Capítulo 15

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LOSA

O céu azul finalmente deu as caras, como se soubesse ou previsse alguma notícia boa. Descansei a cabeça no vidro do carro, esperando que chegássemos em casa. Por um lado, eu não queria ter que voltar e ver o Arthur outra vez. Corri meus olhos até a mão do Hall que apertava a minha coxa, alisando a pele e fazendo-me notar que minha perna balançava. Eu estava inquieta.

Observei o portão principal da minha casa, coisa que me fez suspirar cansada. Jack acelerou, logo parando o seu veículo na calçada. Respirei fundo, tomando coragem para descer e encarar o meu pai. Eu sabia que um dia nós dois teríamos que conversar, mas não estou disposta agora. Não nessa confusão toda com o Dick. Quando ele parou de ligar, Nikolai ficou arrasado, mais do que eu inclusive. Meu irmão tinha uma admiração surreal por Arthur. Ele passava a maioria do tempo com o seu genitor, então isso o afetou profundamente.

A mão do homem ao meu lado apertou a minha. Seus lábios se chocaram na minha testa, e seus dedos alisaram a minha bochecha. Sorri fraco, puxando-o para dentro. Passamos pelo aço, entrando em seguida na casa grande. Já vimos o Rick conversando com Arthur, fazendo-me franzir a testa. O rosto do meu pai estava possesso de raiva. Maxilar travado e corpo intenso. Ele usava uma calça jeans e uma camisa social branca.

O policial olhou para trás, me notando e se endireitou. Coçou a garganta, fazendo o outro homem olhar para a mesma direção e perceber que eu já havia chegado.

— Srta. Davis! — Rick disse.

— Delegado. — murmurei, me aproximando com Jack ainda ao meu lado. — Me desculpe por ontem... — continuei. — Eu estava com a cabeça cheia e acabei descontando tudo no senhor.

— Está tudo bem... — falou. — É considerável estar se sentindo assim nos últimos dias.

— Como você está? — Arthur perguntou, me olhando duro.

— Bem. — cruzei os braços no peito. — O que descobriu, Rick?

— Bom... — começou. — Primeiro, eu peço que se sente.

Assenti, sentando-me no sofá da sala e esperando ele começar. Hall sentou no espaço vazio no meu lado direito.

— Colocamos o rosto do Dick e fizemos reconhecimento facial. — ele disse. — Descobrimos que ele vivia em um pequeno orfanato na cidade de Carson City, no estado norte-americano de Nevada. — continuou. — Aos seus dez anos, ele foi adotado pela família Fenty. E então eles colocaram o nome do seu filho adotado de Grayson Fenty. Eles viveram juntos apenas por três anos, e quando o garoto completou treze, foi mandado novamente para o orfanato sem explicações ou motivo.

— Então Grayson era o seu nome verdadeiro? — perguntei.

— Tecnicamente sim. — respondeu ele. — O seu primeiro nome foi esse. — falou. — Mas a sua mãe biológica, a Glenda, tirou ele do orfanato e trocou o nome do rapaz, colocando o seu sobrenome. Por isso que agora é Dick Robbins.

Eu sentia que essa história já tinha sido contada. Era idêntica a que o Robbins contou para mim semanas atrás, mas com algumas partes macabras, como assassinato e manipulação. Mas tudo era semelhante. O Orfanato. A família adotando o garoto e depois devolvendo, sem explicações na história do Rick, e devido a um assassinato na história do Dick.

— No seu ensino médio, ele namorou uma garota chamada Bárbara Smith. — voltou falar. — Aparentemente eles se gostavam, mas a garota sumiu. Simplesmente desapareceu. — falou. — Dick saiu ileso. Ninguém suspeitou do rapaz, já que ele não aparentava ser uma pessoa ruim.

O que...?

Minha garganta secou. Era óbvio que ele era o culpado.

— Dias se passaram e o Dick se mudou para Los Angeles, juntamente com a sua mãe. — me olhou. — No seu último ano, conheceu a Emma Donavan.

Um Amor Inesperado (Livro Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora