Capítulo 14

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Cheryl tentou fingir que nada do que ouviu havia lhe afetado, mas não estava funcionando.

- Isso dói muito, Louis? - Perguntou apontando para o curativo no pescoço do garoto.

- Na hora que ele mordeu doeu muito, professora Cher. Parecia que meu corpo queimava e minha vista escureceu. Minha mamãe disse que eu desmaiei.

Cheryl beijou a testa de Louis dizendo que logo logo sararia, mas ela não tinha certeza. Nunca ouviu falar de um lobo filhote sendo mordido por um vampiro.

Agradeceu a Maura por confiar tais informações a ela, abraçou Louis prometendo voltar antes de casar-se e foi embora. Ela estava atordoada, pensativa. O que querem com ela afinal?

- Cher! Cher!

A garota virou-se reconhecendo a voz de Selena, filha de Mandy. Logo abraçaram-se sorridentes por se verem.

- Mal cheguei e já soube que irá casar-se, Cher. - A morena dos olhos castanhos  gesticulava entusiasmada. - Mamãe quer te ver também, vamos lá no bar?

Cheryl aceitou ir até o bar ver Mandy, poderá ser uma maneira para distrai-la. Entraram no bar indo diretamente para a área reservada para pessoas autorizadas, a cozinha.

Mandy fritava alguma coisa quando viu Cheryl entrando no ambiente.

- A mocinha vai casar! - Ela saúda a garota com um sorriso.- Queria te abraçar, mas o cheiro de comida que está em mim grudaria em você. Quando se casará, Cher?

- Domingo, Mandy. - Disse desgostosa. - Mas não se preocupem, verei vê-las sempre.

-Acho bom. - Selena entromete-se. - Sua noiva é bastante famosa viu?

- Selena! - Mandy reclama com a filha.

- Não se preocupe, Mandy. Eu sei da fama da minha futura mulher, mas não se preocupem que logo logo estarei livre novamente. Tudo isso será por pouco tempo.

Cheryl ficou pra almoçar com Mandy e Selena, e pra passar o tempo, resolveu ajudá-las no bar. Limpava as mesas, servia os clientes e lavava alguns pratos. Depois do horário de pico, puderam sentar pra almoçar em paz.

- Esse mix de folhas está uma delícia. - Selena elogia a comida. - Prova esse purê de batatas, Cheryl. Está uma perdição. Estive tanto tempo fora que vou demorar mais de um ano pra matar a saudade do tempero da minha mãe.

Depois de almoçarem, Mandy pediu que Selena acompanhasse Cheryl até perto de sua casa por enquanto que ela cuidava dos pratos sujos e dos clientes que chegavam.

As duas foram caminhando lentamente ouvindo os pássaros cantarem sobrevoando o vilarejo.

- Você parece preocupada, Cheryl. É sobre o casamento? Está com medo de perder a virgindade?

- Selena! - Repreendeu-a. - Eu não estou pensando nessas futilidades. Isso não habita na minha mente. Já vi que você não mudou nada... Ainda continua doida pra perder a virgindade.

- Eu já perdi, Cher. - Ela sorri marota. - Mas isso não vem ao caso agora. O que te incomoda tanto?

- Uma guerra contra vampiros está prestes a começar e isso me preocupa muito. - Falou vacilante. - Tenho medo do que eles podem fazer...

- Fica sossegada. Teremos duas alcatéias para nos protegerem, acalme-se. Acabara logo, você verá.

- Espero muito que isso aconteça, Selena.

                                 ...

Toni não comeu nada, não tinha fome. Depois de falar com Betty, ficou trancada em seu quarto pensando na sucessão de erros que cometeu. Ela estava começando a sentir uma culpa que lhe corroía, que jamais sentiu em toda a sua vida.

- Toni, abre aqui! - Veronica, pela terceira vez batia na porta. - Sério Toni, abre essa porta e deixa de ser moleque pelo menos uma vez.

A porta logo abriu-se para a surpresa de Veronica. Toni estava abatida, de cara fechada. Sentou-se no chão encostando-se na parede e voltando a encarar o nada totalmente perdida na sua culpa.

- Você fica péssima quando quer entrar nesse estado de depressão temporária, Toni.

- Você dá pra deixar de ser chata pelo menos uma vez? - Sua voz sai baixa. - O que você veio fazer aqui, Veronica?

Veronica fecha a porta, senta-se do lado da irmã e tenta olhar para o mesmo local que ela olha.

- Você ficando assim não vai alterar nada, irmã. A conversa que você teve com nosso pai foi necessária, provavelmente aquilo vinha te corroendo a um tempo e você engolia calada. - Suspirou. - Perdão se de alguma forma eu ofusquei você, Toni.

- A culpa não é sua. - Toni amargou ao lembrar dos detalhes da conversa. - Ele que não soube dividir o amor que sentia pelas filhas direcionando-o apenas para você. Não me faça sentir-me pior ao ouvi-la me pedindo perdão.

Toni encarou a irmã e com um pouco de esforço sorriu.

- Mas não é por isso que estou assim. - Assumiu deixando Veronica confusa. - O que fiz com Elizabeth me deixou totalmente culpada, com a consciência pesada. No dia que fui apresentada a Cheryl, ela me viu beijando a Keane e uma culpa corroeu meu ser até que eu aliviei-me pedindo desculpas por tudo. Hoje, depois do que houve comigo e Betty, a mesma culpa me corrói.

- Já tentou pedir desculpas a Betty?

- Ela está magoada demais pra me perdoar agora. Será que você me perdoaria tão fácil se fosse Betty?

Veronica calou-se diante da pergunta feita pela irmã. O que Toni fez, mesmo bêbada, é quase que imperdoável. Seduzir uma moça apenas para satisfazer seus prazeres sexuais era coisa de gente fria, insensível. E Toni sabia disso. Tanto sabia que se corroía por pensar em tudo isso.

- Eu sou um lixo de ser humano.
- Toni admitiu encarando a irmã. - Será que eu tenho jeito? Será que ainda dá tempo de ajeitar as coisas e tentar fazer o certo?

- Nunca é tarde, irmã. - Veronica sorri por ouvir as intenções da irmã. - Nunca é tarde...

Prometida à Alfa - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora