Capítulo 17

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LOSA

Passei pela porta do quarto, me apressando para descer as escadas. Eram uma da tarde, e Jack disse que me buscaria às quatro. Eu não fazia ideia do lugar onde o moreno me levaria, mas admito que estou curiosa. Ele prometeu e jurou que eu iria gostar. Sorri fraco ao lembrar da nossa conversa da ligação ontem. É óbvio que eu e o meu corpo ainda tremia por ele, e saber que ele também gostava de mim, fazia meu estômago pular frenético com as borboletas criadas.

Olhei a sala vazia, notando que minha mãe e meu irmão estavam fora. Chris estaria no seu trabalho. Niko prefere passar o maior tempo fora de casa, e o motivo era evidente, o Arthur. Mordi o canto interno da minha boca, entrando em seguida na cozinha e vendo o homem abrir a geladeira. O clima ficou desconfortável, me fazendo engolir seco e incomodada quando ele olhou para trás.

Meu pai sorriu fraco, ainda tirando a caixa de leite e pegando o liquidificador em cima do armário branco embutido. Passei por ele, também tirando uma jarra de água e um copo de vidro. Despejei o líquido transparente, logo virando-o na boca. Eu estava com sede.

O homem ao meu lado se apressou em descascar quatro bananas e colocar no copo grande. Derramou o leite também, juntamente com açúcar e granola. Ele faria vitamina, e ao lembrar do gosto maravilhoso, minha barriga roncou. Eu amava quando ele fazia para mim no passado.

O ruído do motor do liquidificador surgiu, deixando o barulho irritante no ar. Virei, saindo do balcão e voltando para a entrada.

— Você quer? — ele perguntou, esperançoso. — Ainda me lembro do quanto você gostava de vitamina de banana.

Cerrei os dentes e apertei os punhos. Olhei para eles após sentir o meu peito apertar e pressionei os lábios. Sinto tanto falta dele.

Mas por que ele parou de ligar? Por que me deixou?

Eu só tinha onze anos.

Depois da minha mãe revelar que foi ela quem pediu o divórcio, comecei a pensar que o Arthur não era cem por cento culpado. Eles ainda se amavam, mas o seu trabalho sugou tudo de bom que os dois tinham naquela época. Mas ainda não entendo o porquê de ele ter deixado eu e o Niko.

Olhei para o seu rosto mais uma vez, e então senti uma lágrima descer em minha bochecha. Uma expressão dolorosa e ressentida surgiu no rosto do meu pai, fazendo o homem desligar o motor e se aproximar, mas fui rápida para estender a mão e impedi-lo.

Ainda não.

— Por que parou de ligar? — perguntei.

Ele engoliu seco.

— Fiquei com vergonha de mim mesmo. — falou. — Eu amava a sua mãe, mas devido ao dilema da minha família, ela me deixou porque não queria viver sendo infeliz ao meu lado. — continuou. — Então comecei a sentir vergonha de continuar ligando para vocês como se nada tivesse acontecido.

— Eu era uma criança. — falei. — Eu tinha apenas onze anos.

— Losa, me desculpe! Eu sinto muito...

— Eu senti sua falta... — continuei. — Eu precisava de você. Eu precisava de um pai. De amor paterno.

Arthur abaixou os olhos, encarando o chão com o rosto arrependido.

— Sabe como eu me sentia quando via os pais dos meus amigos buscando eles na escola? — perguntei. — Era uma sensação absurda de vazio. — falei. — Meu coração doía quando eu avistava a mesma cena todos os míseros dias. Cheguei a pensar que você não me amava. — funguei, passando a mão no rosto e limpando as lágrimas. — Mas ela estava lá. Sempre esteve.

Um Amor Inesperado (Livro Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora