse. Mesmo que fizesse esforço para não soar falsa, essa impressão acabava ficando protuberante. Era como tentar embalar um presente sigiloso com um papel transparente. — Aposto que até mesmo ela sabia que não era digna de andar com a gente.

EU TE AMEI AMANHÃOnde histórias criam vida. Descubra agora