Um Amor Inesperado (Livro Final)

Capítulo 1

LOSA

Minhas pálpebras tremeram enquanto eu despertava. Eu ainda me sentia zonza e sonolenta. Pisquei os olhos e molhei os lábios, ainda tentando ficar totalmente acordada e atenta. Merda. Tudo parecia difícil. Meu corpo estava pesado. Era como se ele estivesse preso em uma cama de concreto.

Respirei fundo notando a maciez embaixo do meu corpo. Tentei me levantar, mas minha mão esquerda parecia estar presa. Corri os olhos lentamente até ela, logo vendo um objeto prateado. Minha visão era turva. Então apertei os olhos, encarando a algema aprisionada na cabeceira da cama e no meu pulso. Sentei em um pulo e encarei o quarto branco. Eu estava totalmente isolada.

Tinha uma TV na parede em minha frente. Um banheiro no lado esquerdo na sala e um pequeno guarda-roupa no direito. Não tinha janelas. Era praticamente fechado. O teto e as paredes eram da cor branca, deixando o quarto ainda mais aceso e macabro.

Eu ainda estava vestida com a roupa do Dick. Aquele louco me drogou. Me fez dormir com o sonífero e me prendeu aqui. O que ele conseguia fazer? Na verdade, quem ele era?

Meu corpo gelou ao lembrar das minhas coisas dentro daquela caixa. Como ele pode ter feito isso? Ele era um stalker?

Isso explicaria o seu aparecimento repentino na praia e no dia em que viajei com meus amigos. Como pude ser burra de não pensar nisso? Que ele me seguia?

Jack na cama com outra mulher. A chuva forte e grossa que caía, me deixando encharcada. A coincidência e a carona do loiro. E a caixa no seu closet.

Dick estava sempre sério. Isso ajudava no seja um disfarce.

Meu Deus...

O que ele pretendia fazer comigo?

Mordi o lábio enquanto tentava puxar meu braço e por algum milagre fazer a algema soltar, mas nada acontecia. Eu estava presa e sem conseguir sair. Me estiquei, tentando pegar meu telefone com a mão livre, e sorri por ter sucesso. Agora com o aparelho desligado na mão, notei que ele estava descarregado.

Ah!

Fala sério!

O barulho da porta sendo aberta surgiu no quarto, então olhei para o lado, vendo ela se abrir. Me encolhi na cama, notando o sapato preto que o Dick usava. Meus olhos embargaram percebendo que o seu corpo se aproximava do meu. As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, me deixando mais apavorada e assustada.

Ele iria me matar?

Suas mãos estavam limpas. Livres de algum sangue ou outra coisa. Ele levantou a direita e alisou minha bochecha, limpando a pele molhada, me fazendo afastar a minha face. Seu toque me dava nojo.

Finalmente, encarando os seus olhos, notei que ele tinha um sorriso glorioso nos lábios. Seu olhar me fitava como se eu fosse a coisa mais importante da sua vida. E isso me deixava apavorada.

— Está com fome? — ele perguntou, com a voz mansa e baixa.

Continuei intacta. Minha boca não abriu para dar nem sequer uma resposta. Eu queria ir embora. Fugir daqui.

— Está com medo de mim, Losa? — ele disse outra vez. — Não irei machucar você.

Virei o rosto, encarando a parede esbranquiçada do lado direito e respirei fundo.

— Não vai responder...? — insistiu. — Você ainda deve estar assustada, não é!?

Encolhi mais as pernas e fechei os olhos, sentindo áspera quando o seu dedo enrolou uma madeixa do meu cabelo.