Capítulo 05

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Depois de ouvir Katy, Toni tomou seu banho às pressas. Sabia que se demorasse muito, seu pai lhe arrancaria o coro como prometido

Depois de arrumada, sai do quarto indo ao escritório do seu pai. Encontra a porta aberta e entra sem cerimônia.

- O que foi dessa vez? - Diz ela jogando-se na cadeira.

- Tenha modos, Antoinette Topaz! - Thomas já sentia sua paciência se esvaindo. - Quero avisar que amanhã você irá na casa da sua futura esposa para um jantar.

- Ah não! Sério isso? Eu não posso simplesmente pular essa parte e casar logo pra acabar com essa palhaçada?

Thomas enfia a mão entre os cabelos puxando-os bruscamente.

- Não, não pode! Você irá amanhã à noite no vilarejo Nascente e jantará com a família Blossom. Estamos entendidos, Antoinette?

- Estive lá ontem observando as redondezas... - Toni lembra de ter visto uma garota estonteante por lá._Vou gostar de ir por aquelas bandas novamente. Sim, estamos entendidos.

Thomas dispensa a filha antes que cometa uma loucura. Logo depois, sua outra filha entra no escritório.

- Pai, voltei. - Ela entrega uns papéis para Thomas. - Discutindo com a Toni novamente?

- E tem algum dia nessa vida miserável que eu não discuta com a Toni, Veronica?

Veronica sorria ao ver o pai falando dessa forma. Apesar de ser muito responsável, Veronica desejava ser aventureira como a irmã. Mesmo não sendo a primeira sucessora do pai para ser líder, ela sempre gostou dos assuntos da alcatéia e do vilarejo. Mas isso lhe toma muito tempo, o que é bastante ruim.

Lembrou-se de uma vez em que saiu com a irmã, mas não conseguiu fazer metade do que ela fez. Em decorrência disso, foi apelidada de molenga por Toni.

- Aí estão todas as informações que consegui sobre os vampiros nos últimos seis meses. Não são notícias boas...

- Obrigado, Veronica. Pode deixar que daqui eu assumo. Aconselho você a tentar pôr metade do seu juízo na cabeça de sua irmã.

Veronica retira-se do escritório encontrando Toni na sala paquerando mais uma vez a nova serviçal. Revirou os olhos ao ouvir uma cantada barata que Toni soltou tentando ganhar uma noite com a pobre garota.

- Elizabeth, volte pra cozinha. - Veronica aproxima-se encarando a irmã.

A garota assente ajeitando a roupa e corre indo para a cozinha. Toni bufa entediada.

- Você é uma chata, Veronica.

- E você parece uma criança. - Diz sentando ao lado da irmã. - Você precisa mudar esse seu jeito, Toni. Onde acha que vai chegar querendo transar com toda mulher e beber até não conseguir andar?

- Toda mulher não, só as bonitas. - Corrige a irmã e ganha um tapa na cabeça. - Ai, Veronica! Me respeita, sou mais velha.

- Se quisesse respeito, pararia de agir que nem um moleque. Olha pra você, Antoinette! Mulher feita e sucessora disso tudo, quando a sua ficha vai cair?

Toni encarou Veronica por alguns segundos admirando a forma com que a irmã age. Sempre foi assim, Veronica sempre foi o orgulho, a perfeita.

O mais difícil era admitir que Veronica realmente é melhor em tudo. Centrada, organizada, responsável... Uma boa moça!

Por enquanto que Toni é a vagabunda, inconsequente e que bebe todos os dias...

- Espero que essa ficha caia logo pois eu estou assumindo um papel que é seu, Toni. Só seu!

Então, a mais nova levanta-se e retira-se esperando que Toni comece a pensar um pouco nos outros e menos nela. Era uma egoísta ao extremo, isso era irritante.

...

A noite logo chega e o frio se intesifica. O casarão Blossom estava completamente silencioso.

Logo depois do almoço, Cheryl preferiu ficar no quarto a tarde inteira. Era costume trancar-se para escrever em seu diário. Teve a infelicidade de não ter amigos íntimos e então viu na escrita uma maneira de desabafar.

Banhou-se para o jantar e depois se viu admirando a noite.

- O que o futuro me reserva? - Encarou a lua cheia em toda a sua exuberância.

Já que na lua cheia o jantar costumava ser rápido, não demorou a descer. Anne e Clifford já tinham começado a comer sem a garota. Sem graça, sentou-se à mesa pondo a toalhinha no colo.

- Desculpe não termos lhe esperado, Cher. Mas você entende, não é?

Cheryl assente para seu pai. Nas noites de lua cheia, os lobos tem a necessidade de saírem para liberar todo acúmulo desnecessário de energia. Era uma noite de tormento para Cheryl pois ela jamais se transformou então tinha muita energia acumulada.

Cinco minutos depois, Clifford e Anne retiram-se da mesa deixando Cheryl sozinha.

Ao colherar a sopa de ervilha, sentiu uma pontada forte no peito que a fez derramar o líquido.

- Cher, estás bem menina?- Penélope segura nos ombros agora trêmulos de Cheryl.

- Acho que não conseguirei dormir hoje...

Ela levanta-se da mesa mas acaba caindo de joelhos ao ser atingida por outra dor. Elisa e Penelope levantam vagarosamente a garota do chão e a carregam para o quarto.

- Deixem-me sozinha, por favor. - Sussurra suando frio. - Eu aguento, juro. Só não se preocupem.

Elisa atende o pedido da jovem deixando-a sozinha mas Andressa não o faz.

- Por que reprimir tudo isso, Cheryl?- Alisou a testa suada da menina.

- Eu não quero me transformar, não quero. - Lágrimas tomaram conta dos seus olhos. - Eu não pedi pra nascer assim... Queria poder traçar minha vida do jeito que eu bem quisesse. Não quero ser tomada por um lobo, não quero ser um lobo.

Clifford escuta isso de Cheryl desde quando a garota começou a entender o que era. A voz do lobo interior começou a amendronta-la para que ela se transformasse mas a garota temeu. Temeu não controlar-se já que a alcatéia na qual ela pertence é caracterizada pelo descontrole.

Temeu machucar um inocente e pior, temeu matar alguém. Era demoníaco demais querer ser um alguém que é controlado por uma fera raivosa. Cheryl sempre abominou isso e mais ainda quando viu sua mãe ser morta por um lobo, um deles.

Prometida à Alfa - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora