Capítulo 13

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LOSA

Eu não era burra o bastante para não perceber que o número desconhecido era do Brasil e a única pessoa que me ligava de lá era o Arthur, o meu pai. Mas o que ele queria agora? Ele me abandonou há anos atrás e agora acha que deve voltar?

Os mínimos raios de sol que atravessavam as nuvens negras entravam pelo vidro da janela da delegacia. Era terça-feira. Rick, um dos policiais foi me buscar em casa, alegando ter novidades sobre o caso. Novidades? Quais? Eles não haviam feito progresso nenhum.

Meu celular que estava em cima da mesa vibrou mais uma vez, e não precisei olhar a tela para saber que era o meu pai me ligando novamente. Eu não queria atender. Não queria falar com ele. Respirei fundo, mexendo meus dedos no meu colo e encarei a porta quando a mesma foi aberta. O homem alto e forte passou por ela, com sua expressão séria e firme no rosto.

— Srta. Davis! — começou, rodeando a mesa de madeira e sentando na cadeira atrás dela. — Como está?

— Bem. — respondi. — O que descobririam? Alguma pista nova do Dick?

— Sim. — ele suspirou, colocando sua pistola na gaveta e me olhando. — Dick estava se escondendo no porão na casa onde ele mantinha a Emma em cativeiro.

Sei disso. Vocês só descobriram por causa dos meninos e de mim.

— E onde ele está agora?

— Não sabemos. — falou. — Acreditamos que ele está se locomovendo constantemente.

Eu já sei dessa merda toda também.

Respirei fundo, cruzando os braços e engolindo seco.

— Estamos trabalhando duro para acharmos o Dick, Davis. — continuou. — O Robbins é esperto. Um homem psicopata que sempre está um passo a frente da polícia.

— E o que acharam no porão?

O delegado descansou suas costas no couro da sua cadeira, logo suspirando pesado e cansado. Ele estava procurando coragem para dizer. Seu rosto tinha uma expressão hesitante e receosa.

— O que irei dizer pode parecer perturbador e constrangedor, mas reconheço que você é uma mulher forte e saberá lidar com o que virá... — começou. — Encontramos fotos suas. Nos cantos da sua casa, mas nenhuma delas é recente. — continuou. — Na sala. Cozinha. Garagem. No seu quarto.

Meu estômago revirou enjoado. Eu estava enojada. Como ele pode ser tão sujo? Como eu me envolvi com um homem desse tipo?

Apertei o couro da cadeira em baixo do meu corpo e cerrei os dentes. A fúria crescia rapidamente em mim.

— Quero garantir que estamos fazendo o possível para acharmos o Robbins o mais rápido possível. — falou.

— Não, vocês não estão. — rebati. — Ele está brincando com vocês. Rindo da cara de cada um, enquanto come a porra de uma pipoca e assiste a polícia andar em círculos. — continuei, sem medo algum. — Dick sabe de todos os passos que vocês darão. Sabe de como irão lidar com essa busca inútil.

— Srta. Davis, por favor, se acalme... — pediu, com a voz baixa e calma.

— Estou calma... — franzi a testa. — Estou calma há dias, enquanto esperava alguma novidade ou notícia positiva de vocês, mas o que saem das suas bocas é como o Dick está fazendo todos de idiotas. — me levantei. — Debochando, porque sabe que conseguirá fugir ou até mesmo me matar.

— Estou ciente da sua indignação e decepção, mas...

— Está mesmo? — questionei. — Passei dias trancada naquela casa miserável, e mesmo que eu não esteja mais lá, eu sinto que ele está esperando a oportunidade perfeita para agir. — continuei. — Estou com raiva por saber que as únicas coisas que vocês encontram é fotos minhas, as quais foram tiradas sem o meu consentimento. Isso é assédio, caralho.

Um Amor Inesperado (Livro Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora