O sol entrava no quarto fazendo com que a claridade acordasse Cheryl. Esfregou seus olhos encarando o teto. Abraçou-se ao travesseiro tentando encontrar forças para levantar.
Lembranças da noite anterior vem à tona fazendo Cheryl piscar os olhos várias vezes.
Cria coragem levantando-se e seguindo diretamente para o banheiro.
Após arrumar-se, desce para fazer sua refeição. Encontra apenas Anne revirando uma caixa que está sob a mesa.
- Bom dia, Anne. - Ela aproxima-se da irmã. - Essa é a caixa de correspondências?
- Bom dia, Cheryl. Sim, é a tal caixa. E parece que tem uma carta pra você.
Ela estende a carta na direção da garota esperando que ela pegue-a. Meio sem entender, segura o envelope em suas mãos procurando o remetente.
- Alguém quis agradecer melhor o jantar de ontem, suponho.
Anne diz indo embora com a caixa em suas mãos. Cheryl lê o nome de Toni na carta tremendo levemente. Mas o que será que ela quer com essa carta?
Desejou queimar a carta ou corta-la em vários pedaços, mas algo a fez abri-la.
Rasgou o envelope que cobria a parte principal da carta e começou a lê-la.
Querida Cheryl, escrevo essa carta me corroendo de culpa por tê-la feito assistir aquela cena deplorável na frente de sua casa, na noite em que fomos apresentadas. Sei que lhe fiz chorar e isso não é nada honroso. Passei parte da minha vida arrancando sorrisos das mulheres mas as lágrimas que por minha culpa brotaram dos seus olhos me fizeram sentir-me um lixo. Prometo que aquela cena e nenhuma outra daquele tipo se repetirá em sua frente. Perdoe-me, por favor.
Com carinho e carregada de culpa, Antoinette Topaz.
Cheryl aperta a carta em suas mãos totalmente inexpressiva. Pelo que entendeu, aquele tipo de cena não irá repetir-se em sua frente mas sim por trás, às escondidas. Cheryl não esperava amor, romance ou nada desse tipo. Mas esperava fidelidade. Não queria ser motivo de chacota nem ser a piada da vez.
Irada, jogou a carta no primeiro cesto de lixo que viu.
Sentou-se à mesa e deu início ao seu café da manhã. Tentou, tentou muito esquecer os olhos verdes de Toni mas eles a perseguiam em sua mente.
Cheryl ficou sabendo por Penélope que seu pai foi resolver coisas sobre a aliança entre as alcatéias. Coisas do interesse de Cheryl também, ressalta ela.
Depois do café, resolveu ler um pouco para distrair-se. Na metade do livro, uma cena de amor. A garota se viu rejeitando a literatura evitando pensamentos indesejáveis.
Na sala, Elisa espanava os móveis cantarolando uma canção muito querida por Cheryl.
E quando o sol se pôr ligeiro
Corra, corra, seja o primeiro
Sente à mesa e peça o jantar
Faça bico se a mãe não quiser dar🎶
Cheryl cantarolou junto com Elisa afastando os móveis para ajuda-la. Elisa, mesmo ressaltando que não era preciso, deixou Cheryl ajuda-la. Afinal, amava ouvi-la cantar.
Coma, coma, seja apressado
Saia da mesa quando estiver terminado
Limpe a boca e escove os dentes
Grite, cante, fique contente🎶
Cheryl valsava na sala com o espanador nas mãos imitando um microfone. Aquela canção ela ouvia de sua mãe sempre antes de dormir. Era uma canção criada pela sua avó, uma relíquia guardada por ela. O fim dela era sua parte predileta.
E quando for a hora de dormir
Agradeça por estar aqui
Quem dera se todos tivessem essa sorte
Infelizmente a vida nos prepara pra morte🎶
Cheryl parou de valsar deixando uma lágrima sentida cair de seus olhos. O espanador fugiu de suas mãos no momento em que pôs elas no coração.
Elisa, preocupada, sentou Cheryl no sofá indo buscar um copo d'agua.
Ela sentiu falta de sua mãe, sempre sentia.
Cheryl perdeu sua mãe no momento em que ela mais a queria por perto. No tempo, ela tinha apenas 7 anos.
Sofreu muito, de todos ela é a que ainda mais sofre.
Depois de beber um pouco de água, correu para o jardim. Queria ficar perto da única coisa que a fazia sentir-se acolhida por sua falecida mãe, as rosas.
...
Toni abriu os olhos espreguiçando-se, sonolenta. Encarou o teto lembrando da noite anterior. Levantou-se rapidamente indo fazer suas higienes matinais.
Depois de pronta, desceu torcendo pra não encontrar seu pai em casa.
- Bom dia, Sra. Antoinette. - Betty, que estava lustrando os móveis, a cumprimenta sorridente.
Toni deu um sorriso de mau gosto e continuou seguindo para a sala de jantar.
Encontrou sua mãe e sua irmã, suspirou aliviada. Odiaria que seu pai comentasse sobre a carta à mesa.
- Bom dia, família. - Disse sentando-se. - O que temos de bom hoje? Espero que tenha suco de laranja.
- Depois do seu péssimo humor de ontem, achei que iria encher a cara e só aparecer aqui no dia do noivado. - Veronica alfineta. - Bom dia, maninha. Seu suco de laranja está logo aí.
Toni encarou Veronica de olhos semi cerrados. O engraçado disso tudo é que Toni ao chegar ontem naquele estado, não pensou em nada a não ser se desculpar com Cheryl e dormir. Em outras ocasiões, teria saído e enchido a cara como a própria irmã falou.
- Pare com isso, Veronica. - Reclamou Katy. - Bom dia, Toni. Você precisa providenciar seu traje para o noivado de domingo, filha. Eu e a Veronica iremos hoje mesmo na costureira, vamos?
- Vão na frente. - Ela dá um gole farto do seu suco favorito. - Se der, aparecerei lá. Mas ainda tem muito tempo.
Clara não insistiu. Concluiu seu café e arrastou a filha mais nova para o centro do vilarejo.
Toni voltou a pensar no nariz vermelho de Cheryl e na sua expressão facial ao vê-la com Keane. Praguejou baixinho concluindo às pressas seu café.
Em sua mente, ela já sabia o que precisava pra esquecer Cheryl. Em sua forma lupina, correu por entre as árvores indo em direção a casa de Keane. Ultimamente ela tem sido seu melhor passatempo, sua melhor distração.
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Prometida à Alfa - Choni
Hayran Kurgu[Finalizada] Filha do líder de uma alcatéia forte, Cheryl sempre dedicou-se a assuntos que não se referiam a lobos. Sabia que o que estava em seu DNA não podia ser mudado, mas preferia negar. Gostava de ensinar as crianças do vilarejo e ajudar quem...