Capítulo 5

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LOSA

— Dick.... — falei, com a voz mansa. — Poderia coçar as minhas pernas?

O homem me olhou com uma expressão desconfiada e hesitante, mas ainda assim, se aproximou e colocou suas mãos nas minhas pernas. Mostrei o local que coçava com um aceno com a cabeça, e então suas unhas rasparam na pele. Aliviando a irritação.

Eu conseguia perfeitamente me aliviar sozinha, mas eu precisava conquistar a confiança dele. Fazer com que ele confiasse em mim. Abaixasse a sua guarda para finalmente poder conseguir sair daqui.

Já havia passado alguns dias. Eu estava quase perdendo a noção tempo. Se era de manhã, tarde ou noite. Isso me enlouquecia. Eu me sentia claustrofóbica. Cada minuto ou hora que passava, o quarto ficava ainda menor. A sala ficava apertada. Tudo me sufocava.

Eu precisava sair daqui. Precisava ver minha família. Minha mãe. Porra, ela deve está tão preocupada comigo. Do Niko. Meus amigos. Raissa. Noysle. Danny. De todos eles. Sinto tanta falta. Eu iria ficar louca.

— Já está bom? — a voz grossa do Dick me fez despertar.

Assenti.

— Mandei uma mensagem para a sua mãe... — ele comentou, me olhando enquanto sentava na poltrona ao lado da cama. — Avisei que você ficaria fora por um tempo.

O quê?

Por um tempo? O que ele pretendia fazer comigo?

— Como...?

— Ativei o seu chip apenas para mandar uma mensagem de texto para ela, e então depois coloquei aquela merda para queimar na lareira. — explicou.

Pressionei os lábios após engolir seco. Minha garganta estava ressecada.

— Quer ouvir uma história? — perguntou, com a voz animada.

— Sim...

Faça isso Losa. Você consegue...

Dick sorriu entusiasmado e se sentou na ponta do colchão forrado com o lençol branco. Ele usava uma calça de moletom cinza e um casaco claro. Sua roupa rotineira de todos os dias.Os olhos claros brilhavam com a ideia de contar uma história, a qual eu estava pouco me fodendo para saber. Eu não me importava.

Ah, qual é? No que ele estava pensando? Que iríamos ser um casal onde um conta uma história romântica para o outro?

Vá se foder!

— Era uma vez um menino que morava em um orfanato desde os seus três anos. — começou. — Ele era bem cuidado. Todo mundo tratava o garoto bem, mas ele não tinha amigos. Ele não gostava da sensação de ser rodeado de pessoas. — continuou, segurando meu olhar. — Mas ele gostava de uma mulher. Gostava da diretora.

Ele sorriu, como se estivesse nostálgico.

— Mas aos dez anos, o pequeno garoto foi adotado por uma família. O homem era um médico bem rico e sua esposa, apenas dona de casa. A coitada era infértil. Ela não trabalhava, já que o marido não permitia.

Molhei os lábios enquanto alisava meu pulso preso com a mão livre.

— A mulher traía o seu marido. Todas as noites em que ele estava de plantão. — Dick olhou para cima. — Enquanto o seu esposo trabalhava para dar uma boa vida para a sua esposa, ela como retribuição abria as pernas para outro homem. — me olhou de volta. — As pessoas são ingratas, Losa...

Engoli seco, tentando me manter calma e forçando a demonstrar o máximo de interesse nessa história ridícula.

— Aquele homem sempre soube das traições, mas era covarde o bastante para acabar com aquele casamento de merda e doentio. — voltou a dizer. — E, então, a única coisa que ele teve coragem de fazer, era torturar o seu filho e espancar a sua mulher. Queimava o braço do pobre menino com cigarros, dava socos consecutivos no seu rosto, chutes imparáveis em seu corpo pequeno e magro. Batia na sua mulher como se ela fosse saco de pancadas...

Um Amor Inesperado (Livro Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora