10 | Então tá, bonitão: eu aceito

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Eu estava deixando o colégio depois da aula de Educação Física na hora em que Bernardo e Deise apareceram. Outros cinco alunos os acompanhavam.

— Ei, Hércules — o CAT disse, o braço envolto do pescoço da ruiva. — A gente tá indo ao Subway comer alguma coisa. Bora? Não contarei para Ariana se você escolher o lanche mais gorduroso.

Olhei por cima de seu ombro para ver se Victor já tinha chegado e percebi que não. Apesar de eu não ter participado de nenhum esporte no último tempo — bem como todos os outros dias, já que minha atenção deveria ser totalmente destinada a Ariana —, a fome tinha batido. Mesmo que eu tivesse que ficar ao lado de Bernardo, Deise e seus outros amigos, o que significava que eu ficaria fora da conversa, valia a pena ir.

— Hã... Okay.

— Beleza.

O Subway se localizava no mesmo quarteirão onde o colégio estava, só que atrás. Se demorássemos mais de dois minutos indo do Álvaro até lá, era muito.

No caminho, enquanto eu ficava sobrando no diálogo do pessoal a respeito do The Sims 3, que chegaria ano que vem, aproveitei para ligar para Victor e avisá-lo que ele poderia me buscar só mais tarde, quando eu resolvesse chamá-lo por conta própria. Ele, sempre preocupado comigo, perguntou se eu iria precisar de algum dinheiro para lanchar, e eu disse que não.

O Subway estava parcialmente cheio, mas havia um lugar que comportava duas mesas e oito cadeiras, ideal para nós. Nos holofotes presentes na lanchonete, Svetlana Svetikova cantava sua famosa música russa chamada Lambada. Quem a apresentou para mim foi Bernardo, que adorava músicas dances. Ele disse que essa, em particular, estava no auge.

Sem delongas, todos nós fomos para o cantinho com as duas mesas, e foi no percurso que vi Emmett, sentado junto a Catarina e outra menina. Uma das cadeiras da mesa estava ocupada por uma mochila, o que me fazia crer que algum colega deles seu foi fazer o pedido, enquanto que eles ficaram na espera.

Notei o efeito bom que Emmett me transmitia quando minhas sobrancelhas se ergueram ao vê-lo.

Há um segundo, eu me via entediado em um ciclo de amizade que não me traria nenhum motivo digno para sorrir. Depois que o vi, minha percepção sobre como seriam os minutos seguintes tinha mudado drasticamente. Eu sabia que a presença dos meus amigos CATS não me permitiria falar com Emmett e que, por conta disso, não devesse estar tão positivamente eufórico, mas só a presença dele melhorava meu ânimo. E admitir isso implicitamente queria dizer que a minha decisão de fingir que ele era invisível estava indo por água abaixo.

Após a nossa última conversa, uma enorme porcentagem de mim passou a desejar a presença de Emmett, embora eu tivesse recebido uma ordem para fazer justamente o contrário. Eu não tinha pensado antes na ideia de manter contato com ele de forma sigilosa, longe dos olhares dos CATS. Para mim, eu não poderia, de jeito nenhum, me aproximar dele e de seu perfume carregado de tranquilidade. Mas agora que Emmett havia destacado essa possibilidade, eu estava tentado em aceitar.

— Eu faço o pedido, tá legal? — Bernardo indagou para todos nós. — Para a fila não ficar amontoada.

— Tá bom — um dos amigos dele disse.

— Vou querer o de sempre — falei, desviando meu rosto do garoto que as moças atrás do balcão não paravam de encarar.

— Beleza — meu amigo disse, puxando um celular do bolso. Abrindo o bloco de anotações, pediu: — Um por vez.

Ao passo que cada um começou a anunciar que tipo de sanduíche iria querer, coloquei minha mochila em uma das cadeiras da extremidade da mesa, porque assim eu poderia ver Emmett. Tomei cuidado, claro, para que Bernardo e Deise não notassem meu interesse na pessoa que deveríamos evitar.

EU TE AMEI AMANHÃOnde histórias criam vida. Descubra agora