Capítulo 4

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JACK

Passei pela porta de vidro e entrei no restaurante, já correndo os olhos pelo lugar cheio e movimentado. Era simples e sua estrutura emadeirada, deixava o local ainda mais aconchegante e bom de ser frequentado. Avistei Safira de longe, sentada em uma das cadeiras da mesa que a mesma reservou, e então continuei me aproximando.

O céu estava nublado, avisando que com certeza choveria mais tarde. Ultimamente o tempo estava assim. Todos os dias chovia. Como se algo ruim aconteceu ou viria acontecer.

Coloquei o celular no bolso da calça jeans após checar a hora. Era uma da tarde. A mulher em minha frente queria conversar comigo há dias, mas eu a ignorava. Ainda estava envergonhado por causa daquele jantar, de como a expus para a sua família. Aquele dia foi tenso, mas não me arrependo por enfrentar o David. Sair da cada dos meus pais foi a melhor coisa que podia acontecer.

Assumirei a empresa quando meu pai se aposentar, mas não aceitarei suas manipulações ou seu controle sobre a minha vida novamente. Tudo seria do meu jeito. E se não fosse, não seria de jeito nenhum.

Hills tinha sua atenção no telefone em sua mão direita, mas logo levantou sua cabeça quando notou minha presença. Ela deu um mínimo sorriso de lado, enquanto ajeitava suas costas na cadeira e endireitava a postura. Estava linda como sempre. Cabelo solto, espalhados e caídos nos ombros. Usava sua calça de alfaiataria, juntamente com sua blusa de manga longa escura, com um suéter por cima. Nos pés, sua rotineira bota de salto. Sua boca brilhosa devido ao seu batom labial transparente e brilhante. Nos olhos, era visível um médio turvo de marrom, realçando suas pálpebras e seus olhos claros.

Safira juntou as mãos em cima da mesa após pedir uma bebida para o garçom, e em seguida me olhou. Pensativa e cheia de perguntas. O que ela queria? Espero que ainda não esteja pensando sobre voltarmos a fingir estarmos juntos. Isso não daria certo.

— Como tem passado, Safi? — perguntei, com a voz calma e ressentida. Imagino que deve ter sido um inferno na sua casa. Seus pais a pressionando como sempre.

Ela engoliu seco.

— Poderia ser pior... — ela respondeu. — Segui seus passos e agora moro em um apartamento. Bem longe deles.

Encarei a expressão orgulhosa e um tanto perdida em seu rosto.

— Está gostando? — falei. Ela assentiu devagar. — Fico feliz...

— E você? — me olhou. — Como anda?

Uma garrafa de vinho branco foi colocado na mesa, e a mulher agradeceu, logo despejando o líquido nas duas taças.

— Estou bem... — eu disse. — Agora que estou livre das manipulações do David. Me sinto muito melhor e liberto. — admiti. — Espero que um dia ele se sinta culpado e veja que errou.

— Seu pai é um homem bem ambicioso. — ela disse. — Homens ambiciosos querem que tudo seja do jeito deles. Que todos façam o que ele deseja. — continuou. — E isso é triste...

Peguei o cálice com o líquido avermelhado e bebi um pouco da bebida suave.

— Ainda bem que você finalmente o enfrentou... — murmurou, movendo seus dedos até a madeira da mesa.

Ela parecia inquieta.

— Meus pais darão uma festa no final da próxima semana... — comentou, finalmente me olhando nos olhos. — Algo sobre a empresa, eu acho. — sorriu fraco. — Quero que você vá comigo.

Estreitei os olhos, ainda encarando a sua expressão ansiosa e hesitante.

— Por quê?

— Acho que... — Safira riu sem graça, desviando o olhar para o prato vazio em sua frente. — Ainda não tenho coragem de enfrentá-los. Queria poder conseguir enfrentar os meus pais do mesmo que você enfrentou os seus. — admitiu.

Um Amor Inesperado (Livro Final)Onde histórias criam vida. Descubra agora