Clarke point of view
Ela está mexendo muito comigo. Eu simplesmente já não sou a mesma quando se trata dela. É possível se apegar tão fácil assim?
Todos os dias fui vê-la em seu quarto, por precaução, claro. Ela podia estar precisando de mim mesmo dormindo, sei lá. Senti falta da sua voz nesses dias que ela hibernou como um urso, mas daqui da sala de piano ouvi ela falando com meu pai. Ela está tontinha de tanto que dormiu.
- Você não vai fazer algum programa com sua esposa? Por que não a chama pra ver como as espécies estão se dando bem entre os vilarejos e a cidade?
- Mãe, não funciona assim. Eu e a Lexa somos meio-amigas ainda. E ela acabou de acordar e lidar com o fato de que é vampira agora, casada e líder de todos. - Explico calmamente. - Isso deve ser difícil de entender.
Becky Mahone Gomes apenas concordou e me pediu que tocasse piano. Resolvi atender seu pedido e toquei uma canção que a própria me ensinou. Mergulhada em pensamentos, lembrei de quando tinha oito anos e minha mãe tentava me ensinar a tocar.
- Postura, filha. Como quer aprender a tocar com a postura errada?
- Desculpa, mãe.
- Você sabe que se quiser parar de tocar eu vou entender, só que eu gostaria muito que você tocasse.
- Desculpa, mãe. Eu vou tocar bonito. Me ensina, por favor.
Eu não queria tocar piano. Mas toquei porque ela queria muito. Ela não queria uma filha metida nos assuntos do pai. Lutas, assuntos de vampiros, etc. Ela já sabia que eu iria casar, queria que no mínimo eu fosse uma vampira com muitas características. Eu a entendo.
- Clarke? - A voz potente de Lexa me assusta. - Você está chorando.
Enxugo rapidamente meus olhos e me levanto sem jeito. Pisco os olhos várias vezes, mas nada adiantou. Eu não sou muito boa com lembranças. Nem um pouco.
- Aconteceu alguma coisa? - Seu cheiro tão perto assim...
- Não, não é nada. Só estava tocando uma canção triste pra mim. Você está bem? Dormiu que nem um urso.
Ela sorri e bagunça os cabelos. Por que eu estou reparando tanto nisso?
- Dormi sim. E obrigado pelo sangue. Você pode me apresentar tudo aqui? Por dentro e pela cidadezinha em volta?
- Está abusando da minha boa vontade hein? Vai se arrumar e logo vamos. Aproveite porque não é todo dia que Clarke Gomes fica tão boazinha assim.
Ela some da minha vista rapidamente e eu admiro sua rapidez de adaptação. Ela aumentou ainda mais a sua velocidade e mesmo assim já conseguiu dominar. Eu tenho que parar de achar qualidades nela. Já já estarei caindo de amores feito uma idiota e ela rirá da minha cara.- Vamos?
- Claro!
...
Apresentei todo o castelo para ela e aos arredores também. Logo fomos até a pequena cidadezinha de vampiros em volta do castelo. Admirada, Lexa cumprimentou alguns lobos que estavam por aqui, andando livremente entre nós. Antes, existia um pouco de resistência.
- Você gosta de ser vampira?
Ela me pegou de surpresa. Eu gosto? Não sei... Se fosse ponderar pelos poderes, sim, eu gosto. Mas olhando pelo lado de que sou "eterna" é péssimo. Não gosto da ideia de ver as coisas ao meu redor tendo seu fim e eu permanecendo.
- Um pouco. Por que? - Chuto uma pedrinha enquanto caminhamos.
- É estranho depender muito de um único alimento. - Declara pensativa. - Mesmo podendo comer outras coisas, o sangue permanece sendo sua fonte de força. Acho que vou me habituar. Assim como acho que também me habituarei a estar casada com você.
- Entendo. - Disfarço meu desânimo ao escutar a palavra habituar em relação ao nosso casamento. - Você vai se habituar, sim.
Voltamos para o castelo na hora do almoço. Minha mãe me chamou ao canto para conversar por enquanto que Lexa foi conhecer os empregados.
- Está vindo um bando de vampiros do norte, coisa do seu pai. Uma família de vampiros líderes e um povo com eles. Vão ficar aqui no castelo até a casa deles ficarem pronta. Seja educada, Clarke. Não quero que vejam uma vampira fraca e imatura em você. Eles querem conhecer a sua mulher, mas conhecerão você também.
- A senhora me acha fraca? Mesmo depois de ter aceitado tudo isso que arquitetaram para mim? - Um nó estranho se forma na minha garganta. - Não se preocupe, sua filha fraca e imatura vai ser educada com os convidados.
Dei as costas e saí andando mesmo sob seus gritos. Minha mãe ainda me ver como uma fraca. Como provar o contrário? Sigo até a cozinha e encontro Lexa conversando com Muriel, Benício e Giardini.
- Enturmado com a criadagem?
- São boas pessoas. Estava dizendo ao Benício o quanto amo cervo assado. - Ela sorri e eu faço cara de nojo. - Deixa de ser fresca, herdeira das trevas.
Olhei para os empregados e os mesmos se surpreenderam ao ouvi-la me chamar assim. Não gostei.
- Não é porque você gosta de cervo que eles vão fazer pra você. Eles fazem o que eu quero e eles estão proibidos de fazer isso. - Digo extremamente fria e carregada de um ódio que não sei de onde veio. - Contente-se com a comida que vai ser servida aqui. Você agora não é só uma cachorrinha peluda, é também uma vampira. Acostume-se porque não servirmos ossos.
Dei a volta e me retirei da cozinha. Eu fui uma idiota... Eu fui uma idiota... Eu fui uma idiota... Droga, Clarke burra!
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Prometida à Alfa - Choni
Fanfiction[Finalizada] Filha do líder de uma alcatéia forte, Cheryl sempre dedicou-se a assuntos que não se referiam a lobos. Sabia que o que estava em seu DNA não podia ser mudado, mas preferia negar. Gostava de ensinar as crianças do vilarejo e ajudar quem...