Capítulo 6

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JACK

De longe eu encarava o corpo pequeno da Losa. Ela estava sentada na cadeira da mesa, levando a colher de sopa até a sua boca, em movimentos lentos e cansados. Seu dorso exausto e rosto esgotado. Meu peito estava aliviado por ver ela correndo na chuva.

No dia anterior, pedi para que os caras me ajudassem a investigar o Dick. Simon aceitou de primeira, já que ele sempre suspeitou do loiro, mas o Jason ficou hesitante. Ele disse que não sabia se era certo fazer isso, então eu insisti. Afirmei que o Robbins estava envolvido no sumiço e ele estava, e isso foi o suficiente para o meu amigo concordar.

Então a noite ficamos estacionados na rua do seu apartamento. Cada um em uma esquina, esperando qualquer movimento suspeito dele. Horas e horas se passavam, e estávamos atentos para tudo, até mesmo um mínimo acontecimento sequer. Todos preparados para tudo. E então uma mulher apareceu. Correndo para fora do prédio e eu sabia que era ela. Seu corpo bronzeado e pernas longas. Usava apenas uma camisa branca. Seus pés se apressavam em se distanciar.

Não demorei para dirigir. Aumentei a velocidade, me apressando em chegar até ela. A chuva batia no seu corpo, deixando-a encharcada e ensopada. Losa continuou correndo, até tropeçar e cair no chão, mas mesmo assim, ela não desistiu. Parei o carro ao seu lado e desci, me aproximei e levantei-a, mas ela se debatia desesperadamente, assustada e apavorada. Mas quando me viu, vi seus olhos relaxarem e seus músculos se acalmarem.

Davis me encarou por um breve segundo e caiu nos meus braços. Cansada e frágil. A mulher tremia devido ao frio. Precisava ser aquecida, e não demorei para colocá-la no carro e levá-la para casa dos meus pais. Lá, ela tomou banho, vestiu algo confortável e logo contou para os policiais o que havia acontecido. Eu estremecida de raiva enquanto ouvia as coisas horríveis que saíam da sua boca.

Aquele filho da puta era maluco.

Guardar coisas delas em uma caixa? Que porra era essa? Fotos nossas? Dos nossos amigos?

Psicopata de merda.

Ela deve ter sofrido tanto. Passado por tanta coisa. Aturando aquele monstro no mesmo lugar. Tendo que sentir sua presença. Naquela porra de apartamento fodido. Eu estava com tanta raiva.

Cruzei os braços no peito, enquanto me mantinha apoiado na parede da entrada da cozinha, observando a mulher que ainda estava sentada na cadeira de madeira. Quieta e um pouco assustada. Losa suspirou, correndo os seus olhos para a minha direção, como se tivesse notado a minha presença. Ela forçou um sorriso, mas logo fez uma careta e olhou para o seu dedo machucado.

— Você está molhando a cozinha... — ela comentou, com a voz baixa.

Eu ainda estava com a roupa encharcada devido à chuva. Não me importei em tirar. Só queria ficar olhando para ela por alguns minutos.

— Isso não é um dos meus maiores problemas agora. — eu disse.

Losa fitou o chão e engoliu seco.

— Você pode ficar doente. — falou. — E por minha causa, Jack...

Me aproximei das suas costas, encarando seu cabelo úmido e suas bochechas rosadas. Sua boca carnuda estava fechada, e a vontade absurda de beijá-la surgiu.

— Eu não me importo com isso, Losa. — eu disse. — Não me importo se ficarei doente ou qualquer outra merda. Entendeu? — a mulher me olhou. — Você está aqui e está segura. E isso é a única coisa que importa agora.

Losa suspirou e deitou o seu rosto na sua mão direita, a qual estava suspensa por causa do cotovelo apoiado na madeira da mesa.

— Você foi lá por mim? — perguntou. — Iria entrar no apartamento do Dick para me procurar?

Um Amor Inesperado (Livro Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora