Capítulo 01

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Fazia frio, muito frio. As árvores chacoalhavam fazendo um grande barulho, poucas pessoas se arriscavam a sair de casa diante de tão grande frieza. Mas Cheryl não se importava.


Tinha prometido a Louis que iria fazê-lo escrever uma carta para sua mãe. Cheryl sempre estava envolvida com as crianças do vilarejo. Agasalhou-se bem e foi em direção a casa do garoto. 

Cheryl tinha a opção de adiar a ida na casa de Louis, mas qualquer coisa era melhor do que ficar em casa nos dias das reuniões.

Ela sabia que os lobos precisavam reunir-se para procurar proteger o vilarejo impedindo a entrada de outros seres sobrenaturais que venham fazer o mal.

Mas aquilo tudo era cansativo. Cheryl nem lembrava mais quando foi a última vez que ela e seu pai fizeram uma refeição juntos ou conversaram. A liderança tomava todo o tempo do seu pai.

- Louis? Você está aí? 

Ao chegar na frente da casa de Louis, se viu tendo que chama-lo pois começava a cair uma chuva forte e as batidas na porta tornaram-se inaudíveis. 

Nesse momento, um senhor ía passando com suprimentos em uma sacola. 

Parou para observar Cheryl chamando pelo garoto. 

- Eles não estão. Precisaram sair do vilarejo - Com frio, o velho abraçava seu corpo - Vá pra casa, menina. O tempo está cruel. Até mais. 

- Até mais. 

Cheryl saiu da frente da casa observando que de fato o tempo estava cruel. Voltou pelo mesmo caminho de antes pensando no por quê de Louis e seus pais terem saído do vilarejo às pressas.

Cheryl deveria não estar sentindo tanto frio assim pela sua condição sobrenatural, mas devido a sua rejeição em se transformar, é quase como uma humana qualquer. Ela nunca se transformou, nunca.

Parou em frente a um estabelecimento, mais precisamente um barzinho pacato, e entrou. O local estava vazio, tirando a presença da dona. 

- O que faz aqui, Cher? 

Mandy, dona do barzinho, gosta muito de chamar Cheryl pelo seu apelido. Na verdade, quase todos daquele lugar a chamam assim. 

- Estava passando por aqui e resolvi entrar pra tomar um daqueles seus cafés maravilhosos. 

Sorrindo para a linda jovem, Mandy foi preparar uma das suas especialidades nesse tempo frio: café. 

Cheryl se viu perdida observando a decoração daquele lugar. Ela sempre dava um jeito de ir ali quando seu pai resolvia reunir os lobos dentro de casa.

Mandy retorna com uma xícara média cheia de café e algumas rosquinhas. 

Era um prazer mimar a jovem Cheryl, ela era um doce. 

- Obrigada, Mandy - Cheryl agradece ao ver que Mandy trouxe mais do que um simples café - Você sabe por que Louis e sua família saíram do vilarejo? Algo aconteceu? 

- Pelo que eu soube, eles tem família em outro vilarejo. Alguém de lá adoeceu, não sei ao certo. Foram todos. 

Cheryl bebericou seu café assentindo vagarosamente. Todo mundo naquele vilarejo se conhece muito bem. Claro que a pequenez do lugar ajuda.

- Cadê a Anne? Faz bastante tempo que não a vejo - Mandy pergunta curiosa. 

Anne é a irmã mais nova de Cheryl, e única. Ultimamente nem ela tem visto a irmã. Ela anda ocupado demais com os assuntos do pai.

- Passou a se importar com os assuntos da alcatéia. Não tem mais tempo pra ninguém - Ela bufa desanimada. 

Mandy se entristece pela atual situação da família Blossom. Depois que a mãe de Cheryl e Anne morreu, Clifford se entregou totalmente aos assuntos do vilarejo e da alcatéia. Mesmo Anne já tendo 18 anos e Cheryl 20, elas cresceram sem muita atenção do pai. O mesmo se absteve de arrumar uma outra mulher deixando as filhas serem criados pela empregada. 

Depois de bebericar o último gole de café, Cheryl repousa a xícara vazia no balcão.

- Estava maravilhoso, Mandy - Ela agradece - Preciso ir que já está escuro demais. Até breve. 

- Cuidado por esses caminhos, Cher. Até breve.

Ao abrir a porta e sentir o vento frio chicotear seu rosto, abraçou seu corpo. Pisou na calçada da rua olhando para o céu totalmente escuro e chuvoso às 15hrs da tarde. Caminha assoprando as mãos na tentativa de fazê-las esquentar.

Cheryl já pensava na frustração em ter que entrar em casa e ver tantos lobos na sua sala conversando. Era incômodo pois eles a olhavam como algo precioso para a alcatéia, algo que Cheryl não entendia. Viu-se parar bruscamente ao ouvir um barulho estranho, tipo alguém ou algo correndo. Olhou em volta tremendo levemente o lábio inferior procurando de onde veio o barulho.

Repreendeu-se por dar importância a isso e voltou a caminhar. Novamente ouviu o barulho só que mais perto. Perto até demais. 

- Quem está aí? - Ela diz um pouco alto já temendo ser alguém que queira fazer mal - Alguém está aí?

De repente um grande lobo sai de trás de uma casa encarando Cheryl com seus grandes olhos vermelhos. Ela deu dois passos pra trás temendo um possível ataque. Estava sozinha e jamais teria forças para enfrentar um lobo, qualquer que seja. O lobo de pelagem negra e olhos vermelhos inala o ar como se sentisse um cheiro específico.

- Quem é você? - Ela arrisca perguntar mesmo sabendo que na forma lupina, eles só se comunicam pelo pensamento e para isso ela precisaria estar transformada também - Você quer me fazer mal?

O lobo se aproxima de Cheryl calmamente, uma calmaria assustadora. Devido ao seu enorme tamanho, ele abaixa o focinho encarando o rosto da jovem medrosa. 

Rodeia Cheryl parecendo avaliar e se divertir com o medo da garota. 

- Por favor, me deixe ir embora.

Já se viam lágrimas nascerem nos olhos de Cheryl. O lobo encosta sua narina no braço dela como se a incentivasse a ir embora. Imediatamente ela se pôs a correr não entendendo nada do que acabara de acontecer. Só parou ao chegar no grande portão de sua casa. 

Ela estava pálida, sem ar. Viu Anne aproximar-se de modo extremamente rápido.

- O que foi que aconteceu, Cheryl? - Sua irmã a põe em seus braços por vê-la tão fraca. 

Cheryl nada falou até que já estivessem dentro do grande casarão Blossom. Anne repousou o corpo da irmã no sofá e sentou-se perto. 

- O que te aconteceu, Cher? 

- Apenas tive a impressão de estar sendo seguida. Corri por medo, sei lá. Acabei ficando nesse estado.

Cheryl se viu por algum motivo desconhecido omitindo seu encontro com o lobo. Ela estava intrigada, curiosa. Ele não parecia querer fazer mal, apenas observa-la. Mas por que? Por que aquele lobo jamais visto naquele lugar a procuraria? 

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Isso é apenas uma adaptação!! Todos os créditos a autora original LuuhStefane

Prometida à Alfa - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora