Capítulo 36

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Ao chegar na porta do casarão Blossom, Cheryl ouve barulhos de coisas indo ao chão. Apressada, entrou rapidamente na casa indo diretamente para o quarto de Louis. Abriu a porta vendo Selena, Cícera e Penelope encolhidas observando Louis destruir o quarto.

- Louis, sou eu, Cheryl.

Ele só berrava e jogava tudo que via ao chão. Cheryl pediu para que todos saíssem do quarto, agradeceu a Selena antes dela sair. Louis parou e jogou-se no chão batendo sua cabeça no mesmo. Cheryl foi até ele abraçando-o.

- Minha mãe, Cher! - Ele berrava se debatendo. - Minha mãezinha, minha mamãe querida...

Mais uma vez Cheryl se viu não conseguindo segurar as lágrimas que desceram quentes e pesadas. Louis começou a rasgar sua própria roupa gritando como se uma dor latente percorresse todo seu corpo.

- Eu estou aqui, meu bem. Não precisa ficar assim, Louis. A mamãe tá no céu, protegendo você.

- Eu quero a mamãe, Cher! - Ele soluçava desesperadamente. - Eu sou um monstro, eu matei minha mãe!

Nesse momento a porta é aberta e Clifford juntamente com Anne encara os dois jogados ao chão com confusão. Teria eles ouvido errado?

- O que esse garoto acabou de dizer? - Clifford pergunta piscando os olhos inúmeras vezes. - Como...

- Não, pai. - Cheryl interrompe. - Ele viu os vampiros matando a Maur...

- Fui eu, eu mordi minha mãe. Eu matei a minha mãe, me matem, eu imploro.

Não tinha nenhum par de olhos naquele lugar que não tivesse banhado em lágrimas. Soluçando muito, Cheryl se põe na frente de Louis.

- Ninguém vai fazer mal a ele, ninguém. - Ele brada como leoa. - Eu sou responsável pelo Louis. Eu vou protegê-lo.

- Você não é nada do garoto, Marjorie! - Clifford se aproxima puxando Cheryl para longe do garoto. - Ele é um monstro agora, garota.

- Não, pai! - Ela se solta e volta para perto do garoto abraçando-o. - Eu acobertei o crime, sou tão culpada quanto ele. Ele não é nenhum monstro, é só o Louis.

Anne saiu e voltou com alguns membros da alcatéia. Cheryl encarou os homens que começaram a se aproximar cautelosamente na intenção de arrancar o garoto dos seus braços.

- Eu vou arrancar a cabeça de quem se aproximar dele. Eu não estou brincando. - Ela rosna mostrando suas presas crescidas.

Clifford coçou a nuca desesperado, Anne impedia que Selena e Penélope entrassem no quarto destruído e os homens permaneciam querendo aproximar-se. Os olhos de Cheryl já adquiriam um brilho chamativo, sua loba estava agoniada. De repente, Cheryl sente uma espetada forte no pescoço. Levou a mão até o local retirando um pequeno dardo banhado em algo que estava começando a deixar-lhe zonza.

- Não... Louis... - Ela cambaleia encarando os olhos do garoto. - Fuja. Logo.

Cheryl deixou que algumas lágrimas escapassem antes de olhar para o pai. O olhar de Clifford estava carregado de culpa, mas não arrependimento.

- Me perdoe, minha filha. - Ele sussurra aproximando-se.

Sem forças, Cheryl desmaia batendo a cabeça em um pedaço de cadeira, o sangue desceu pela sua testa suada. Louis encarou os homens que estavam aproximando-se dele e então pulou pela janela usando uma pequena parte da sua velocidade vampírica. O garoto fugiu em rumo a floresta negra e os homens o seguiram. Anne correu até o corpo caído de Cheryl pegando-a nos braços.

- Você está louco, pai? - Anne esboça pela primeira vez uma reação exagerada. - É a Cheryl, sua filha! Por que você ordenou isso?

- Precisamos expulsar o garoto do vilarejo, Anne Blossom. Ele é uma ameaça, olhe o que ele fez! Matou a própria mãe! Leve Cheryl pro quarto dela, preciso falar com Bobby.

- Espero que ela nunca lhe perdoe. - Selena cospe as palavras na frente de Clifford e depois segue Anne.

Clifford ficou sozinho naquele quarto, encarando a destruição que ele se encontrava. Resolveu criar um fio de esperança de que Cheryl lhe perdoaria.
Anne repousou o corpo da garota na cama e pediu pra Cícera buscar algo pra limpar sua testa.

- Ela vai ficar bem, Anne? - Selena diz tocando na mão da amiga.

- Sim, Cheryl é forte. E tem a sobrenaturalidade como aliada. Logo vai acordar, espero que com pouca raiva.

As horas passaram e a cidade inteira já sabia quem matou Maura. Depois de saber da verdade, Bobby sumiu. Ninguém o encontrou, assim como não encontraram o garoto. As portas do casarão é aberta com um estrondo e Toni corre até onde Cheryl está. Encontra Anne velando o sono demorado da irmã, que assusta-se ao ver Toni entrando desesperadamente.

- O que aconteceu com ela? - Ela se aproxima. - Quem fez isso?

- Meu pai. - Anne diz de contragosto. - Fique com ela, preciso cuidar de uns assuntos.

Anne sai do quarto indo atrás do pai, Clifford passou dos limites. Toni sentou-se na cama ao lado de Cheryl e então beijou o lado da sua testa que estava bem. Sentiu um amargo na boca, talvez muito ódio de quem fez isso. Cheryl começa a mexer-se levemente e então abre os olhos sobressaltada.

- Louis! O Louis! - Ela grita querendo sair da cama, mas é impedida por Toni. - Me solte, eu vou atrás do Louis! Louis!

- Calma, meu bem. O Louis fugiu. Fique calma, por favor.

- Louis... - Ela volta a chorar pesadamente. - Eles vão expulsar uma criança inocente daqui, Toni. Não podem...

Toni abraçou Cheryl sentindo o peso das suas lágrimas sobre seu ombro. Ela estava despedaçada, totalmente abalada. Cheryl se solta do abraço de Toni e então segura em seu rosto com as duas mãos.

- Vai tomar banho, vou estar te esperando aqui. - Ela diz com uma calma repentina.

_Não saia daqui.

- Eu sempre vou estar aqui, meu amor.

Toni engoliu seco e então pegou uma toalha entrando rapidamente no banho. Cheryl vai até o espelho, amarra o cabelo e então sai do quarto correndo. A última vez que houve um assassinato, a vítima foi sua mãe. Ela sabia muito bem o que estava acontecendo no centro do vilarejo nesse exato momento. Com a vista embaçada e muita tontura, ela chegou no meio da multidão a ponto de ainda ouvir seu pai.

- Como Bobby sumiu não assumindo o dever de entregar seu filho, devemos ir atrás do garoto. Ele deve ser julgado e expulso totalmente do vilarejo Nascente não sendo mais aceito em nenhuma alcatéia pelo crime de ter matado Maura, sua mãe, e por se tornar um vampiro mesmo que contra sua vontade.

- Eu omiti o crime. - Cheryl diz ofegante se pondo no meio da grande roda. - Eu sou tão culpada quanto ele. Acobertei um vampiro, quero ser julgada e expulsa também.

Um burburinho alto ganhou vida fazendo a cabeça de Cheryl dar voltas. Clifford, totalmente abismado, tenta se aproximar da filha. Ela recua dando passos incertos para trás.

- Não mereço ser absorvida só por que sou sua filha. - Sua voz é altiva. - Quero ser julgada, agora.

Pai e filha trocaram olhares intensos, ninguém esperava isso. Cheryl estava disposta a tudo, iria vingar-se de Hal e ir atrás de Louis. Estava certa disso.

Prometida à Alfa - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora