Em um mundo de aparências e pessoas complicadas é difícil aceitar o amor que acontece naturalmente.
Ela era linda e eu era cego demais pra perceber, mas espero que não seja tarde pra dizer que me apaixonei.
Antes de ir para casa andei de carro pela cidade buscando tirar aqueles olhos castanhos da minha cabeça, mais tarde eu jantaria com meus pais e Anne eu não poderia ter minha cabeça em outro lugar.
Chequei o celular mais uma vez e notei que havia uma mensagem de Anne.
Anne 19:00
Estou em frente a sua casa, já chegou?
Ed 19:15
É, acho que sabe que ainda não cheguei, desculpe não vi sua mensagem, estou chegando.
Anne 19:16
Eu acho melhor você vir logo mesmo!
Fui para casa o mais rápido que pude, não sabia que Anne ficaria tão constrangida em ficar sozinha com meus pais, entrei em casa e vi que meus pais estavam em outra sala conversando, corri tomar um rápido banho, em menos de dez minutos já estava me juntando a eles e então pude entender a aflição de Anne.
Jane estava sentada na quina do sofá ao lado de minha mãe enquanto comentava que o resto de suas coisas chegariam amanhã, mesmo sem entender nada continuei indo até eles.
—Boa noite?
Jane me lançou um olhar quase inocente demais, parecia uma imagem da imaculada virgem maria, se ela queria parecer angelical conseguiu, vi minha mãe sorrir com as sobrancelhas arqueadas ao indicar que Anne parecia mais emburrada que o normal.
Anne levantou e me recebeu com um caloroso beijo, até mesmo meus pais ficaram constrangidos, menos Jane.
—Nossa quanta paixão! Nem parece que estiveram juntos durante o dia.
Senti Anne se pendurar em mim e fitar agora Jane como se tivesse marcado um gol.
—Bom estávamos falando sobre a vinda de Jane, ela vai ficar conosco aqui em casa, estamos tão contentes por isso... —Meu pai se pronunciou tentando quebrar o gelo mas as coisas ficaram ainda mais tensas!
—Morar?
—Simmm! Não é ótimo Ed, vamos passar bastante tempo juntos como nos velhos tempos...
Jane falou e sorriu. - Ponto da Jane!
Senti Anne estremecer ao meu lado e então a acompanhei até o sofá retribui as palavras de Jane com um sorriso que saiu forçado demais, não tinha como a situação ficar mais enrolada.
—Mas você não pensa em ter algo seu por aqui? Talvez vai ser difícil para os Sulivers cuidarem de duas pessoas...
—Ah que isso, eles tem empresas com milhares de funcionários, acha que eles não dariam conta de nós dois?
—Mas trabalho é trabalho, vida em família é outra coisa.
—Não se preocupe Anne, Jane é como minha filha, vai ser ótimo a ter aqui!
As palavras de minha mãe eram sinceras, ela amava Jane, e Jane estava tirando proveito da situação ao ver Anne abalada em saber que estávamos sobre o mesmo teto, quase a ouvi dar uma risadinha de felicidade, parecia que aquela competição das duas não teria fim.
O jantar logo ficou pronto e nos sentamos sobre a mesa, minha mãe sentou ao lado de meu pai e ficando frente a mim e Anne, já Jane sentou na ponta da mesa, ficando entre mim e minha mãe. Era perceptível que Jane pela primeira vez estava desconfortável, todos tinham um lugar a mesa, e era nítido que ela não sentaria ao meu lado como sempre fizera.
Enquanto a equipe de cozinha servia o jantar me aproximei de Jane e falei baixo para que somente ela escutasse.
—Esta se sentindo deslocada fora do seu lugar?
—Bom que você sabe que é meu lugar também!
Ela tinha uma resposta pra tudo preferi ficar calado e então ela falou mais...
—Mas sabe, tudo tem um sentido, sentar aqui me da privilégios que ninguém tem... Posso fazer isso e ninguém vai perceber...
Senti sua perna roçando a minha e dei um pulo da cadeira, meus pais me olharam espantados e Anne me olhou como se eu fosse estranho, vi Lena a governanta soltar um risinho, ótimo ela tinha percebido o que Jane estava fazendo.
—Acho melhor parar ou eu...
—Ou o que bebê?
Revirei os olhos e minha mãe chamou nossa atenção.
—O que conversam ai tão baixinho que ninguém pode ouvir.
Garanto que se eu olhasse para Anne eu viraria só restos mortais no momento, então sorri amarelo pra minha mãe e tentei pensar em alguma resposta.
—Estávamos combinando que tínhamos que fazer os nossos cinemas como antigamente antes de ir dormir.
Jane queria me matar, era isso! Anne suspirou afetada e minha mãe deu um sorrisinho. Ótimo ela já tinha escolhido um lado.
—Eu estava mesmo pensando em pedir pra Anne ficar por aqui hoje e participar...
—Mas o quarto esta ocupado pela Jane. — Disse Lena agora entrando na conversa preocupada.
—Ela pode dormir muito bem comigo! (Ponto pra Anne)
Meu pai tossiu e minha mãe sorriu amarelo.
—Eu posso dividir meu quarto com ela hoje. — Disse Jane
—Se não se importa prefiro ficar com o Ed hoje, e acho que não vamos ter tempo pra cinema.
Jane deu ombros e deu uma garfada na comida.
Anne sorriu vitoriosa. — Ponto pra Anne
—Que pena, então resta nós olharmos amanhã, s o z i n h o s né Ed?
Ponto pra Jane.
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